Enquanto no Reino Unido se restabelecem zonas de lockdown
devido à variante indiana do Covid, no Algarve é “sempre a bombar”… Para
sábado, o aeroporto de Faro espera 260 voos.
Government
advice has emerged urging people not to travel into and out of areas hit by the
coronavirus variant first found in India, unless necessary.
The
guidance for Kirklees, Bedford, Burnley, Leicester, Hounslow and North Tyneside
says people in these areas should try to avoid meeting indoors
https://www.bbc.co.uk/news/uk-england-57232728
REPORTAGEM
CORONAVÍRUS
A Albufeira dos ingleses: beber em contra-relógio, sem
máscaras e sob o olhar da polícia
Jovens ingleses fazem filas à porta dos bares da Oura. Os
estabelecimento abertos são ainda pouco mais de uma dezena — número reduzido
para tanta secura de álcool e liberdade (sem máscara).
Idálio Revez
28 de Maio de
2021, 21:37
A maioria dos
bares de Albufeira ainda não reabriu, mas na rua da Oura já se festeja o
regresso à normalidade da noite sem barreiras nem fronteiras. Grupos de jovens
ingleses bebem em contra-relógio, como se não houvesse amanhã. Batem as 22h30,
chega a polícia municipal e manda encerrar os estabelecimentos, depois entra a
GNR e toca a dispersar. Quando a presença da patrulha local não é suficiente,
entra em campo a Unidade de Intervenção e tudo muda de figura. “Let’s go”,
dizem. Poucas palavras e muita presença parece ser a estratégia da polícia para
evitar que os excessos de goles de cerveja deslizem para cenas de batalha
campal.
A época balnear
arranca na próxima semana, mas o “jogo” de força entre turistas e polícia já
começou. À medida que o calor aperta, aumenta o relaxamento das medidas
anticovid-19. O ambiente torna-se mais leve e há sinais de um Verão à grande e
à inglesa. Para sábado, o aeroporto de Faro espera 260 voos.
Dos milhares de
turistas que saem à noite para se divertirem, contam-se pelos dedos aqueles que
ainda se vêem na rua a usar máscara. Os agentes turísticos, depois de tão longo
período de paragem, pedem que se carregue no acelerador da economia, permitindo
o alargamento do horário de funcionamento das casas comerciais.
“O período em que
facturamos é de apenas cerca de uma hora e meia — não há tempo para as pessoas
conviverem”, lamenta o gerente do bar Legend's, Miguel Duarte, enquanto ergue
os braços dentro do estabelecimento, dando a indicação para encerrar a porta,
por ordem da polícia municipal. Aproxima-se a carrinha da Unidade de
Intervenção e as resistências a cumprir ordens são apenas verbais e de pouca
duração. Ao longo da noite, são feitas duas ou três abordagens a jovens por
suspeita de consumo de estupefacientes. Uma rapariga foi levada ao posto da
GNR.
Cá fora, na rua
frente ao Legend's, Elizabeth Brown, de vestido curto e saltos altos, protesta:
“Sabia que fechava às 22h30, mas passei a maior parte da noite na rua, não
havia lugar lá dentro”. Porém, o tempo que terá passado ao balcão, com mais
três amigas, foi o suficiente para ingerir álcool ao ponto de quase perder o
equilíbrio.
Miguel Duarte
defende que o “horário [de abertura dos bares] deveria ser alargado, não
haveria tanta aglomeração”. Para dar resposta à procura, exemplificou, em vez
de ter quatro empregados, alargou para sete o número de pessoas a despachar
copos. Depois de ter havido alguma confusão na quarta-feira à noite com dois
clientes de um bar que teimavam em não abandonar as instalações depois da ordem
de fecho, a GNR reforçou o dispositivo e
a polícia municipal também passou a ser estar no terreno
A maioria dos
bares da Oura ainda não reabriu, mas aqueles que estão a funcionar — pouco mais
de uma dezena — estão a abarrotar. A lotação máxima, na generalidade dos casos,
não é cumprida. “Seria melhor para todos mais tempo de funcionamento”, insiste
Miguel Duarte, lembrando que o Sol se põe perto das 21h. Logo, o período de
animação e convívio que resta fica reduzido a uma hora e meia, menos de metade
do tempo de um jogo de futebol.
“Ouvimos música,
mas não podemos dançar”, diz Isaac, cozinheiro num restaurante de referência de
Albufeira. Saiu de capa para “ver o ambiente”, confessa, ficou rendido ao
glamour da primeira vaga turística. “Estamos no início, mas acho que vai ser
muito interessante”, diz. Guineense de 29 anos, trabalhador da construção
civil, Issufi Sanha passeou pela Oura “só para apreciar as modas”. “É tudo
muito bonito, só estou em Portugal há dois anos”, conta.
Ao fim da rua,
antes de se entrar na praia da Oura, Fátima Gomes, tem um tuk-tuk encostado à
espera de clientes. “Sou uma mulher do Norte”, apresenta-se, fazendo um
comentário: “Albufeira sem os ingleses não é nada.” Após o confinamento,
regressou esta semana ao trabalho: “Fiz uma média de oito serviços por dia,
ainda muito pouco.” Para a semana, começam as férias dos estudantes no Reino
Unido e “a coisa vai animar”.
Fátima trabalhou,
entre 2004 e 2005, nas cantinas da Universidade de Oxford. “Tiro o chapéu aos
ingleses, são muito educados, mas aqueles que aqui encontro são diferentes –
chegam cá e isto para eles é o mundo da diversão”. Porém, o hábito de dar de
beber aos calores da noite não tem nacionalidade. “O último serviço que fiz
hoje foram duas raparigas portuguesas, perdidas de bêbadas — fui deixá-las num
apartamento em Montechoro.”
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