Cem militantes do BE criticam nova "megacorrente" e falta de democracia interna
Por Agência Lusa, publicado em 8 Mar 2013 in (jornal) i online
Mais de cem bloquistas subscrevem um texto crítico da criação de uma nova "megacorrente", em que consideram que o problema do BE está na falta de democracia interna e em "lógicas de negociação à margem dos principais órgãos".
Este texto, enviado à agência Lusa, é subscrito por 101 militantes do BE, entre os quais João Madeira, Albérico Afonso, Helena Carmo ou Teodósio Alcobia, pertencentes à moção B (também apoiada por Daniel Oliveira), que contesta o rumo seguido pela direção do partido e que na última convenção elegeu cerca de um quarto dos membros da Mesa Nacional.
Estes bloquistas criticam o que dizem ser "uma inflexão de discurso" de um "grupo restrito de dirigentes" que vem "dispersar a concentração do partido em relação às prioridades definidas em Convenção, introduzindo fatores de perturbação interna perfeitamente dispensáveis" como a criação da nova corrente, designada Socialismo.
"Os militantes abaixo-assinados lembram que o grande combate que o Bloco tem pela frente é a derrota das políticas da ‘troika’, do governo e das direitas que o sustentam", advogam, considerando que "o processo de lançamento da ideia corresponde, infelizmente, a um padrão já pouco original".
"Propaga-se em círculos, labora dentro das estruturas de direção executiva do BE, alarga-se às correntes fundadoras, mas mantém sigilo em relação à grande maioria dos aderentes. Isto é, em relação àqueles que, militando no BE, nunca pertenceram, já não pertencem ou, pertencendo a qualquer das correntes, vêm expressando grande desconforto com esta forma de fazer as coisas", resumem estes militantes.
Para esta centena de bloquistas, o problema do partido "não está nas correntes em si, mas no modo como condicionam e asfixiam a sua vida interna".
"Do nosso ponto de vista, podem existir três, duas, quatro, uma, vinte correntes. O problema está, de facto, na vida democrática do BE e, particularmente, nos mecanismos de decisão política que, com demasiada frequência, obedecem a lógicas de negociação à margem dos principais órgãos (mesa nacional, comissão política, estruturas regionais)", sustentam.
Neste texto, a corrente Socialismo, "contrariamente ao que proclama, não constitui um corte com as anteriores conceções de equilíbrio negociado entre as correntes, antes assegurando uma continuidade das mesmas práticas, mas em novos moldes".
"Do que o BE precisa é de mais espaço político interno, onde possam emergir, instalar-se e consolidar-se dinâmicas verdadeiramente democráticas e participativas, que atravessem, de cima a baixo, todas as estruturas e envolvendo todas e todos os aderentes", defendem os militantes.
No início da semana, o dirigente bloquista José Manuel Pureza adiantou à Lusa que a criação da corrente Socialismo, proposta inicialmente com Francisco Louçã e João Semedo, vai avançar, apesar das críticas internas da UDP.
Pureza disse que nas próximas semanas será discutida esta proposta com a realização de reuniões internas em todo o país e que dentro de um mês será agendada a conferência fundadora.
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