Fórum Cidadania Porto apela à câmara
para evitar fecho da Confeitaria Cunha
Futuro da histórica confeitaria pode
estar em causa, depois de ter recebido uma ordem de despejo. Mas a autarquia
afirma que o pedido para o estabelecimento integrar o programa Porto de
Tradição, que protege as lojas históricas, foi esta segunda registado nos
serviços camarários.
LUSA 30 de Outubro de 2017, 19:19
O Fórum Cidadania Porto defendeu esta segunda-feira "a
necessidade urgente" de a câmara do Porto fazer os "possíveis" e
"impossíveis" para que a Confeitaria Cunha não encerre. A autarquia
garante que a loja foi esta segunda registada no programa 'Porto de Tradição'.
Num apelo dirigido ao presidente da câmara do Porto, Rui
Moreira, o Fórum salienta tratar-se de "uma obra emblemática de Victor
Palla e Bento d'Almeida, datada dos anos 70 e um dos marcos do Moderno na
cidade do Porto".
"Confessamos a nossa perplexidade, não tanto pelo
esquecimento a que os serviços da Direcção Regional de Cultura do Norte votaram
este espaço - que vem no seguimento do que têm feito em várias outras situações
- mas pelo facto de o espaço do snack-bar Cunha não estar já Classificado de
Interesse Municipal e, mais recentemente, no rol de lojas contempladas pela
iniciativa camarária 'Porto de Tradição'", afirma.
Trata-se de uma "obra total" em que "a dupla
de arquitectos - formada, aliás, na Escola do Porto (onde se refugiariam do
academicismo lisboeta e onde se conheceram) - pôde pensar todos os detalhes,
como era comum à sua praxis, tomando particular interesse e inventividade na
tipologia por eles importada do snack-bar", acrescenta.
O Fórum Cidadania Porto lembra que, recentemente, se
realizou "uma grande retrospectiva" no Centro Cultural de Belém, em
Lisboa, que deu a conhecer "o seu trabalho transdisciplinar e cujo
catálogo contém importantes contributos para o entendimento da singularidade da
sua obra no panorama nacional e mesmo internacional: Victor Palla e Bento d'
Almeida. Arquitectura de outro tempo".
A câmara do Porto confirmou à Lusa que o pedido da
Confeitaria Cunha, estabelecimento fundado na cidade em 1906 e que pode ter de
encerrar, para integrar o programa 'Porto de Tradição' foi esta segunda-feira
registado nos serviços camarários.
"A Câmara do Porto recebeu um pedido de reconhecimento
de loja histórica, no âmbito do programa "Porto de Tradição", do
estabelecimento Cunha, registado dia 30 de Outubro de 2017 nos nossos
serviços", avançou à agência Lusa fonte do gabinete de imprensa da
autarquia, após um pedido de esclarecimento desta agência sobre se aquele
estabelecimento comercial centenário da cidade estava, ou não, no rol de lojas
contempladas pela iniciativa camarária.
A mesma fonte indicou que o pedido chegou aos serviços
camarários na sexta-feira transacta. "Como é do conhecimento público, o
programa 'Porto de Tradição protege as lojas históricas que apresentem
pedido/requerimento e, dessa forma, através da análise de um grupo
independente, têm a possibilidade de reconhecimento como estabelecimento de
interesse histórico e cultural ou social local", acrescentou a mesma
fonte.
Na edição de sábado, o Jornal de Notícias noticiou que o
novo dono do prédio Emporium, onde está instalada a Confeitaria Cunha, fundada
em 1906 como padaria, não quer renovar o contrato de arrendamento que termina a
30 de Abril de 2018.
Segundo o JN, "embora não se saiba qual o projecto que
o novo proprietário - a Emporium 658-Investimentos Imobiliários, Lda - tem em mente,
os funcionários da Cunha suspeitam de hotelaria".
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