segunda-feira, 10 de maio de 2021

“Incúria e facilitismo” dos sucessivos governos levou a situação explosiva em Odemira, acusam autarcas

 



Também para seguir o percurso crítico da totalmente  irresponsável e irrealista Nova Lei da Imigração e respectiva neutralização do SEF e do seu aviso ao ‘efeito de chamada’ que esta ‘Nova Lei’ iria ter,  VER aqui no OVOODOCORVO: “Tem Portugal uma Verdadeira Política de Imigração ?”

 http://ovoodocorvo.blogspot.com/2021/05/tem-portugal-uma-verdadeira-politica-de.html

 

 

ODEMIRA

“Incúria e facilitismo” dos sucessivos governos levou a situação explosiva em Odemira, acusam autarcas

 

Deputados municipais de Odemira pedem ao Estado Português que encontre uma solução “urgente” para travar o desastre social que está a ser provocado pela “maior de todas as vagas migrantes na região”.

 

Carlos Dias

10 de Maio de 2021, 9:44

https://www.publico.pt/2021/05/10/local/noticia/incuria-facilitismo-sucessivos-governos-levou-situacao-explosiva-odemira-acusam-autarcas-1961869

 

A política do “ora mando eu, ora mandas tu” dos ministérios do Ambiente e da Agricultura e as decisões da administração central e dos sucessivos governos, incluindo o actual, levaram ao “desordenamento, incúria e cultura do facilitismo” que agora de vive no território de Odemira. Estas são algumas das acusações feitas pela Assembleia Municipal, que reuniu em sessão extraordinária na tarde de sábado e aprovou por unanimidade uma tomada de posição “Pelo desenvolvimento sustentável de Odemira”.

 

As consequências mais nefastas ocorreram ao longo da última década. O tecido social alterou-se, “e não obstante sabermos que o concelho vinha em alguma perda populacional e que sempre foi um concelho multicultural, Odemira não pode ser o único lugar do país a acolher um fluxo migratório de expressão tão significativa num curto espaço temporal” sem que os impactos sejam acautelados, refere a tomada de posição. Em apenas uma década, a população quase duplicou sem que fossem criadas as condições locais para responder “à maior de todas as vagas migrantes na região, com passaporte asiático”, salienta o documento.

 

O impacto do fluxo anormal de migrantes esgotou a oferta de alojamento, em muitos casos com sobrelotação e hiperlotação, degradou as respostas de serviços e de equipamentos públicos, e proporcionou o aparecimento de “actividades ilícitas graves, actualmente sob investigação”.

 

Aquilo que muitos já apelidam de “um desastre anunciado, é fruto de um ordenamento territorial deficitário”, só possível face a um Plano de Ordenamento do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina “permissivo” e desde sempre contestado pelos órgãos municipais.

 

O poder central “usurpou todas as competências” por diversos dos seus departamentos (ambiente e agricultura no epicentro), os quais sempre trabalharam de “costas voltadas” e sem articulação, “contando com o município de Odemira, apenas e só, quando dá jeito”, acusam os deputados municipais no documento que aprovaram.

 

E acentuam: Foi este o cenário de longos anos, “ora mandas tu, ora mando eu”, e conforme as “modas”, que foi vingando um “modelo de incongruências” centrado no contributo para o Produto Interno Bruto (PIB), “a qualquer custo”, num Parque Natural e em Rede Natura 2000.

 

E perguntam: “Poderá o governo alhear-se desta realidade com origem bem conhecida, resultante de um modelo territorial e económico insustentável, impositivo e decidido em Lisboa desde sempre, em que os odemirenses pouco foram considerados, gerador de conflitos e facilitismos?”

 

Os eleitos locais, por “diversas vezes e de diferentes formas”, deram conhecimento da realidade que afecta o concelho, tendo proposto a “todos os níveis e instâncias do poder e da investigação”, a tomada de medidas urgentes, que travassem o crescimento “desregulado” da agricultura no Perímetro de Rega do Mira.

 

A gestão de recursos, com a monitorização e preservação da biodiversidade local e outra das exigências da tomada de posição dos deputados municipais que chamam ainda a atenção para a necessidade de garantir que a água da barragem de Santa Clara, face ao intenso acréscimo de utilizações e diminuição de afluências, tenha gestão adequada. Odemira teme que a falta de água se possa transformar num “cenário de desgraça local”.

 

Consequência directa do que consideram ser o desordenamento do território é a evolução dos focos de covid-19 no concelho de Odemira e a recente aplicação de cerca sanitária às freguesias de S. Teotónio e Longueira/Almograve, que deu visibilidade à gravidade de problemas locais. 

 

“Não podemos deixar estas pessoas à espera que apenas um desastre como o que agora experimentámos as tornem visíveis”, salienta o documento.

 

Para contrapor a um “desastre” que já se anuncia, a Assembleia Municipal de Odemira exige a revisão imediata da Resolução do Conselho de Ministros 179/19, que autoriza a utilização de contentores para alojar os trabalhadores migrantes. Em alternativa defendem a criação de um Programa Específico de Habitação para o Território que liberte as freguesias do litoral do concelho da sobrecarga populacional que agora suportam.

 

Para combater as actividades ilícitas e o tráfico de seres humanos, aquele órgão autárquico recomenda que se apurem os responsáveis, desde os angariadores de mão-de-obra até aos proprietários, pelo incumprimento da legislação laboral e ambiental em vigor. 

 

O fim imediato da cerca sanitária às freguesias de São Teotónio e Longueira/ Almograve é outras das reivindicações formuladas pelos deputados municipais.

 

Em relação às reservas da albufeira de Santa Clara, propõem a elaboração, com carácter urgente, de um Plano de Gestão, Eficiência e Resiliência que previna um cenário de escassez de água como já foi admitido pela Associação de Beneficiários do Mira.

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