segunda-feira, 20 de março de 2023

OPINIÃO O padrão de Diogo Cão / Há um padrão português do século XV encaixotado desde 2019 num porto na Namíbia

 





Maria Manuela Peleteiro / comentário PÚBLICO

"Não estamos de acordo com a sua ideia de que o pedido da restituição do Padrão pudesse ser visto como uma nostalgia colonial, mas sim como uma demonstração de enorme respeito pela desmedida coragem e determinação que levaram os Portugueses a explorar a costa africana. Gostávamos que contasse connosco e com esta nossa opinião de Portuguesas admiradoras da Namíbia e do seu Povo mas também do nosso Passado, não o colonial mas o que nos levou com uma dinâmica e uma ousadia ímpares, a enfrentar o Desconhecido. Se tiver conhecimento de algum Movimento em Portugal que apoie essa ideia, nós estaremos certamente disponíveis para sermos contactadas. Lisboa, 1 de Julho de 2018 Maria do Céu Fialho Maria da Conceição Peleteiro Maria da Luz Fialho Maria Manuela Peleteiro"

 

 OPINIÃO

O padrão de Diogo Cão

 

A restituição de objectos de museus provenientes das antigas colónias é naturalmente um problema complexo.

 

Francisco Bethencourt

19 de Junho de 2018, 6:05

https://www.publico.pt/2018/06/19/culturaipsilon/opiniao/o-padrao-de-diogo-cao-1833997

 

O Museu de História Alemã, em Berlim, organizou no dia 7 de Junho uma jornada de debate sobre o padrão erigido por Diogo Cão em 1486 no Cabo da Serra (Cape Cross), território da Namíbia actual. O padrão tinha sido removido do seu local por um navio de guerra alemão em 1893, durante a colonização alemã, tendo sido conservado primeiro em Kiel e em seguida em Berlim, pertencendo desde 1946 à colecção do Museu de História Alemã. Este encontro foi motivado pelo pedido oficial de restituição do padrão, apresentado pela Namíbia no ano passado.

 

Foram convidados membros de governo, embaixadores, académicos, jornalistas e membros de associações do património, sobretudo da Namíbia mas também de outros países africanos. Estiveram presentes e intervieram a ministra da Cultura do governo federal alemão, Monika Grütters, e o embaixador da Namíbia Andreas Guibeb. Sucederam-se painéis de discussão sobre o quadro jurídico e filosófico da restituição de peças de museus, literatura oral e formas de resistência anti-colonial na Namíbia, políticas museológicas e relações internacionais. Destaco aqui as intervenções de Ellen Ndeshi Namhila, da Universidade de Namíbia, sobre os fascinantes diários de Hendrik Witbooi, do início do século XX, e de Winani Kgwatalala, do Museu Nacional do Botswana, sobre a politica de restituição de objectos.

 

Fiz a sessão inaugural sobre "Objectos coloniais: imposição, apropriação, troca", na qual analisei a lógica dos padrões enquanto formas de identificação de viagens de exploração, reclamação de precedência e declaração de intenção de ocupação. Tratei de os colocar no contexto mais vasto da comunicação política e do destino dos objectos europeus, nomeadamente estátuas, no período pós-independência. Abordei a colecção de objectos de outros continentes, em muitos casos adaptados ao gosto europeu, como os marfins de África Ocidental, o mobiliário indo-português, os objectos de laca japoneses ou as porcelanas chinesas, que passaram a povoar os gabinetes de curiosidade europeus juntamente com minerais e plantas. Falei também da lógica dos museus, dada a transformação dos últimos 40 anos: as colecções nacionais e coloniais europeias com propósito de afirmação imperial transformaram-se em lugares de contacto e de envolvimento das comunidades originárias dos objectos etnográficos, abertos à regeneração da memória e conhecimento das culturas do mundo.

 

O pedido da Namíbia insere-se num processo de reflexão sobre o passado colonial e tem o suporte de várias instituições de memória, como a associação dos museus da Namíbia, os arquivos nacionais e associações de cidadãos. Faz parte de um processo complexo de negociação entre os dois governos sobre compensações devidas pelo genocídio dos Herrero e dos Nama pelas tropas coloniais alemãs entre 1904 e 1908 (calcula-se que 70% destas populações tenham sido exterminadas). Descendentes destas etnias, entretanto, desencadearam um processo contra o governo alemão num tribunal de Nova Iorque. O governo alemão, que no início prestou pouca atenção a esta iniciativa privada, à revelia do governo da Namíbia, teve que constituir advogado de defesa dada a ameaça de sequestro das suas propriedades nos Estados Unidos.

 

O ambiente em que decorreu o encontro foi extremamente cordial, com a participação de académicos alemães e namibianos de excelente nível. Foi também interveniente o responsável alemão na comissão bilateral alemã-namibiana Ruprecht Polenz. O presidente do Museu de História Alemã, professor Raphael Gross, mostrou-se disponível para a restituição do padrão. Ele tem a intenção de rever a exposição da colecção permanente, pois diversas secções estão francamente datadas e enviezadas do ponto de vista ideológico; na secção sobre o colonialismo alemão em África nem sequer é referido o genocídio dos Herrero e dos Nama na Namíbia. 

 

Devo salientar a abertura das autoridades alemãs, que parecem estar em sintonia com as melhores práticas museológicas internacionais de ligação com as comunidades dos locais de proveniência das peças. Tive oportunidade de conversar com o professor Hermann Parzinger, presidente da Fundação dos Bens Culturais Prussianos, que gere os principais museus, os arquivos e a Biblioteca Nacional de Berlim. O investimento na recuperação, restruturação e desenvolvimento dos museus é esmagador, envolvendo um esforço financeiro de seis a sete mil milhões de euros que será prolongado até aos anos de 2030. A aposta do governo federal alemão na mudança da face de Berlim está a dar os seus frutos, com a afirmação da capital alemã como um dos grandes pontos de atracção do turismo internacional. A atitude crítica em relação ao passado colonial certamente beneficia a cooperação com os países de África e Ásia. 

 

Portugal nunca apresentou qualquer pedido de restituição do padrão. Neste momento, tal pedido seria visto como nostalgia colonial pela comunidade internacional. O pedido do governo da Namíbia é compreensível, pois a sua população tem um projecto de reflexão sobre o passado colonial, no qual o padrão pode representar um dos pontos focais. O inventário do património museológico e documental existente na Alemanha relacionado com a Namíbia foi também discutido. Apontei como modelo possível o projecto Resgate, que se tem desenvolvido com microfilmagem e digitalização massiva de documentação brasileira em Portugal e mais oito países. A restituição de objectos de museus provenientes das antigas colónias é naturalmente um problema mais complexo. O consenso internacional, expresso pelo último livro de Nicholas Thomas, é que não é possível uma regra única; a decisão deve ser tomada caso a caso entre as instituições envolvidas, tendo em conta interesses que podem ser acomodados por várias modalidades de empréstimo, concessão de longa duração, réplica ou devolução.

 

PATRIMÓNIO

Há um padrão português do século XV encaixotado desde 2019 num porto na Namíbia

 

Marco que Diogo Cão deixou na Costa dos Esqueletos estava em Berlim e chegou a Walvis Bay há quatro anos, mas continua armazenado. Negociações com a Alemanha relativas à era colonial continuam.

 

Lucinda Canelas

20 de Março de 2023, 7:20

https://www.publico.pt/2023/03/20/culturaipsilon/noticia/ha-padrao-portugues-seculo-xv-encaixotado-desde-2019-porto-namibia-2042866

 

Para quem guarda memórias dos filmes de Indiana Jones, é quase impossível ouvir falar de um padrão com 500 anos arrumado numa caixa de madeira de um armazém portuário sem pensar na cena final de Os Salteadores da Arca Perdida, em que um homem empurra um carrinho de mão pelo corredor central de um enorme depósito onde estão empilhadas dezenas de caixotes com o selo “top secret”, contendo artefactos que convém manter fechados a sete chaves.

 

Ora, o padrão português que há quatro anos está encaixotado numa alfândega no porto de Walvis Bay, a segunda maior cidade da Namíbia, não é um objecto imaginado, como o que dá nome ao filme de Spielberg, e, por isso, a sua história está longe da ficção.

 

Deixado pelo navegador Diogo Cão em 1486 numa região que é hoje conhecida como “a Costa dos Esqueletos”, este enorme marco de pedra com o escudo português – mede 3,5 metros de altura e pesa mais de uma tonelada – foi levado para Berlim no século XIX, quando a Namíbia fazia parte dos domínios coloniais alemães, e ali ficou desde então.

 

Até que, em Maio de 2019, o Museu de História Alemão, a cuja colecção pertence, anunciou que ia devolvê-lo, numa sessão solene em que o então embaixador da Namíbia na Alemanha, Andreas Guibeb, falou na restituição deste marco territorial que era também um auxiliar à navegação como um passo decisivo no movimento de aproximação entre os dois países. Namíbia e Alemanha partilham um passado marcado por episódios de violência extrema, no quadro da colonização alemã daquele território africano. “A origem da coluna é inseparável da história da Namíbia”, disse o diplomata, aqui citado pela Deutsche Welle, a emissora pública alemã.

 

Guibeb colocava assim o padrão – símbolo da Expansão portuguesa retirado do território namibiano por outra potência colonial europeia – no lote de bens culturais que a Alemanha deveria devolver à Namíbia no âmbito de um processo de reconciliação entre os dois países, que envolvera já a restituição de obras de arte e de restos humanos à guarda de vários museus alemães.

 

O museu de Berlim cumpriu a promessa feita e, nesse mesmo ano, recorreu a uma empresa especializada no transporte de obras de arte, como mandam os manuais internacionais de boas práticas, para enviar o Padrão de Diogo Cão para Walvis Bay, por mar, confirmou ao PÚBLICO Daniela Lange, assessora de imprensa do Museu de História Alemão.

 

“O padrão do Cabo da Cruz está neste momento num porto da Namíbia. Foi preparado por um especialista do museu em conservação de pedra para que possa ser reconstruído no local”, disse Lange.

 

“A data da entrega oficial está a ser coordenada entre o Governo federal [alemão] e o Governo da Namíbia”, acrescentou esta técnica do museu de Berlim, remetendo quaisquer esclarecimentos adicionais para o ministro de Estado para os assuntos culturais, cujo porta-voz, Jens Althoff, o PÚBLICO tentou contactar, sem sucesso.

 

Por que razão está o padrão há quatro anos fechado num armazém portuário à espera de uma restituição oficial? Quem deve devolvê-lo ao Estado namibiano? E qual será o seu destino mal seja entregue?

 

O PÚBLICO procurou ouvir Esther Moombolah Gôagoses, do Ministério da Educação, Artes e Cultura namibiano, mas esta directora do património não esteve disponível para prestar quaisquer esclarecimentos até à hora do fecho desta edição.

 

No terreno, uma fonte próxima do processo que preferiu não ser identificada atribui a demora na devolução a uma precipitação do museu de Berlim, que terá enviado o padrão para Walvis Bay sem se inteirar devidamente do estado do programa de reconciliação envolvendo os dois países, e sem ouvir outros intervenientes.

 

Garantindo que o marco com mais de cinco séculos se encontra “em segurança” há já quatro anos num armazém da alfândega pago pelo museu alemão, a mesma fonte informa que a sua propriedade não foi transferida oficialmente para o Governo namibiano – “o museu de Berlim ainda é o dono do padrão” – e que os dois governos estão à procura de uma solução jurídica que permita a restituição formal.

 

“O padrão é do museu, não do Estado alemão, mas o Governo namibiano quer que seja o Estado a devolvê-lo. Como é que o Estado pode devolver o que não é seu? Os dois países estão a trabalhar numa solução.” Para quando? Não se sabe.

 

Dois padrões em vez de um

O padrão que deu nome ao cabo onde foi colocado – Cabo da Cruz – é um marco em calcário encimado por um cubo com uma cruz. Numa das faces do sólido está gravado o escudo português, já com as alterações ditadas por D. João II. Nele se podem ler ainda duas inscrições – uma em latim e outra em português –, sujeitas a ligeiras alterações consoante quem as interpreta. De acordo com um texto divulgado pelo museu de Berlim em 2018, quando ali realizou um congresso sobre o padrão, em português corrente diríamos que nele está escrito: “Era da criação do mundo de 6685 e de Cristo de 1485 o excelente esclarecido Rei D. João II de Portugal mandou descobrir esta terra e pôr este padrão por Diogo Cão cavaleiro de sua casa.”

 

O Cabo da Cruz é uma pequena península situada a 120 quilómetros a norte de Swakopmund, capital da região de Erongo. Uma cidade de sol e praia, fortemente marcada pela arquitectura colonial alemã.

 

Área protegida desde o final dos anos 1960, o cabo tem uma unidade hoteleira, uma colónia de focas e lobos-marinhos com mais de 100 mil animais e dois padrões: um erguido no século XIX pelos alemães, com uma águia imperial, e outro evocativo do marco deixado pelos portugueses no século XV, colocado na década de 80.

 

Diogo Cão ia já na sua segunda viagem como comandante das embarcações de reconhecimento da costa sudoeste africana, quando ali chegou em 1486. Já na primeira das viagens ao serviço de D. João II começara a usar padrões de pedra para marcar a soberania portuguesa sobre o território (inicialmente eram de madeira) – marcos que se impunham na paisagem e que, tal a sua importância como referentes para a navegação, passaram de imediato a figurar nas cartas náuticas usadas pelos marinheiros europeus.

 

Será aqui que o Governo da Namíbia quer colocar o padrão, quando este lhe for oficialmente restituído? Manuel Coelho, um português que vive na Namíbia há 61 anos e é membro permanente do Conselho das Comunidades Portuguesas, espera que o Cabo da Cruz não seja o destino escolhido.

 

“Se o padrão voltar ao lugar onde esteve 400 anos, será muito provavelmente destruído, ou pelo menos danificado, como foram muitas outras estátuas da época dos alemães que havia aqui na capital [Windhoek]”, diz ao PÚBLICO este empresário, que viaja pelo país com frequência e que garante conhecer a Costa dos Esqueletos como a palma da sua mão.

 

Desde 2019 que Manuel Coelho tenta saber junto das autoridades diplomáticas portuguesas em Windhoek e do Governo namibiano o que se pode fazer para retirar o padrão do armazém. Sem sucesso.

 

“Custa-me pensar que um padrão com 500 anos, um dos primeiros deixados pelos europeus na costa africana, esteja ali encaixotado há quatro anos sem que se possa fazer nada. Eu estive em Walvis Bay com um representante do museu de Berlim – vi o padrão em 2019, quando chegou e foi arrumado num armazém da alfândega. Vinha também com uma caixa onde me disseram que estavam ossos humanos e outros objectos, mas esses já não os vi”, recorda agora este português de 74 anos que desde a independência do país, em 1990, diz ter escrito a dois presidentes da República namibianos para que pedissem a devolução do padrão do Cabo da Cruz.

 

“Agora estou a pedir ao governador do Erongo que me deixe ir vê-lo outra vez, com o embaixador português [Luís Gaspar da Silva], para ver se está tudo em condições.”

 

Contactado pelo PÚBLICO, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) em Lisboa distanciou-se, naturalmente, das negociações bilaterais em torno de um património que, sendo de origem portuguesa, não é português.

 

“No que respeita ao Padrão de Diogo Cão, Portugal encontra-se disponível para avaliar a prestação do apoio que for possível para assistência no domínio da manutenção ou restauro daquele património histórico, podendo corresponder a contacto nesse sentido que venha a ser estabelecido pelas autoridades namibianas, à semelhança do que foi feito, por exemplo, no caso dos destroços do navio português do século XVI encontrados em Oranjemund”, disse fonte oficial do MNE. “O assunto respeita essencialmente às negociações sobre reparações históricas que a Namíbia e a Alemanha têm em curso”, acrescenta a nota enviada ao PÚBLICO, fazendo referência em seguida ao acordo alcançado em 2021, “que inclui a restituição do Padrão de Diogo Cão”.

 

Um acordo em que a Alemanha se compromete a investir um total de 1,1 mil milhões de euros ao longo de 30 anos, a distribuir pelos diversos programas de cooperação e desenvolvimento já existentes na Namíbia, mas que parece ainda incapaz de garantir a verdadeira reconciliação que ambos os lados procuram.

 

Um genocídio

Para compreender a raiz do problema, é preciso recuar na história. Em 1884, Bismarck proclamou que a Namíbia passaria a ser um protectorado alemão. Nove anos depois, Gottlieb Becker, comandante de um navio ancorado ao largo do Cabo da Cruz, levava o padrão português para a Alemanha, onde foi oferecido ao imperador Guilherme II.

 

A presença alemã naquele território começou a ser fortemente contestada no arranque do século XX, e acabou com dezenas de milhares de homens, mulheres e crianças mortos, torturados ou levados para o deserto do Calaári, onde sucumbiriam à fome, à doença e ao cansaço em campos de trabalhos forçados, entre 1904 e 1908. Neste período, as tropas fiéis ao imperador alemão lutavam contra os povos nama e herero, que se rebelavam contra o poder colonial.

 

As negociações entre a Alemanha e a Namíbia para sarar as feridas deste passado histórico ganharam intensidade em 2015, quando o então ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, reconheceu oficialmente que deve chamar-se “genocídio” às acções punitivas alemãs contra os hereros e os namas.

 

“Genocídio” foi também a palavra usada na declaração conjunta dos dois Estados depois de alcançado o acordo de 1,1 mil milhões de euros, a investir em infra-estruturas rurais e de saúde, e em programas culturais e de formação profissional, dirigidos sobretudo aos descendentes dos que sobreviveram aos massacres do século XX, escreveu o diário britânico The Guardian em Maio de 2021.

 

Este jornal fez ainda notar que na referida declaração conjunta não se fala em “reparações”, nem em “compensações” para não abrir um “precedente legal” capaz de levar a exigências semelhantes por parte de outros países.

 

Na Namíbia, o acordo entre os dois governos levou a críticas dos representantes dos namas e dos hereros, que não se sentiram representados à mesa das negociações e que insistem ainda hoje na necessidade de compensar monetariamente as suas comunidades, para além dos programas de apoio já estipulados.

 

Os namas e os hereros são minorias na Namíbia, sendo a dos ovambo a etnia dominante. São os descendentes dos primeiros que se opõem a um acordo que não preveja, por exemplo, a restituição das terras retiradas no período colonial. E ao seu lado têm, sem surpresa, os partidos da oposição.

 

Um acordo desta natureza entre os dois países que não envolva os povos dizimados naquele que foi o primeiro genocídio do século XX é tão paternalista e humilhante como o próprio colonialismo, argumentam.

 

No meio desta negociação está um padrão português que a Namíbia pediu de volta à Alemanha inúmeras vezes, uma delas na década de 1990, com a intenção de o expor no seu pavilhão na Expo-98, em Lisboa.

 

“Enquanto não se resolver a questão interna de quem fica com o dinheiro que a Alemanha vai pagar, o padrão não sai dali”, diz Manuel Coelho. “Foi apanhado no meio de uma questão política interna delicada e, mesmo lá fora, a coisa não é fácil. Tudo o que envolve património da época colonial, seja de que país for, é assunto em que ninguém quer pegar.”

 

Este empresário português sabe que dificilmente o padrão fará nova viagem para a Europa, até porque é património da Namíbia, mas não se priva de sonhar: “O que eu gostava mesmo é que o padrão, que está no meio desta confusão de política e de dinheiros, fosse para Portugal, para o Museu de Marinha, em Lisboa. O Governo namibiano não vai querer gastar dinheiro para o proteger, porque é um símbolo da época colonial.”

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