segunda-feira, 4 de março de 2013

O Futuro da Brazileira do Porto, depois do Encerramento.

"O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter esclarecimentos do BPI sobre o futuro do café-restaurante."

O Encerramento e o Futuro da Brazileira ... 
Aqui temos um tema importantíssimo para a Vida Cultural e o Património Arquitectónico/ Interiores da Cidade do Porto, a sua Identidade e Memória Colectiva ... Um Tema, sem dúvida a ser tratado nas eleições Autárquicas !
António Sérgio Rosa de Carvalho


O café fechou, mas o painel da “Brazileira“ regressou ao Porto


Recuperação dos azulejos do muro da Rua do Dr. Ricardo Jorge levou cerca de um ano e custou mais de cinco mil euros à câmara

A cafetaria está fechada, mas o anúncio publicitário em azulejos que garante que “O melhor café é o da Brazileira”, assim mesmo, com “z”, conforme a grafia original da casa, regressou ao local de origem, sobre um muro na Rua do Dr. Ricardo Jorge, no Porto. O restauro durou cerca de um ano.

4 Mar 2013 Edição Público Porto / Património por Patrícia Carvalho

No ano passado, montaram-se andaimes junto ao muro e, quando estes desapareceram, o mesmo aconteceu ao painel publicitário, com o slogan em letras de azul-cobalto sobre fundo branco. Na altura, a Câmara do Porto explicou ao PÚBLICO que “o estado de degradação do painel” levara à necessidade de o retirar, para reabilitação. O que fosse recuperável seria tratado, o que já não tivesse remédio seria substituído. O trabalho contou com a participação do banco de materiais da câmara, mas foi preciso pagar quase cinco mil euros a um especialista para concluir o restauro.

Por isso, agora, quando os andaimes reapareceram, toda a gente advinhou que o painel estava de volta. E, pouco a pouco, palavra a palavra, ele lá regressou ao seu ponto de origem. Difícil será comprovar a veracidade da frase publicitária, uma vez que a Brasileira está, actualmente, fechada.

A casa abriu no Porto, em 1903, como espaço de venda de café. O farmacêutico Adriano Telles, que criou o negócio, levou para a cidade a novidade de servir café em chávena, oferecendo esta bebida a quem comprasse um saco de café moído. Em 1938, depois de várias fases de obras de alargamento, abria a cafetaria que se tornaria um marco da cidade, antes de se expandir para outras cidades do país, como Lisboa ou Braga.

Poucos duvidam de que a frase publicitária inscrita no painel portuense e repetida, onde houvesse espaço livre, um pouco por todo o país, contribuiu, e muito, para o sucesso do negócio.

Agora que o painel parece ter, pelo menos, mais umas décadas de vida garantidas, falta saber o que acontecerá à casa que lhe deu origem e que vive um processo conturbado, desde, pelo menos, 2008.

Nesse ano o espaço foi encerrado, por ordem do BPI, depois de o tribunal ter considerado nulo um negócio de venda d’A Brasileira, devolvendo a casa ao banco. O espaço na Rua de Sá da Bandeira voltaria, contudo, a reabrir, mas no final de Janeiro os 15 funcionários encontraram, de novo, a casa encerrada e as fechaduras trocadas.

O PÚBLICO tentou, sem sucesso, obter esclarecimentos do BPI sobre o futuro do café-restaurante. Entretanto, para a memória colectiva, fica o painel que a Câmara do Porto descreve como sendo “simples, em azulejo, onde o letrismo pintado a azul-cobalto sobressai no fundo branco, sendo o conjunto delimitado por moldura no mesmo tom de azul”. Sem ervas pelo meio e já sem risco de tombar sobre quem passa no passeio.

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