Belmiro dá dois anos ao “Público” para cumprir plano de negócio
Por Catarina Falcão, publicado em 11 Mar 2013 in (jornal) i online
Belmiro de Azevedo quer desvincular-se do “compromisso pessoal” que tem com o jornal.
Passados 23 anos da fundação do jornal “Público”, o seu dono, Belmiro de Azevedo, admite que o jornal já lhe trouxe alguns dissabores, lamentando que se tenha dado “importância excessiva ao jornalista”. Quanto à viabilidade do negócio, o presidente do Conselho de Administração da Sonae avisa que o grupo não pode manter “uma empresa a perder dois, três milhões ao ano”, mas mantém o compromisso para com o projecto pelo menos até 2015.
“Vou esticar o meu compromisso de manter o ‘Público’ até ao 25.o aniversário do prazo do arranque do jornal” garante Belmiro de Azevedo em entrevista à revista P2, suplemento do “Público”. O engenheiro confessa que nesta altura, “os níveis de prejuízo do jornal tornaram-se insuportáveis” e que pretende desvincular-se do compromisso feito aquando da fundação do diário. “Quero desvincular-me do compromisso pessoal, a prazo, de não interferência na gestão do jornal. Mas não vou alterar nada. E, mesmo que saiam notícias que me desagradem, eu não vou pôr uma acção...”, assegura Belmiro de Azevedo. No entanto, admite que o equilíbrio económico tem de se manter e o negócio tem de ser viável. “Não há muita gente a aguentar um perdócio de 25 anos” conclui Belmiro.
Directores cagarolas Mas também o equilíbrio de forças dentro da redacção deve mudar, segundo o dono do “Público”. “No projecto inicial que me foi ‘vendido’, a Sonae aceitou um modelo, que não quer mudar, mas vai ter de mudar, em que se deu importância excessiva ao jornalista”, declara Belmiro de Azevedo.
Para o empresário a única forma de os jornalistas “poderem ter a razão do seu lado é assumirem a responsabilidade penal e material das suas asneiras”, sublinhando que neste momento quem “paga a multa” e sofre o “impacto da imagem” é o proprietário.
Mais do que isso, Belmiro critica os directores dos jornais por terem medo das suas redacções. “Os directores são uns cagarolas e cada vez que um quer mexer numa peça é automaticamente acusado de censura”, confessando que lhe escrevem muito “a chatear por causa dos artigos” do “Público”.
O “Público” esteve envolvido recentemente num caso em que Miguel Relvas foi acusado de ameaçar uma das suas jornalistas – a jornalista acabaria por abandonar o jornal após desentendimentos com a direcção. Ainda no mês de Outubro do ano passado, o jornal apresentou um plano de despedimento colectivo que envolveu 48 trabalhadores, em todas as secções. Esta foi a opção da administração, apesar da direcção ter avançado que o cenário de fecho estava em cima da mesa.
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