OPINIÃO
Competitividade internacional em forte queda
Varrer para debaixo do tapete os resultados e ignorar a
realidade, não faz com que o problema desapareça.
Manuel Carlos
Nogueira
25 de Junho de
2022, 11:57
https://www.publico.pt/2022/06/25/opiniao/opiniao/competitividade-internacional-forte-queda-2011361
Na semana
passada, surgiu uma notícia nada abonatória para a nossa credibilidade, como
país competitivo para efetuar negócios. Este ano, Portugal desceu seis posições
no Ranking de Competitividade Global do conceituado instituto suíço IMD.
Mas, para além do
penoso 42.º lugar, existem outras evidências que nos deveriam deixar
preocupados. A Espanha, nosso competidor natural por investimento estrangeiro,
subiu três lugares e é agora 36.ª classificada. Além de sermos o país da Zona
Euro que mais lugares desceu, conseguimos ser o pior classificado entre os
países que, tradicionalmente, em conjunto com Portugal, competem pelo tão
importante investimento estrangeiro.
Esta acentuada
queda deveria merecer uma análise aprofundada, mas penso que as nossas elites políticas
não estão interessadas em o fazer, pelo menos publicamente. Em nome do
interesse nacional, todos deveríamos estar preocupados e tudo fazer para
inverter rapidamente estes números. Isto porque varrer para debaixo do tapete
estes resultados e ignorar a realidade, não faz com que o problema desapareça.
O problema não está no ranking, o problema é que a realidade é mesmo essa.
Podemos discutir a forma como o ranking é elaborado, mas não é por causa do
ranking que estamos a perder competitividade. Continuamos a ser ultrapassados
por tudo e por todos, fundamentalmente porque outros países estão a evoluir e
Portugal parou no tempo.
Este ranking é composto por dezenas de itens que se
encontram integrados em quatro grandes áreas: desempenho económico, eficiência
governativa, eficiência empresarial e infraestruturas. No desempenho económico
descemos cinco lugares em relação a 2020, na eficiência governativa descemos
nove lugares também em relação a 2020 e em relação a 2021 perdemos quatro
lugares na eficiência empresarial e três nas infraestruturas. Já não são só os
países que saíram da esfera soviética que nos estão a ultrapassar. Em termos de
eficiência governativa até Botsuana, Indonésia e Malásia estão à nossa frente.
Alguns itens em
que devemos melhorar são: dívida pública, evasão fiscal, despesa pública em
percentagem do PIB, necessidades de financiamento futura para pensões, nível de
carga fiscal, I&D, transferência de conhecimentos, etc. Não falta onde
possamos fazer melhor.
Prevê-se que nos
próximos anos se continue a usufruir de estabilidade política, o que poderá
facilitar a tomada de decisões que criem sustentabilidade na promoção da
competitividade e reforço dos seus pilares. Mas não nos esqueçamos que nos
últimos anos também tivemos essa estabilidade e viu-se o que aconteceu.
O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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