terça-feira, 8 de outubro de 2019

Boris Johnson Tells Merkel Brexit Deal Essentially Impossible





Governo britânico acusa Merkel de tornar “impossível” acordo sobre o “Brexit”

Fonte anónima de Downing Street citada pelos media britânicos diz que Angela Merkel exigiu a permanência da Irlanda do Norte na união aduaneira “para sempre”. Governo alemão ainda não divulgou a sua versão da conversa.

Alexandre Martins
Alexandre Martins 8 de Outubro de 2019, 12:24

A apenas 23 dias do prazo final para a saída do Reino Unido da União Europeia, Londres e Bruxelas continuam a posicionar-se para não serem vistas como as principais culpadas de um “Brexit” desordenado. Esta terça-feira, os jornais britânicos citam uma fonte anónima de Downing Street que atira as culpas para a chanceler alemã, Angela Merkel, e diz que a obtenção de um acordo é agora “essencialmente impossível”.

Segundo a fonte, uma conversa entre Boris Johnson e Angela Merkel, na manhã desta terça-feira, selou o destino do “Brexit” e “deixou claro” que os líderes europeus “estão dispostos a destruir o Acordo de Sexta-feira Santa” – o acordo assinado em 1998 que estabelece um plano para a governação autónoma da Irlanda do Norte e estipula que não pode haver fronteiras na ilha da Irlanda, e que agora está no centro das divergências entre Londres e Bruxelas.

Nessa conversa, Merkel terá dito a Johnson que para haver acordo, a Irlanda do Norte terá de permanecer para sempre na união aduaneira da UE, uma condição inaceitável para o governo britânico.

“Se isto representa uma nova posição de base [da UE], significa que um acordo é essencialmente impossível não apenas agora, mas para sempre”, disse a fonte de Downing Street.

Mas o Partido Trabalhista britânico disse que a versão da fonte anónima do Governo britânico é “uma tentativa cínica de sabotar as negociações”.

O ministro-sombra do Labour para as negociações do “Brexit”, Keir Starmer, afirmou que o primeiro-ministro “nunca assumirá a responsabilidade pelo seu próprio fracasso”, e pediu ao Parlamento britânico “que se una para impedir este governo imprudente de forçar uma saída desordenada da UE”.

O Governo alemão ainda não divulgou a sua versão da conversa telefónica entre Boris Johnson e Angela Merkel.

Vários correspondentes britânicos em Bruxelas, entre os quais Jenny Hill, da BBC, sugerem cautela a analisar a versão britânica da conversa com a chanceler alemã.

“Esta linguagem/estilo de confrontação é pouco usual em Merkel. A Alemanha – mais do que a maioria dos países – tem sido cautelosa a deixar sair informações e declarações que possam inflamar a tensão entre o Reino Unido e a União Europeia.”

Para a correspondente, o governo alemão “ainda está preparado para encontrar uma solução, porque a Alemanha não quer uma saída sem acordo”.

No mesmo sentido, o correspondente do Times, Bruno Waterfield, diz que falou com vários diplomatas experientes em Bruxelas e com negociadores do “Brexit” que “não reconhecem a versão de Downing Street sobre a conversa”.

Na semana passada, o Governo britânico disse que pedirá um adiamento do prazo do “Brexit” se não houver acordo até ao dia 19 de Outubro – uma medida que é obrigado a tomar na sequência de uma lei aprovada em Setembro pelo Parlamento britânico.

Mas, ao mesmo tempo, o primeiro-ministro britânico continua a garantir que o Reino Unido sairá da UE no dia 31 de Outubro, com ou sem acordo. Para conciliar as duas vias, Boris Johnson poderá encontrar até lá alguma lacuna na lei, ou então convencer um dos Estados-membros a opor-se ao pedido de adiamento.

Seja qual for a versão da conversa entre Johnson e Merkel, parece certo que as negociações sobre o “Brexit” chegaram a um beco sem saída. Se for mesmo esse o caso, os deputados britânicos têm agora uma decisão difícil pela frente, como salienta Mujtaba Rahman, especialista do “Brexit” no Eurasia Group: acreditar que a lei que aprovaram em Setembro é suficiente para obrigar o Governo a pedir um adiamento; ou afastar o primeiro-ministro numa moção de censura.

“O problema para os deputados”, diz o Guardian, “é que perderam a oportunidade para aprovarem uma moção de censura esta semana”.

“É tarde demais para convocar uma moção para hoje, e o Parlamento é suspenso esta noite. A nova sessão começa com o discurso da rainha na segunda-feira. Normalmente, o debate sobre o discurso dura seis dias, o que pode adiar qualquer moção de censura para a semana seguinte, ainda que seja possível encontrar uma forma de agendar uma votação para antes disso”, explica o jornal britânico.

tp.ocilbup@snitram.erdnaxela

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