Ministra da Cultura determina conservação dos vestígios
da mesquita na Sé de Lisboa
Decisão foi tomada em diálogo com o Patriarcado de
Lisboa.
PÚBLICO 14 de
Outubro de 2020, 10:28
A ministra da Cultura,
Graça Fonseca, determinou a conservação dos vestígios da antiga mesquita de
Lisboa recentemente descobertos no decurso de escavações arqueológicas na Sé de
Lisboa. “Face aos mais recentes achados arqueológicos, e tendo em conta o valor
patrimonial das estruturas descobertas, o Ministério da Cultura (MC) decidiu,
em diálogo com o Patriarcado de Lisboa, que os mesmos devem ser conservados,
musealizados e integrados no projecto de recuperação e musealização da Sé
Patriarcal de Lisboa”, lê-se num comunicado enviado esta quarta-feira às
redacções.
A decisão faz
reverter a polémica autorização da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC)
para que fosse desmontada uma parte importante da mesquita central do século
XII. As estruturas arqueológicas desta mesquita foram identificadas nos últimos
meses por uma equipa encabeçada pelas arqueólogas Alexandra Gaspar e Ana Gomes,
que se opuseram ao seu desmantelamento.
As escavações
arqueológicas, que têm registado várias campanhas desde os anos 90, foram
realizadas no âmbito de um projecto de recuperação e valorização do claustro da
Sé. Com esse objectivo, o Cabido da Sé e a DGPC encomendaram um projecto ao
arquitecto Adalberto Dias para a criação de um núcleo museológico capaz de
interpretar as descobertas arqueológicas, que incluem, pelo menos, vestígios
romanos e islâmicos. A intervenção passa também pela estabilização da estrutura
do claustro da Sé, um templo cristão que é Monumento Nacional.
A notícia de que
a tutela decidira pela conservação dos vestígios no claustro da Sé tinha sido
avançada esta manhã pela Rádio Renascença.
A decisão da
ministra foi tomada antes de ter sido emitido um parecer pelo Conselho Nacional
de Cultura, um órgão consultivo do Ministério da Cultura, cuja reunião da
secção do património arquitectónico e arqueológica estava prevista para daqui a
uma semana. Há 15 dias, o director-geral do Património Cultural (DGPC),
Bernardo Alabaça, anunciara que a DGPC se vincularia ao resultado do parecer do
conselho.
Graça Fonseca,
acrescenta o comunicado do seu gabinete, “deu orientações para que a proposta
arquitectónica do núcleo museológico seja adaptada no sentido da sua
salvaguarda e valorização in situ dos vestígios encontrados”. As estruturas que
a DGPC propôs desmontar são bancos que terão feito parte do balneário da
mesquita, a base do que se julga ter sido o minarete e alguns degraus.
O MC diz ainda
que continuará a trabalhar “em conjunto com diversas entidades técnicas,
científicas e culturais no sentido de encontrar a solução mais adequada para a
valorização deste importante património”. Lembra que a intervenção, “pela sua
complexidade e riqueza, “tem sido um processo evolutivo no qual foram já
realizadas alterações aos projectos de arquitectura e especialidades de
engenharia decorrentes de achados arqueológicos”. O projecto de arquitectura já teve uma
revisão em Agosto do ano passado para salvaguardar outras ruínas.

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