quinta-feira, 5 de outubro de 2017

Câmara de Lisboa quer ajudar Casa dos Amigos do Minho a não fechar portas


“Os herdeiros viram aqui uma hipótese de fazer um excelente negócio e nem esperaram que tivéssemos oportunidade de arranjar um empréstimo e, em vez de venderem a um chinês, venderem-nos a nós por exemplo. Estavam aflitos para fazer a escritura”, revela.”

Câmara de Lisboa quer ajudar Casa dos Amigos do Minho a não fechar portas
POR O CORVO • 5 OUTUBRO, 2017 •

A Casa dos Amigos do Minho recebeu, nesta quarta-feira (4 de outubro), uma carta do vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, a manifestar interesse em ajudar a colectividade, com 67 anos, para que não dê por encerrada a sua actividade. O imóvel onde sempre funcionou, situado no número 244 da Rua do Benformoso, foi comprado por um investidor chinês por meio milhão de euros e, recentemente, vendido a outra empresa. Há poucas semanas, o espaço cultural e recreativo recebeu o aviso de que teria de abandonar o edifício até ao final do ano.

 Texto: Sofia Cristino

 A Casa dos Amigos do Minho, situada há 67 anos no número 244 da Rua do Benformoso, está em risco de fechar portas no final do ano. A colectividade, que chega a fazer centenas de refeições por dia, sendo também espaço de convívio de reformados e de estudantes universitários, é, ainda, palco de inúmeros eventos de cariz cultural – até já realizou dois casamentos. O prédio onde se situa é considerado um imóvel de interesse público.

 Depois dos donos do prédio terem falecido, os herdeiros acabaram por vender o edifício por meio milhão de euros, segundo explica a O Corvo Fernando Castro, o presidente da Assembleia-Geral da colectividade. “Os herdeiros viram aqui uma hipótese de fazer um excelente negócio e nem esperaram que tivéssemos oportunidade de arranjar um empréstimo e, em vez de venderem a um chinês, venderem-nos a nós por exemplo. Estavam aflitos para fazer a escritura”, revela.

 Depois de reunir com diversas colectividades e com a Associação dos Inquilinos Lisbonenses (AIL), e de se inteirar da nova lei das rendas, Fernando Castro percebeu que o melhor seria mesmo levar o problema à Câmara Municipal de Lisboa (CML). “Na AIL, explicaram-nos que, em caso de despejo, poderíamos receber uma indemnização. Mas a nossa renda é barata e o valor que receberíamos nem dava para dividir pelos sócios da colectividade. Então, partimos para a negociação”, explica, ainda.

 Depois de ter enviado uma carta à CML a expor a situação, a Casa dos Amigos do Minho recebeu, nesta quarta-feira (4 de outubro), uma resposta do vereador do pelouro do planeamento e urbanismo, Manuel Salgado, a manifestar interesse em marcar uma reunião com a colectividade. “Penso que eles perceberam que isto é património e têm todo o interesse em ajudar-nos”, afirma José Ramada.


Questionado por O Corvo sobre o que espera desta reunião, Fernando Castro diz que o que pretende agora é que “a câmara entenda que tem muita propriedade que é devoluta” e ajude a colectividade. Ou seja, “que nos ceda um espaço noutro lado qualquer que não saia muito desta zona, porque muita gente que cá vem aqui mora aqui”, assegura. “Vamos ver qual é o veredicto da câmara, mas penso que vão fazer tudo para que a gente fique bem”, avalia.

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