Gás
Argélia fecha gasoduto do Magrebe que serve Espanha e
Portugal
31 Outubro 2021
às 13:19
A Argélia encerra
este domingo o Gasoduto Magrebe-Europa, após 25 anos em funcionamento, alegando
motivos políticos e geoestratégicos, mas prometeu compensar a Península Ibérica
aumentando a capacidade do Medgaz e as exportações de gás natural liquefeito por
via marítima.
Governantes
argelinos e espanhóis anunciaram, na quarta-feira, que as entregas de gás
argelino a Portugal e Espanha iam deixar de usar o gasoduto que passa por
Marrocos, passando a ser feitas exclusivamente pelo Medgaz, que já serve a península
ibérica.
A Argélia abriu o
Gasoduto Magrebe-Europa (Gaz Maghreb Europe - GME), a 1 de novembro de 1996,
uma infraestrutura importante para a sua economia, mas também para a de
Marrocos e essencial para Espanha, que, desde a inauguração do troço cordovês,
em dezembro daquele mesmo ano, passou a receber 25% do seu suprimento de gás
através daquela rota.
Um quarto de
século depois, a Argélia decidiu fechá-lo, alegando motivos políticos e
geoestratégicos de longo prazo que vão além do corte de relações com Marrocos,
em agosto.
"A decisão
da Argélia é soberana e é fruto [da rutura] das relações diplomáticas com o seu
vizinho de Oeste [Marrocos]. É verdade que é um acontecimento inédito e veremos
quais são as opções e as medidas paliativas para que a Argélia possa honrar
seus compromissos com um cliente tradicional, que é a Espanha ", disse o
analista económico e financeiro local Mahfud Kaubi à agência de notícias EFE.
A Argélia exporta
cerca de dez mil milhões de metros cúbicos de gás natural por ano para Espanha
e Portugal, através do GME, um gasoduto que atravessa Marrocos, mas Argel
decidiu não renovar este contrato devido à grave crise diplomática entre
aqueles dois países.
O gasoduto de
Medgaz já transporta gás argelino para a Península Ibérica desde 2011, mas
opera já na sua capacidade máxima de 8.000 milhões de metros cúbicos por ano,
ou seja, metade das exportações anuais da Argélia para Espanha e Portugal.
O assunto esteve,
na quarta-feira, no centro das conversações entre a ministra espanhola da
Transição Ecológica, Teresa Ribera, e o ministro argelino das Minas e Energia,
Mohamed Arkab.
Segundo a agência
de notícias argelina APS, citada pela France-Presse, o ministro argelino
tranquilizou os parceiros espanhóis assegurando que "a Argélia cumprirá
todos os compromissos de fornecimento de gás através do gasoduto Medgaz".
O fornecimento
será assegurado, segundo o governante, através de um aumento de capacidade do
Medgaz e de um aumento das exportações de gás natural liquefeito por via
marítima.
A opção do gás
liquefeito transportado em navios pode levar a um aumento do preço, já que as
taxas de embarque são mais altas, o que pode ter impacto nas famílias, que já
enfrentam a subida dos preços da eletricidade, gás e combustíveis.
Tradicionalmente
difíceis, as relações entre a Argélia e Marrocos deterioraram-se nos últimos
meses, principalmente devido à questão do Saara Ocidental, território que Rabat
controla em cerca de 80%, mas onde Argel apoia os separatistas da Frente
Polisário.
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