quarta-feira, 20 de março de 2024

Fraudes a fundos da UE já ultrapassaram 70 milhões de euros em três anos / Fraud against EU funds has already exceeded €70 million in three years

 


20 março 2024 às 00h12

Fraudes a fundos da UE já ultrapassaram 70 milhões de euros em três anos

Não há registo recente de um valor tão elevado em fraudes com fundos europeus como o que levou a buscas em todo o país, entre as quais ao empresário Manuel Serrão e ao jornalista Júlio Magalhães. A operação envolveu um recorde de inspetores da PJ, juízes e magistrados: cerca de 300. Não há ainda arguidos constituídos.

 

Valentina Marcelino

Rui Miguel Godinho

https://www.dn.pt/2460866826/fraudes-a-fundos-da-ue-ja-ultrapassaram-70-milhoes-de-euros-em-tres-anos/

 

Suspeita de fraudes na obtenção de fundos europeus. Manuel Serrão e Júlio Magalhães visados

 

O empresário Manuel Serrão é designado por “Maestro” numa revista de nome “T”, na qual é o diretor, dedicada a “ajudar a progredir a comunidade têxtil portuguesa”.

 

Foi esta a inspiração que levou a escolher “Maestro” para nome da mega operação da Polícia Judiciária (PJ), coordenada pela sua Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) em que Serrão, conhecido comentador televisivo, foi um dos principais visados.

 

Entre os alvos das cerca de 80 buscas em todo o país, no âmbito de um inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que investiga suspeitas de fraude na obtenção de fundos europeus num valor que pode exceder os 50 milhões de euros, esteve outra figura pública: Júlio Magalhães, jornalista e pivot da TVI, cujas funções suspendeu durante a tarde desta terça-feira.

 

Magalhães integra também a equipa da mencionada revista “T”, que o apresenta como “um homem ocupado, mas apesar disso ainda arranja tempo para aligeirar a página 3 da edição mensal em papel do T, com uma entrevista curta mas bem humorada e com perguntas aguçadas e certeiras”.

De acordo com as informações que foram sendo divulgadas, a proximidade de Manuel Serrão de Júlio Magalhães não se esgotará aqui, sendo sócios em, pelo menos, duas das empresas identificadas pela investigação criminal como tendo beneficiado ilicitamente de fundos europeus.

 

Inquérito sem arguidos

As autoridades suspeitam que pelo menos Serrão teria uma ligação privilegiada a Nuno Mangas, o presidente do COMPETE, organismo do governo que gere estes apoios.

 

Nuno Mangas, ex-presidente do Conselho Diretivo do IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação, que foi nomeado para este cargo em 2020 pelos então ministros das Finanças, João Leão, e da Economia, Pedro Siza Vieira, juntamente com outros funcionários, podem ter violado os respetivos “deveres funcionais e de reserva, na agilização e conformação dos procedimentos relacionados com as candidaturas, pedidos de pagamento e a atividade de gestão de projetos cofinanciados”, diz a PJ.

 

Ao que o DN soube junto a fonte judicial, não foram emitidos mandados de detenção, nem há ainda arguidos constituídos, “por uma questão de estratégia da investigação”. É ainda possível que o crime de corrupção, ativa e passiva, possa vir a ser acrescentado à base de indiciação dos suspeitos.

 

Para já, segundo o comunicado da PJ, as buscas tiveram como objetivo “a recolha de elementos probatórios relacionados com fortes suspeitas da prática dos crimes de fraude na obtenção de subsídio, fraude fiscal qualificada, branqueamento e abuso de poder e que lesaram os interesses financeiros da União Europeia e do Estado português”.

 

Não há registo recente de um valor tão elevado em fraudes na obtenção de fundos europeus como este que está a ser investigado pelo DCIAP.

 

Uma pesquisa feita aos comunicados da PJ e a notícias publicadas de 2022 para cá , revela que os quase 50 milhões de euros que terão sido recebidos ilicitamente, não têm paralelo.

 

No total, os outros casos investigados aproximaram-se dos  20 milhões de euros, os quais somados aos 50 resultam em quase 70 milhões de 2022 até agora (ver outros casos no final do texto).

 

Falta de prevenção

“Se a tónica fosse colocada, de modo mais assertivo, na prevenção deste tipo de ações, através de sistemas de controlo interno mais robustos, da assimilação de práticas de boa governação e ainda do aumento da consciencialização sobre os riscos de fraude, evitaríamos, no futuro, assistir a ações como a desta terça-feira”, sublinha Rute Serra, da direção do Observatório de Economia e Gestão de Fraude. 

 

Ainda assim não deixa  valorizar a relevância deste género de operações, como dissuasoras da prática dos crimes em causa: “a operação que a Polícia Judiciária desenvolveu,  de combate à fraude aos fundos europeus reveste-se de elevada importância, considerando o impacto negativo que este tipo de práticas têm, não só na economia, mas também na confiança dos cidadãos, sobre a adequada utilização de valores públicos”.

 

Rute Serra está “confiante que se desenvolve hoje uma ação rigorosa e competente, importante para garantir a eficácia do sistema judicial e a devida responsabilização daqueles que se venha a provar que prevaricaram”.

 

Este Observatório tem tido uma missão ativa, enquanto entidade da sociedade civil, na monitorização e prevenção da fraude, nomeadamente, aos fundos europeus, colaborando assiduamente com as instituições formais e informais que têm a competência de gerir os riscos que a utilização dos fundos compreende.

 

14 financiamentos suspeitos

A Polícia Judiciária explicou no seu comunicado que o modus operandi  da operação “Maestro” assenta “na criação de estruturas empresariais complexas, visando a montagem de justificações contratuais, referentes a prestações de serviços e fornecimentos de bens para captação fraudulenta de fundos comunitários no âmbito de, pelo menos, 14 operações aprovadas, na sua maioria, no quadro do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), executadas desde 2015”.

 

Através dos referidos 14 projetos cofinanciados pelo FEDER, executados entre 2015 e 2023, os suspeitos conseguiram obter, até ao momento, o pagamento de incentivos no valor global de, pelo menos, 38.938.631,46€ euros - um valor que fontes da investigação admitem ao DN poder já ultrapassar os 50 milhões de euros, pelo menos.

 

Como já foi referido, a PJ reconhece que “resultaram fortes suspeitas do comprometimento de funcionários de organismos públicos, com violação dos respetivos deveres funcionais e de reserva, na agilização e conformação dos procedimentos relacionados com as candidaturas, pedidos de pagamento e a atividade de gestão de projetos cofinanciados”.

 

Apesar dos elevados valores em causa nestas fraudes, nem a  nem a PJ nem o Sistema de Segurança Interna têm sistematizado e diferenciado este tipo de crime.

 

Quer o número de inquéritos abertos na PJ, quer o número de participações feitas aos outros órgãos de polícia criminal relacionadas com estas fraudes que lesam os interesses financeiros da UE e do Estado português, são contabilizados em conjunto com as fraudes na obtenção de subsídio a nível nacional.

 

Ao que o DN conseguiu saber, segundo os dados do SSI que estão a ser preparados para o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) relativos a 2023, neste ano ter-se-á registado uma queda quase para metade destes crimes, categorizados como “fraude, obtenção de subsídio, subvenções, créditos e desvio na sua utilização”.

 

Fonte oficial da PJ esclareceu, por seu turno, que “nos inquéritos recebidos no âmbito de investigação por fraude na obtenção de subsídio ou subvenção (art.º 36.º do  DL n.º 28/84, de 20 de Janeiro - Infrações antieconómicas e contra a saúde pública), os dados que são tratados nesta Polícia englobam tanto os subsídios comunitários como os exclusivamente nacionais, não sendo possível extrair informação estatística desagregada, uma vez que os dados são trabalhados por tipo de crime e não pela natureza do subsídio e/ou subvenção”.

 

Assim, indica a mesma fonte, em 2020 deram entrada para investigação 66 inquéritos, em 2021 foram 85, em 2022 foram 75 e em 2023 diminuíram para 64.

 

Na operação “Maestro” participaram 250 inspetores, 32 peritos da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática e 24 peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística.

 

Contou, ainda, com a colaboração das Unidades Nacionais, Diretoria do Norte, Diretoria de Lisboa e Vale do Tejo, Diretoria do Centro, Departamentos de Investigação Criminal de Setúbal, Braga, Guarda e Aveiro, além de magistrados judiciais, magistrados do Ministério Público e especialistas do Núcleo de Assessoria Técnica (NAT) da Procuradoria-Geral da República.

 

O DN tentou contactar, sem efeito e até ao fecho desta edição, Manuel Serrão e Júlio Magalhães, figuras públicas conhecidas.

 

Outros casos

19 de abril de 2022

 

Nesta data, a Polícia Judiciária (PJ) fez seis buscas para obter elementos de prova devido a crimes de fraude relacionados com a obtenção de subsídios, fraude fiscal qualificada e branqueamento. O valor aproximado destes crimes era de nove milhões de euros. A investigação foi iniciada por participação da Agência para o Desenvolvimento e Coesão, e abrange os fundos do programa Portugal 2020.

 

24 de maio de 2022

 

A PJ recolhe provas e dá início à Operação Showroom, cumprindo 54 mandados de busca em Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Lisboa, Porto, Portalegre, Santarém e Setúbal. Em causa estavam factos relacionados com “projetos suscetíveis de cofinanciamento” pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), “através dos apoios diretos à Internacionalização das PME, no âmbito do Portugal 2020, que envolvem incentivos superiores a 3 milhões de euros”, anunciava a PJ. Os factos podiam consubstanciar os crimes de fraude na obtenção de subsídio e fraude fiscal qualificada.

 

9 de março de 2023

 

São feitas buscas numa empresa e numa residência em Reguengos de Monsaraz. A alegada fraude com fundos europeus ascenderia a 880 mil euros. Em causa, mais uma vez, estavam as subvenções do FEDER, atribuídas a um evento (Water - World Forum for Life) organizado pelo município alentejano entre a 3 a 6 de junho de 2021. O inquérito ficou a cargo do gabinete de Lisboa da Procuradoria Europeia e indicava, ainda, que a contratação para a organização tinha sido feita por ajuste direto a uma empresa privada.

 

31 de maio de 2023

 

Desta vez, as buscas foram na Madeira. Em comunicado, a PJ  disse, na altura, que tinham sido “submetidos a cofinanciamento documentos de despesas no valor total de 5,9 milhões de euros”. Havia suspeitas de apropriação indevida de fundos, com um impacto direto nos interesses financeiros da UE, num montante global de três milhões de euros. Dizia a PJ: “As diligências incidem sobre um conjunto de 19 projetos aprovados no quadro do Empreender 2020, financiados pelo FEDER e executados entre 2016 e 2018”.


20 March 2024 at 00h12

Fraud against EU funds has already exceeded €70 million in three years

There is no recent record of such a high amount of fraud with European funds as the one that led to searches throughout the country, including businessman Manuel Serrão and journalist Júlio Magalhães. The operation involved a record number of PJ inspectors, judges and magistrates: about 300. No defendants have yet been charged.

 

Valentina Marcelino

Rui Miguel Godinho

https://www.dn.pt/2460866826/fraudes-a-fundos-da-ue-ja-ultrapassaram-70-milhoes-de-euros-em-tres-anos/

 

Suspicion of fraud in obtaining European funds. Manuel Serrão and Júlio Magalhães targeted

 

Businessman Manuel Serrão is referred to as "Maestro" in a magazine called "T", in which he is the director, dedicated to "helping the Portuguese textile community progress".

 

This was the inspiration that led to the choice of "Maestro" for the name of the mega operation of the Judiciary Police (PJ), coordinated by its National Anti-Corruption Unit (UNCC) in which Serrão, a well-known television commentator, was one of the main targets.

 

Among the targets of the approximately 80 searches across the country, as part of an investigation entitled by the Central Department of Investigation and Criminal Action (DCIAP) that investigates suspicions of fraud in obtaining European funds in an amount that may exceed 50 million euros, was another public figure: Júlio Magalhães, journalist and pivot of TVI,  whose functions he suspended during the afternoon of this Tuesday.

 

Magalhães is also part of the team of the aforementioned magazine "T", which presents him as "a busy man, but despite this he still finds time to lighten page 3 of the monthly paper edition of T, with a short but humorous interview and with sharp and accurate questions".

According to the information that has been disclosed, Manuel Serrão's proximity to Júlio Magalhães will not end here, being partners in at least two of the companies identified by the criminal investigation as having illicitly benefited from European funds.

 

Investigation without defendants

Authorities suspect that at least Serrão would have a privileged connection to Nuno Mangas, the president of COMPETE, the government body that manages this support.

 

Nuno Mangas, former president of the Board of Directors of IAPMEI - Agency for Competitiveness and Innovation, who was appointed to this position in 2020 by the then Minister of Finance, João Leão, and of the Economy, Pedro Siza Vieira, along with other officials, may have violated their respective "functional and reserve duties, in the streamlining and conformation of the procedures related to applications,  payment requests and the activity of managing co-financed projects," says the PJ.

 

From what DN learned from the judicial source, no arrest warrants have been issued, nor are there any defendants yet constituted, "as a matter of investigation strategy". It is also possible that the crime of corruption, active and passive, may be added to the basis of the indictment of the suspects.

 

For now, according to the PJ's statement, the searches aimed to "collect evidence related to strong suspicions of the commission of crimes of fraud in obtaining a subsidy, qualified tax fraud, laundering and abuse of power and that harmed the financial interests of the European Union and the State Portuguese".

 

There is no recent record of such a high amount of fraud in obtaining European funds as the one being investigated by the DCIAP.

 

A survey of PJ communiqués and news published from 2022 to now reveals that the almost 50 million euros that have been received illicitly are unparalleled.

 

In total, the other cases investigated approached 20 million euros, which added to the 50 add up to almost 70 million euros from 2022 to now (see other cases at the end of the text).

 

Lack of prevention

"If the emphasis were placed, in a more assertive way, on the prevention of this type of actions, through more robust internal control systems, the assimilation of good governance practices and also the increase in awareness of the risks of fraud, we would avoid, in the future, to see actions like the one on Tuesday", underlines Rute Serra, from the direction of the Observatory of Economics and Fraud Management. 

 

Even so, it does not allow us to value the relevance of this type of operations, as a deterrent to the practice of the crimes in question: "the operation that the Judiciary Police developed, to combat fraud against European funds, is of high importance, considering the negative impact that this type of practices have, not only on the economy, but also on the trust of citizens,  on the proper use of public values."

 

Rute Serra is "confident that a rigorous and competent action is being developed today, important to ensure the effectiveness of the judicial system and the due accountability of those who are proven to have prevaricated".

 

This Observatory has had an active mission, as a civil society entity, in the monitoring and prevention of fraud, namely against European funds, collaborating assiduously with the formal and informal institutions that have the competence to manage the risks that the use of funds entails.

 

14 suspicious loans

The Judiciary Police explained in its statement that the modus operandi of the "Maestro" operation is based on "the creation of complex business structures, aiming at the assembly of contractual justifications, referring to the provision of services and supplies of goods for fraudulent capture of community funds within the scope of at least 14 operations approved, for the most part, within the framework of the Operational Program for Competitiveness and Internationalization (POCI),  implemented since 2015."

 

Through the aforementioned 14 projects co-financed by the ERDF, carried out between 2015 and 2023, the suspects have so far managed to obtain the payment of incentives in the global amount of at least €38,938,631.46 - an amount that research sources admit to DN may already exceed 50 million euros, at least.

 

As already mentioned, the PJ recognizes that "there were strong suspicions of the commitment of employees of public bodies, in violation of their functional and reserve duties, in the streamlining and conformation of the procedures related to applications, payment requests and the management activity of co-financed projects".

 

Despite the high amounts involved in these frauds, neither the Judiciary Police nor the Internal Security System have systematized and differentiated this type of crime.

 

Both the number of investigations opened by the Judiciary Police and the number of reports made to other criminal police bodies in relation to these frauds that harm the financial interests of the EU and the Portuguese State are counted together with the fraud in obtaining subsidy at national level.

 

As far as DN was able to learn, according to SSI data that are being prepared for the Annual Internal Security Report (RASI) for 2023, this year there will have been a drop of almost half of these crimes, categorized as "fraud, obtaining a subsidy, subsidies, credits and diversion in their use".

 

An official source from the PJ clarified, in turn, that "in the inquiries received in the context of investigations into fraud in obtaining a subsidy or subsidy (article 36 of Decree-Law no. 28/84, of 20 January - Anti-economic offences and offences against public health), the data that are processed in this Police encompass both community and exclusively national subsidies,  it is not possible to extract disaggregated statistical information, since the data are worked by type of crime and not by the nature of the subsidy and/or subsidy".

 

Thus, the same source indicates, in 2020 66 inquiries were entered for investigation, in 2021 there were 85, in 2022 there were 75 and in 2023 they decreased to 64.

 

250 inspectors, 32 experts from the Technology and Computer Forensics Unit and 24 experts from the Financial and Accounting Forensics Unit participated in the "Maestro" operation.

 

It also had the collaboration of the National Units, the Northern Directorate, the Lisbon and Tagus Valley Directorate, the Center Directorate, the Criminal Investigation Departments of Setúbal, Braga, Guarda and Aveiro, as well as judicial magistrates, magistrates from the Public Prosecutor's Office and specialists from the Technical Advisory Center (NAT) of the Attorney General's Office.

 

DN tried to contact, without effect and until the closing of this edition, Manuel Serrão and Júlio Magalhães, well-known public figures.

 

Other cases

April 19, 2022

 

On this date, the Judiciary Police (PJ) carried out six searches to obtain evidence due to fraud crimes related to obtaining subsidies, qualified tax fraud and money laundering. The approximate value of these crimes was nine million euros. The research was initiated with the participation of the Agency for Development and Cohesion, and covers the funds of the Portugal 2020 programme.

 

May 24, 2022

 

The Judiciary Police collects evidence and initiates Operation Showroom, carrying out 54 search warrants in Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Faro, Guarda, Lisbon, Porto, Portalegre, Santarém and Setúbal. At issue were facts related to "projects susceptible to co-financing" by the European Regional Development Fund (ERDF), "through direct support for the Internationalization of SMEs, within the scope of Portugal 2020, which involve incentives of more than 3 million euros", announced the PJ. The facts could substantiate the crimes of fraud in obtaining a subsidy and qualified tax fraud.

 

March 9, 2023

 

Searches are carried out at a business and a residence in Reguengos de Monsaraz. The alleged fraud with European funds would amount to 880 thousand euros. At stake, once again, were the ERDF grants, awarded to an event (Water - World Forum for Life) organized by the Alentejo municipality between the 3rd and 6th of June 2021. The investigation was carried out by the Lisbon office of the European Public Prosecutor's Office and also indicated that the hiring for the organisation had been made by direct agreement to a private company.

 

May 31, 2023

 

This time, the searches were in Madeira. In a statement, the PJ said at the time that "expenditure documents in the total amount of 5.9 million euros had been submitted for co-financing". There were suspicions of misappropriation of funds, with a direct impact on the EU's financial interests, for a total amount of €3 million. The PJ said: "The diligences focus on a set of 19 projects approved within the framework of Empreender 2020, financed by the ERDF and executed between 2016 and 2018".


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