Mais vale tarde
do que nunca! Durante anos Fernando Medina deu rédea solta à AIRBNB e outras plataformas
( em oposição e em contraste com muitas outras cidades europeias e respectivos
autarcas / Barcelona, Amsterdão etc., etc., ) com as conhecidas consequências
que ele próprio agora vem reconhecer … enfim … políticos e politiqueiros…
OVOODOCORVO
LISBOA
Medina quer transformar alojamentos Airbnb em casas para
profissionais de serviços essenciais
Num artigo de opinião para o jornal britânico The
Independent, Fernando Medina detalha os planos de Lisboa para um futuro com
menos turistas.
Karla Pequenino 6
de Julho de 2020, 0:01
Fernando Medina
quer que a cidade portuguesa seja vista como um exemplo do potencial de
transformar antigos alojamentos para turistas em casas para trabalhadores de
serviços essenciais, com rendas mais acessíveis.
“Como muitas
outras cidades, estamos a reavaliar as nossas prioridades pós-pandemia”,
começou por escrever o presidente da Câmara de Lisboa num artigo de opinião
publicado este sábado no jornal britânico The Independent, em que fala sobre o
programa português Renda Segura e o futuro da cidade com menos turistas.
“Nos últimos
anos, Lisboa tem beneficiado enormemente dos milhões de turistas que preenchem
as ruas de calçada —”, reconhece Medina. “—mas pagámos um preço social.”
Com mais de
quatro milhões de visitantes por ano, os 500 mil residentes de Lisboa estavam
em risco de serem “esmagados pelo turismo de massa”. O aumento de “alugueres
temporários do tipo Airbnb” e o aumento de rendas associado, levou muitos
trabalhadores de serviços essenciais a sair do centro de Lisboa, com residentes
idosos ameaçados de despejo.
Medina defende
que as mudanças causadas pela chegada da pandemia de covid-19 a Portugal são a
oportunidade para voltar a “colocar os trabalhadores essenciais, que guiaram
Lisboa ao longo da crise de covid-19, no topo”.
O mês de Maio
confirmou a paralisação do mercado de Alojamento Local (AL) no país, com as
taxas médias de ocupação a cair para 5% em Lisboa e 3% no Porto.
“É possível dar
prioridades a alojamentos acessíveis a profissionais de hospitais,
trabalhadores do sector de transportes, professores e milhares de outras
pessoas que fornecem os nossos serviços essenciais”, frisa Medina no artigo de
opinião publicado no jornal inglês. O programa Renda Segura, apresentado em
Fevereiro, quando a covid-19 ainda não tinha sido declarada uma pandemia, é uma
das propostas que o autarca refere. A ideia, que é mais um braço do Programa de
Renda Acessível da autarquia, prevê que seja a câmara a arrendar casas aos
proprietários para depois subarrendá-las à população.
Medina reconhece
que a estratégia é “ousada”, mas acredita que faz parte do futuro das cidades
globais. “De Melbourne a Paris, a maré está a virar-se contra a expansão urbana
e a voltar-se para centros de cidade revitalizados onde os residentes podem
chegar aos principais serviços, como médicos, escolas e lojas, a uma distância
a pé de 20 minutos”, considera.
O tom do autarca
é positivo. Apesar das perdas com o turismo, Medina também vê a nova abordagem
como parte da solução para os desafios da crise climática e de saúde pública.
“Menos veículos na estrada significa menos poluição e menos emissões nocivas
que envenenam o ar que respiramos”, escreve o presidente da Câmara.
Além do programa
Renda Segura, o autarca de Lisboa fala ainda de como a Câmara está a trabalhar
com empresas privadas para renovar edifícios negligenciados e criar mais
alojamento acessível. “Nada disto quer dizer que não queremos turismo ou que
não precisamos que os visitantes regressem a Lisboa”, sublinha Fernando Medina
perto do final do seu texto. “É simplesmente altura de fazermos as coisas de
forma diferente.”
After coronavirus, Lisbon is getting rid of
Airbnb and turning short-term holiday rentals into homes for key workers
A third of the city centre is taken up with holiday
rentals. As mayor of Lisbon, I want to bring those who are our lifeblood back
to the city centre as we make it greener
Fernando Medina
The mayor
of Lisbon is offering to pay landlords to turn thousands of short-term lets
into 'safe rent' homes for key workers.
Like many
cities, we’re reassessing our post-pandemic priorities and putting the key
workers that drove Lisbon through the Covid-19 crisis at the top of the list.
Now is the moment to do things differently.
Lisbon has
benefited enormously in recent years from the millions of tourists who throng
our cobbled streets and enjoy our world-famous restaurants and bars, but we’ve
paid a social price.
Essential
workers and their families have increasingly been forced out as Airbnb-style
holiday rentals have taken over a third of Lisbon’s city centre properties,
pushing up rental prices, hollowing out communities and threatening its unique
character.
Now we want
to bring the people who are Lisbon’s lifeblood back to the centre of the city
as we make it greener, more sustainable and ultimately, a better place to both
live and visit.
Prioritising
affordable housing for the hospital staff, transport workers, teachers and
thousands of others who provide our essential services is possible. We’re offering
to pay landlords to turn thousands of short-term lets into “safe rent” homes
for key workers.
It’s a bold
strategy that offers landlords long-term, stable incomes and gives us the
chance to recreate a more vibrant, healthier and equitable city.
From
Melbourne to Paris, the tide is turning against urban sprawl and back to
revitalised city centres where residents can reach key services, like doctors,
schools and shops all within a 20-minute walk.
With many
more people likely to be permanently working from home, it makes sense for more
Lisboetas to swap the suburbs for the city where they can easily access public
transport, services and take advantage of festivals and concerts.
Crucially,
this approach will also help tackle the climate crisis and improve public
health. Denser cities mean fewer people commuting into the centre each day.
Fewer vehicles on the road means less pollution and harmful emissions that
poison the air we breathe, while also contributing to global warming. In cities
around the world, we’ve seen incredible improvements in air quality during the
Covid-19 lockdown. As we reopen our cities, we must not return to business as
usual.
That’s why,
in Lisbon, we’re adding cycle lanes and creating green areas and public spaces
to give people more places to socialise and exercise. As mayor, I am determined
to create a better future from the tragedy of the coronavirus pandemic.
With over 4
million visitors a year, Lisbon’s 500,000 citizens are in danger of becoming
overwhelmed by mass tourism. Turning Airbnb-style homes into “safe rentals” is
a bold plan but it’s not the only way we’re reinvigorating the centre of the
city where property prices have rocketed in recent years.
We’re
working closely with the private companies renovating some of the city’s
neglected buildings to ensure they create much-needed affordable housing in the
process.
For
decades, many of our elderly residents have been threatened with eviction as pressure
has grown to convert more properties into holiday lets. So, we’ve started a
programme to ensure they can stay in their homes and don’t lose their
deep-rooted ties to the city.
None of
this means we don’t want tourism or need visitors to return to Lisbon as
quickly as possible.
It’s simply
time we do things differently and visitors will ultimately benefit. They’ll
find a cleaner, greener, living city rather than one that’s in danger of
becoming a beautiful museum.
The
pandemic has brought unbelievable loss and hardship to the people of Lisbon and
cities around the world. We must not allow this moment of profound trauma and
disruption pass and simply return to business as usual. That is a world
destined for catastrophic climate change and gross inequality.
Internationally,
I am working with a group of my fellow mayors – from Milan, Melbourne,
Freetown, Seoul and many more cities from across the C40 network – to determine
what a green and just recovery from the Covid-19 pandemic looks like.
At home in
Lisbon, we are determined to seize this moment and create a new path for our
city to ensure it remains healthy, vibrant and open for all.
Fernando
Medina is the mayor of Lisbon
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