domingo, 13 de maio de 2012
Crónica de Henrique Raposo , hoje no Expresso online.07/02/2012
07/02/2012
Crónica de Henrique Raposo , hoje no Expresso online
Livrai-nos do cavalheiro do haxixe, dr. António Costa
Henrique Raposo (www.expresso.pt)
8:00 Terça feira, 7 de fevereiro de 2012
É um hábito em desuso, eu sei, mas gosto de andar a pé na rua, e não numa passadeira de ginásio. Gosto de andar no meio da malta, e não no meio de senhoras de maiô. Sou, portanto, um sujeito terrivelmente fora de moda. E há um eixo que percorro com especial, vá, denodo: Saldanha-Avenida-Baixa-Cais das Colunas. Gosto de andar por ali. Gosto de ver as brasileiras grã-finas (e de maiô) a torrar dinheiro nos hotéis. Gosto de ver as angolanas do regime (e de maiô) a torrar dinheiro nas lojas da avenida. Gosto de trabalhar nos cafés/quiosques que estão a dar vida nova à avenida. Gosto de mergulhar na multidão de turistas da Baixa. Gosto de chegar ao Cais das Colunas e ficar ali um bocado. É dos poucos sítios onde as pessoas estão caladas. O Tejo tem um efeito narcótico na malta. E não é do cheiro.
Contudo, há diversos obstáculos nesta utopia lisboeta. Para começar, a calçada lisboeta é um tormento. Torcer o pé é o pão nosso de cada dia. Não entendo, aliás, como é que as mulheres ainda não fizeram uma campanha contra esta aberração arquitetónica. Mas, de facto, a coisa mais irritante é uma personagem (na verdade, são várias) que anda sempre na Rua Augusta. Passo por lá há anos, e este cavalheiro de uma certa-de-determinada-etnia-que-eu-não-posso-identificar-porque-seria-logo-rotulado-de-racista tenta sempre vender-me tijolos de haxixe. Não são tirinhas de meio conto. São sabonetes. É assim, repito, há anos. O cavalheiro, ainda por cima, não compreende a palavra não e, por vezes, faz lembrar um turco do Grande Bazar na forma como aplica as técnicas do, digamos, marketing agressivo. Eu sei que tenho cara de agarrado, mas não é preciso insistir tanto.
Eu não sei se o dr. António Costa anda (ou não) a pé pela cidade. Eu não sei se a equipa do dr. Costa anda (ou não) a pé pela cidade. Tenho, porém, a certeza de que não andam a pé pela Rua Augusta. Também sei que o dr. Costa não é polícia, mas, depois de ouvir pela trigésima sexta vez o "queres comprar? É bom, ah!", acho que ganhei o direito de pedir uma coisa ao edil da minha cidade: livrai-nos do cavalheiro do haxixe, dr. Costa. E, já agora, livrai-nos dos arrumadores, que estão a fazer várias OPA sobre novas áreas da cidade. Solte o Rui Rio que há em si, dr. António Costa.
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