Nuno Azevedo diz que Casa da Música está em risco e critica "obediência cega" à Europa.
Conselho de Fundadores tem reunião decisiva no dia 22. Hoje, trabalhadores da CM organizam acção de apoio à instituição
17/03/2013 in Público
Nuno Azevedo, administrador demissionário da Casa da Música (CM), declarou ao Expresso que a instituição está a caminho do "abismo". "Tal como a conhecemos, a CM terá muitíssimas dificuldades em manter-se, caso o Estado não altere a sua posição", afirmou, em declarações àquele semanário, um dia antes de uma acção dos trabalhadores da CM denominada É uma Casa portuguesa, com certeza.
Os trabalhadores vão actuar este domingo em vários locais do Porto, com o objectivo de "divulgar e defender a missão da Fundação Casa da Música através de um conjunto de eventos de natureza artística, com acesso público e gratuito". A acção e as declarações de Nuno Azevedo surgem no início de uma semana decisiva para o futuro da instituição - para sexta-feira, dia 22, está marcado o Conselho de Fundadores, no qual se espera que privados e Estado definam a estratégia para a CM.
Daí que Nuno Azevedo alerte para os riscos de a instituição cair "num abismo do qual será depois muito difícil sair". Em causa está a decisão do Governo de aplicar um corte de 30% ao orçamento da CM, que foi confirmado em Outubro passado pelo secretário de Estado da Cultura, Barreto Xavier.
Tratou-se de um corte superior aos 20% que eram esperados que tinham sido prometidos por Francisco José Viegas, anterior secretário de Estado, o que levou à demissão de todo o conselho de administração presidido por Nuno Azevedo.
Ao Expresso, Azevedo reiterou que, "se quisermos continuar com este projecto, precisamos de dez milhões", sendo que a actual participação do Estado é de sete milhões (em 2006, era de 15 milhões). O assunto estará no centro da reunião de sexta-feira, da qual poderá sair um novo conselho de administração. O administrador demissionário disse esperar que seja encontrada uma saída para o actual impasse, mas confessou não ver sinais de que o Estado esteja disposto a alterar a sua posição. "Muitas das decisões tomadas em Portugal não são verdadeiramente pensadas, e resultam de uma obediência cega aos ditames europeus", lamentou Nuno Azevedo.
A acção de hoje ocorre em vários espaços do Porto: o Coro da CM estará no metro da Trindade, o Remix no Hard Club e a Orquestra de Jazz de Matosinhos tocará na frente marítima de Matosinhos. E a partir das 16h a praça em frente à CM receberá "todos quantos queiram associar-se a esta acção e assistir à actuação de músicos da CM e de outras formações amigas", anuncia o comunicado dos trabalhadores.
Casa da Música bate Torre dos Clérigos e já é a preferida dos turistas no Porto.
Por Patrícia Carvalho in Público
17/03/2013 - 00:00
Num estudo realizado para a Fundação de Serralves pela Porto Business School, 350 turistas colocam o edifício de Rem Koolhaas no topo de uma lista, na qual os shoppings surgem em 5.º lugar
Os turistas que visitam a cidade do Porto colocam, no topo da lista dos locais a visitar, a Casa da Música, do arquitecto holandês Rem Koolhaas. O edifício da Porto 2001 - Capital Europeia da Cultura ultrapassa a Torre dos Clérigos ou as caves do vinho do Porto, de acordo com os resultados de um estudo realizado pela Fundação de Serralves. A fundação, projecto do arquitecto português Álvaro Siza Vieira, ocupa o quarto lugar na lista.
Os resultados constam do capítulo A Fundação de Serralves como pólo de atracção turística do estudo Impacto Económico da Fundação de Serralves, realizado pela Porto Business School. O top 5 das atracções turísticas do Porto foi construído através de um inquérito a 350 turistas, nacionais e estrangeiros, e, a julgar pelos dados obtidos, a imagem que o Porto hoje projecta vai para lá do centro histórico que, em 1996, lhe garantiu o galardão da Unesco de Património Mundial da Humanidade.
Na lista de 23 locais previamente definidos e que os turistas já tinham visitado, ou pretendiam visitar, estão a Sé Catedral (6.º lugar), o Palácio da Bolsa (8.º), a Igreja de São Francisco (11.º) ou a Ribeira (12.º), símbolos do centro histórico, mas estão também muitos outros espaços que remetem para um Porto diferente, de modernidade e consumo.
O resultado mais surpreendente talvez seja o facto de o item "centros comerciais" surgir na 5.ª posição da lista, logo a seguir a Serralves e antes da Sé Catedral. Melchior Moreira, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal, arrisca uma hipótese para este destaque. "Um dos nossos produtos estratégicos é precisamente o City Break, e penso que será nesse contexto que esse resultado surge. Acredito que este indicador se prenda mais com o turismo interno, dos portugueses que vão à cidade e sabendo da oferta e qualidade dos produtos, aproveitam para ir às compras", diz este responsável.
A verdade é que o estudo de Serralves refere que "não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre nacionais e estrangeiros no que respeita aos locais top 5 mais visitados da cidade do Porto" - top encerrado, precisamente, pelos centros comerciais, com 42% dos inquiridos a garantir que os visitou ou pretende visitá-los, na sua estadia na cidade.
Serralves tem outro estudo
A directora-geral da Fundação de Serralves, Odete Patrício, também não encontra explicação para este dado e diz que vai esperar pelos resultados de um outro estudo que a instituição espera apresentar em Maio, centrado na questão dos públicos, para tirar conclusões mais concretas.
"O objectivo deste estudo não era avaliar quais as principais atracções da cidade, mas quantificar o valor económico de Serralves. Os autores resolveram alargar um pouco o âmbito e introduzir estas questões. Nós, claro, ficamos contentes por aparecer em 4.º lugar, mas acho que estes resultados dependem sempre muito da amostra.
No [site]Trip Advisor, por exemplo, que valorizo muito, por ser aberto a todos, hoje [quinta-feira] aparecemos em 8.º [à frente da Casa da Música, em 9.º] , mas já houve dias em que estávamos em primeiro", diz.
Já Melchior Moreira não se mostra surpreendido com o top 5 do estudo de Serralves (com excepção da presença dos centros comerciais) nem com o facto de a Casa da Música ultrapassar a Torre dos Clérigos, que este ano está a celebrar os seus 250 anos. "Isto vem confirmar um conjunto de dados que já tínhamos em relação à cidade do Porto, de procura muito grande do touring ligado à Cultura e ao património", assinalou.
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