segunda-feira, 6 de julho de 2020

Medina quer transformar alojamentos Airbnb em casas para profissionais de serviços essenciais / After coronavirus, Lisbon is getting rid of Airbnb and turning short-term holiday rentals into homes for key workers



Mais vale tarde do que nunca! Durante anos Fernando Medina deu rédea solta à AIRBNB e outras plataformas ( em oposição e em contraste com muitas outras cidades europeias e respectivos autarcas / Barcelona, Amsterdão etc., etc., ) com as conhecidas consequências que ele próprio agora vem  reconhecer … enfim … políticos e politiqueiros…
OVOODOCORVO

LISBOA
Medina quer transformar alojamentos Airbnb em casas para profissionais de serviços essenciais

Num artigo de opinião para o jornal britânico The Independent, Fernando Medina detalha os planos de Lisboa para um futuro com menos turistas.

Karla Pequenino 6 de Julho de 2020, 0:01

Fernando Medina quer que a cidade portuguesa seja vista como um exemplo do potencial de transformar antigos alojamentos para turistas em casas para trabalhadores de serviços essenciais, com rendas mais acessíveis.

“Como muitas outras cidades, estamos a reavaliar as nossas prioridades pós-pandemia”, começou por escrever o presidente da Câmara de Lisboa num artigo de opinião publicado este sábado no jornal britânico The Independent, em que fala sobre o programa português Renda Segura e o futuro da cidade com menos turistas.

“Nos últimos anos, Lisboa tem beneficiado enormemente dos milhões de turistas que preenchem as ruas de calçada —”, reconhece Medina. “—mas pagámos um preço social.”

Com mais de quatro milhões de visitantes por ano, os 500 mil residentes de Lisboa estavam em risco de serem “esmagados pelo turismo de massa”. O aumento de “alugueres temporários do tipo Airbnb” e o aumento de rendas associado, levou muitos trabalhadores de serviços essenciais a sair do centro de Lisboa, com residentes idosos ameaçados de despejo.

Medina defende que as mudanças causadas pela chegada da pandemia de covid-19 a Portugal são a oportunidade para voltar a “colocar os trabalhadores essenciais, que guiaram Lisboa ao longo da crise de covid-19, no topo”.

O mês de Maio confirmou a paralisação do mercado de Alojamento Local (AL) no país, com as taxas médias de ocupação a cair para 5% em Lisboa e 3% no Porto.

“É possível dar prioridades a alojamentos acessíveis a profissionais de hospitais, trabalhadores do sector de transportes, professores e milhares de outras pessoas que fornecem os nossos serviços essenciais”, frisa Medina no artigo de opinião publicado no jornal inglês. O programa Renda Segura, apresentado em Fevereiro, quando a covid-19 ainda não tinha sido declarada uma pandemia, é uma das propostas que o autarca refere. A ideia, que é mais um braço do Programa de Renda Acessível da autarquia, prevê que seja a câmara a arrendar casas aos proprietários para depois subarrendá-las à população.

Medina reconhece que a estratégia é “ousada”, mas acredita que faz parte do futuro das cidades globais. “De Melbourne a Paris, a maré está a virar-se contra a expansão urbana e a voltar-se para centros de cidade revitalizados onde os residentes podem chegar aos principais serviços, como médicos, escolas e lojas, a uma distância a pé de 20 minutos”, considera.

O tom do autarca é positivo. Apesar das perdas com o turismo, Medina também vê a nova abordagem como parte da solução para os desafios da crise climática e de saúde pública. “Menos veículos na estrada significa menos poluição e menos emissões nocivas que envenenam o ar que respiramos”, escreve o presidente da Câmara.

Além do programa Renda Segura, o autarca de Lisboa fala ainda de como a Câmara está a trabalhar com empresas privadas para renovar edifícios negligenciados e criar mais alojamento acessível. “Nada disto quer dizer que não queremos turismo ou que não precisamos que os visitantes regressem a Lisboa”, sublinha Fernando Medina perto do final do seu texto. “É simplesmente altura de fazermos as coisas de forma diferente.”

After coronavirus, Lisbon is getting rid of Airbnb and turning short-term holiday rentals into homes for key workers

A third of the city centre is taken up with holiday rentals. As mayor of Lisbon, I want to bring those who are our lifeblood back to the city centre as we make it greener

Fernando Medina

The mayor of Lisbon is offering to pay landlords to turn thousands of short-term lets into 'safe rent' homes for key workers.
Like many cities, we’re reassessing our post-pandemic priorities and putting the key workers that drove Lisbon through the Covid-19 crisis at the top of the list. Now is the moment to do things differently.

Lisbon has benefited enormously in recent years from the millions of tourists who throng our cobbled streets and enjoy our world-famous restaurants and bars, but we’ve paid a social price.

Essential workers and their families have increasingly been forced out as Airbnb-style holiday rentals have taken over a third of Lisbon’s city centre properties, pushing up rental prices, hollowing out communities and threatening its unique character.

Now we want to bring the people who are Lisbon’s lifeblood back to the centre of the city as we make it greener, more sustainable and ultimately, a better place to both live and visit.

Prioritising affordable housing for the hospital staff, transport workers, teachers and thousands of others who provide our essential services is possible. We’re offering to pay landlords to turn thousands of short-term lets into “safe rent” homes for key workers.

It’s a bold strategy that offers landlords long-term, stable incomes and gives us the chance to recreate a more vibrant, healthier and equitable city.

From Melbourne to Paris, the tide is turning against urban sprawl and back to revitalised city centres where residents can reach key services, like doctors, schools and shops all within a 20-minute walk.

With many more people likely to be permanently working from home, it makes sense for more Lisboetas to swap the suburbs for the city where they can easily access public transport, services and take advantage of festivals and concerts.

Crucially, this approach will also help tackle the climate crisis and improve public health. Denser cities mean fewer people commuting into the centre each day. Fewer vehicles on the road means less pollution and harmful emissions that poison the air we breathe, while also contributing to global warming. In cities around the world, we’ve seen incredible improvements in air quality during the Covid-19 lockdown. As we reopen our cities, we must not return to business as usual.

That’s why, in Lisbon, we’re adding cycle lanes and creating green areas and public spaces to give people more places to socialise and exercise. As mayor, I am determined to create a better future from the tragedy of the coronavirus pandemic.

With over 4 million visitors a year, Lisbon’s 500,000 citizens are in danger of becoming overwhelmed by mass tourism. Turning Airbnb-style homes into “safe rentals” is a bold plan but it’s not the only way we’re reinvigorating the centre of the city where property prices have rocketed in recent years.

We’re working closely with the private companies renovating some of the city’s neglected buildings to ensure they create much-needed affordable housing in the process.

For decades, many of our elderly residents have been threatened with eviction as pressure has grown to convert more properties into holiday lets. So, we’ve started a programme to ensure they can stay in their homes and don’t lose their deep-rooted ties to the city.

None of this means we don’t want tourism or need visitors to return to Lisbon as quickly as possible.

It’s simply time we do things differently and visitors will ultimately benefit. They’ll find a cleaner, greener, living city rather than one that’s in danger of becoming a beautiful museum.

The pandemic has brought unbelievable loss and hardship to the people of Lisbon and cities around the world. We must not allow this moment of profound trauma and disruption pass and simply return to business as usual. That is a world destined for catastrophic climate change and gross inequality.

Internationally, I am working with a group of my fellow mayors – from Milan, Melbourne, Freetown, Seoul and many more cities from across the C40 network – to determine what a green and just recovery from the Covid-19 pandemic looks like.

At home in Lisbon, we are determined to seize this moment and create a new path for our city to ensure it remains healthy, vibrant and open for all.

Fernando Medina is the mayor of Lisbon

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