![]() |
| Irene Pimentel |
VISÃO DA
GRAÇA
O que
acontece se uma historiadora espalha ódio e informações falsas?
Author
avatar
Elisabete
Tavares
|
02/10/2025
https://paginaum.pt/2025/10/02/o-que-acontece-se-uma-historiadora-espalha-odio-e-informacoes-falsas
Tenho
abordado aqui, no PÁGINA UM, a temática das notícias falsas ou enviesadas
divulgadas pelas agências noticiosas e pelos media ditos de referência, não só
portugueses mas também internacionais.
Se
jornalistas difundem notícias falsas ou distorcidas, obviamente que tem impacto
e as consequências são devastadoras, sobretudo para os próprios jornalistas e
para os meios onde divulgaram essa desinformação. A sua credibilidade fica
posta em causa. E e confiança e credibilidade são a “moeda”, o valor do negócio
da comunicação social. Mas também tem impacto na opinião pública.
Mas qual
o impacto e as consequência que surgem quando um historiador decide partilhar
informação falsa ou distorcida? ↓
Vem este
artigo a propósito de uma publicação que a historiadora portuguesa Irene
Pimentel fez na rede social Facebook, na sequência do homicídio, nos Estados
Unidos, do jovem conservador e cristão Charlie Kirk.
Na sua
publicação [cujo link opto intencionalmente por não colocar aqui, para não
espalhar informação falsa], a prestigiada historiadora faz acusações falsas e
cita afirmações truncadas e fora de contexto.
A sua
publicação chegou-me às mãos na sequência de uma notícia que publicámos no
PÁGINA UM com o título “Onda de desinformação diaboliza Charlie Kirk e
glorifica o homicida como um ‘jovem anti-fascista’“.
Pimentel
escreveu que Kirk era um “simpatizante nazi”, o que é obviamente falso. Kirk
jamais apoiou a causa nazi ou o que defendia. Ademais, Kirk era um cristão
devoto e os valores cristãos estavam presentes no seu discurso e no seu
pensamento. Defendia a igualdade e a tolerância e promovia o diálogo com todos.
Mas o que
mais chocou foi ver a historiadora a atribuir a Kirk uma ideia falsa e uma
frase truncada. Pimentel afirmou que Kirk era contra a democracia. Escreveu
isso por má-fé ou porque nem sequer foi à fonte, como deve fazer qualquer
historiador mediano. Na realidade, num interessante debate de ideias (que pode
ser visto em baixo), aquilo que Kirk afirmou foi que a palavra “democracia” não
consta na Constituição dos Estados Unidos.
Esse
diálogo é, aliás, um exemplo fascinante daquilo que Kirk promovia: o confronto
entre concepções distintas, neste caso do governo nos Estados Unidos: uma
baseada no republicanismo clássico e outra no ideal democrático moderno. E Kirk
está, neste debate, a ser factual: do ponto de vista técnico, a Constituição
dos Estados Unidos nunca utiliza a palavra democracia. De facto, “Founding
Fathers“, sobretudo James Madison e Alexander Hamilton, alertaram repetidamente
contra a democracia pura, que associavam ao domínio das massas, à instabilidade
e à tirania da maioria.
No
Federalista n.º 10, ensaio dedicado à salvaguarda de facções e insurreições
domésticas, Madison distingue claramente entre “democracia pura” (em que os
cidadãos decidem directamente) e república, que define como um sistema de
representação e deliberação destinado a proteger as minorias e promover
decisões ponderadas.
Assim, o
modelo preferido pelos fundadores dos Estados Unidos era o de uma república
constitucional, estruturada com freios e contrapesos, federalismo e separação
de poderes, de forma a conter os impulsos majoritários. Foi isso que Charlie
Kirk disse e manifestou que era “a favor de um governo representativo”, ou uma
democracia representativa, como a que existe nos Estados Unidos e em Portugal.
Irene Pimentel preferiu ignorar tudo isto, transformando alguém que trocava
ideias, mesmo que de forma assertiva, num radical anti-democrata. Um absurdo.
Pimentel
também chamou Kirk de “misógino, racista e criminoso”, o que é falso, e
acusou-o de ser um organizador da invasão do Capitólio. Mas Kirk era um
pacifista. Defendia a igualdade e a tolerância. Era cristão e conservador.
Pergunto-me:
de onde vem o ódio expressado por esta historiadora por um jovem de 31 anos que
deixa um legado em prol do diálogo e da paz entre pessoas com diferentes visões
do mundo?
Quando li
a publicação de Irene Pimentel surgiu-me, de imediato, a seguinte questão: como
é que um historiador ignora os factos, trunca frases, faz acusações falsas?
Pensei na
gravidade do caso e também questionei o seguinte: será que a reputada
historiadora cometeu os mesmos pecados no desempenho do seu trabalho?
Porque
Irene Pimentel não é uma historiadora qualquer. Foi galardoada com o Prémio
Pessoa em 2007. É investigadora do Instituto de História Contemporânea, da
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É
doutorada em História Institucional e Política Contemporânea e mestre em
História Contemporânea (século XX). O seu trabalho centrou-se, sobretudo, sobre
a ditadura e o Estado Novo. É também autora de vários livros, incluindo um
sobre “Informadores da PIDE”.
Então,
como é que uma historiadora tão experiente e prestigiada confunde um cristão
devoto e conservador com um “simpatizante nazi”. Ou será que, hoje, um cristão
e conservador é “um simpatizante nazi” na visão de alguns?
Kirk não
era da extrema radical. Nem da extrema-direita. Não era racista, nem misógino.
Todas as frases que vi nos media, incluindo no The Guardian, e que eram citadas
como “prova” de que ele era racista, homofóbico ou misógino, estavam truncadas
ou foram retiradas do seu contexto. Qualquer jornalista verifica facilmente as
frases de Kirk. Há muitos vídeos dos seus debates disponíveis na Internet e
também estão disponíveis os vídeos do seu programa.
Se para
um cidadão comum é fácil verificar isso, para um jornalista também é. E também
para um historiador.
A
pergunta sobre se Irene Pimentel também reflectiu no seu trabalho passado as
mesmas falhas que a levaram a difamar Kirk, ficou a ressoar na minha mente. E
outras perguntas surgiram, como esta: e no caso de outros historiadores, será
que sucede o mesmo; será que a sua ideologia ou religião os “desvia” na sua
busca e análise de factos históricos?
Um
jornalista espalhar informação falsa é grave. Mas pode ser um erro ocasional ou
falta de tempo na investigação jornalística. Mas se um historiador faz o mesmo,
tem toda uma outra dimensão e implicações. Faz-nos questionar a metodologia do
seu trabalho. Afinal, não sabe aplicar a metodologia rigorosa exigida a um
cientista? Não sabe que deve apenas usar fontes credíveis e, de preferência,
primárias, caso seja possível?
Será que
os cientistas, estudiosos e “guardiões” do nosso passado colectivo contaminaram
o seu trabalho — e a nossa visão de acontecimentos históricos — com falhas na
análise de fontes?
Ou será
que, hoje, ser cristão e ser conservador é ser um “ditador, simpatizante nazi”?
Será que existe uma febre anti-cristã e anti-conservadora? Uma espécie de nova
histeria colectiva de caça às bruxas, em que conservadores e cristãos são “os
maus nazis a abater”?
Não
concordo com muitas das ideias de Kirk, mas tendo assistido a muitos dos vídeos
dos seus debates, compreendo que o seu pensamento se enquadrava numa visão
cristã e conservadora do mundo.
Acontece
que a democracia vive da diversidade de pensamento, do diálogo e da fundamental
liberdade de expressão. Se historiadores querem tornar “ilegal” e começar a
atribuir o carimbo de extremista a cada cristão e conservador do mundo
ocidental, então temos um sério problema. Um problema de radicalismo,
pensamento anti-democrata que incentiva uma nova caça às bruxas ao desumanizar
uma significativa parte da população. Se a historiadores, juntarmos jornalistas
tornados activistas, políticos e comentadores, então enquanto sociedade
democrática e plural, temos mesmo um sério problema.
VISION OF
GRACE
What
happens if a historian spreads hate and false information?
Author
avatar
Elisabete
Tavares
|
02/10/2025
https://paginaum.pt/2025/10/02/o-que-acontece-se-uma-historiadora-espalha-odio-e-informacoes-falsas
I have
addressed here, at PÁGINA UM, the issue of false or biased news disseminated by
news agencies and the so-called reference media, not only Portuguese but also
international.
If
journalists spread false or distorted news, it obviously has an impact and the
consequences are devastating, especially for the journalists themselves and for
the media where they spread this disinformation. Its credibility is called into
question. And trust and credibility are the "currency", the value of
the media business. But it also has an impact on public opinion.
But what
is the impact and consequences that arise when a historian decides to share
false or distorted information? ↓
This
article comes about a publication that the Portuguese historian Irene Pimentel
made on the social network Facebook, following the murder, in the United
States, of the young conservative and Christian Charlie Kirk.
In her
publication [whose link I intentionally choose not to put here, so as not to
spread false information], the prestigious historian makes false accusations
and cites truncated and out-of-context statements.
Its
publication came to my hands following a news article we published on PÁGINA UM
with the title "Wave of disinformation demonizes Charlie Kirk and
glorifies the murderer as a 'young anti-fascist'".
Pimentel
wrote that Kirk was a "Nazi sympathizer," which is obviously false.
Kirk never supported the Nazi cause or what he stood for. Moreover, Kirk was a
devout Christian and Christian values were present in his speech and thinking.
He defended equality and tolerance and promoted dialogue with all.
But what
shocked me the most was to see the historian attributing to Kirk a false idea
and a truncated phrase. Pimentel said that Kirk was against democracy. He wrote
this in bad faith or because he did not even go to the source, as any average
historian should do. In fact, in an interesting debate of ideas (which can be
seen below), what Kirk said was that the word "democracy" is not in
the United States Constitution.
This
dialogue is, in fact, a fascinating example of what Kirk promoted: the
confrontation between different conceptions, in this case of government in the
United States: one based on classical republicanism and the other on the modern
democratic ideal. And Kirk is, in this debate, being factual: from a technical
point of view, the United States Constitution never uses the word democracy. In
fact, the Founding Fathers, especially James Madison and Alexander Hamilton,
repeatedly warned against pure democracy, which they associated with the rule
of the masses, instability and the tyranny of the majority.
In
Federalist No. 10, an essay devoted to safeguarding factions and domestic
insurrections, Madison clearly distinguishes between "pure democracy"
(in which citizens decide directly) and republic, which he defines as a system
of representation and deliberation designed to protect minorities and promote
thoughtful decisions.
Thus, the
model preferred by the founders of the United States was that of a
constitutional republic, structured with checks and balances, federalism and
separation of powers, in order to contain the majoritarian impulses. This is
what Charlie Kirk said and said that he was "in favor of a representative
government", or a representative democracy, like the one that exists in
the United States and Portugal. Irene Pimentel preferred to ignore all this,
transforming someone who exchanged ideas, even if assertively, into an
anti-democratic radical. An absurdity.
Pimentel
also called Kirk a "misogynist, racist and criminal," which is false,
and accused him of being an organizer of the invasion of the Capitol. But Kirk
was a pacifist. He defended equality and tolerance. He was a Christian and a
conservative.
I ask
myself: where does the hatred expressed by this historian for a 31-year-old
young man who leaves a legacy in favor of dialogue and peace between people
with different visions of the world come from?
When I
read Irene Pimentel's publication, the following question immediately arose in
me: how can a historian ignore the facts, truncate sentences, make false
accusations?
I thought
about the seriousness of the case and also questioned the following: did the
renowned historian commit the same sins in the performance of her work?
Because
Irene Pimentel is not just any historian. She was awarded the Pessoa Prize in
2007. She is a researcher at the Institute of Contemporary History, Faculty of
Social Sciences and Humanities of the New University of Lisbon. She holds a PhD
in Institutional History and Contemporary Politics and a Master's degree in
Contemporary History (twentieth century). His work focused mainly on the
dictatorship and the Estado Novo. She is also the author of several books,
including one on "PIDE Informers".
So how
does such an experienced and prestigious historian mistake a devout,
conservative Christian for a "Nazi sympathizer." Or is it that,
today, a Christian and conservative is "a Nazi sympathizer" in the
view of some?
Kirk was
not the extreme radical. Nor from the extreme right. He was not racist, nor
misogynist. Every sentence I saw in the media, including in The Guardian, that
was cited as "proof" that he was racist, homophobic or misogynistic,
was garbled or taken out of context. Any journalist easily verifies Kirk's
sentences. There are many videos of his debates available on the Internet and
the videos of his program are also available.
If it is
easy for an ordinary citizen to verify this, for a journalist it is too. And
also for a historian.
The
question of whether Irene Pimentel also reflected in her past work the same
flaws that led her to defame Kirk, resonated in my mind. And other questions
arose, such as this: and in the case of other historians, is the same; Does
their ideology or religion "divert" them in their search and analysis
of historical facts?
A
journalist spreading false information is serious. But it could be an
occasional mistake or lack of time in journalistic investigation. But if a
historian does the same, it has a whole other dimension and implications. It
makes us question the methodology of his work. After all, don't you know how to
apply the rigorous methodology required of a scientist? Don't you know that you
should only use credible sources and, preferably, primary sources, if possible?
Have
scientists, scholars, and "guardians" of our collective past tainted
their work—and our view of historical events—with flaws in source analysis?
Or is it
that, today, to be a Christian and to be conservative is to be a
"dictator, Nazi sympathizer"? Is there an anti-Christian and
anti-conservative fever? A kind of new collective witch-hunt hysteria, in which
conservatives and Christians are "the bad Nazis to be slaughtered"?
I don't
agree with many of Kirk's ideas, but having watched many of the videos of his
debates, I understand that his thinking fit into a Christian and conservative
view of the world.
It turns
out that democracy lives on diversity of thought, dialogue and fundamental
freedom of expression. If historians want to make it "illegal" and
start labeling every Christian and conservative in the Western world as an
extremist, then we have a serious problem. A problem of radicalism,
anti-democratic thinking that encourages a new witch hunt by dehumanizing a
significant part of the population. If we add to historians, we add journalists
turned activists, politicians and commentators, then as a democratic and plural
society, we really have a serious problem.
.jpeg)
Sem comentários:
Enviar um comentário