Deputados do PS pedem à Câmara de
Lisboa que “assuma compromissos” com as creches
PS aprovou ontem uma recomendação do PCP que condena redução, proposta pela
câmara, das vagas para crianças carenciadas
Inês Boaventura /
9 jul 2014 / PÚBLICO
O vice-presidente
da Câmara de Lisboa bem insistiu na tese de que esta não deve financiar as
creches por si criadas ao abrigo do programa B.á.Bá, mas a sua argumentação não
foi suficiente para travar a aprovação pela assembleia municipal de uma
recomendação pedindo ao município que “assuma os compromissos” com as
instituições particulares de solidariedade social (IPSS) que as gerem. Até os deputados municipais do PS votaram favoravelmente.
Na origem dessa
recomendação, apresentada pelo PCP, está o facto de a câmara se preparar para
aprovar, na reunião de hoje, uma proposta visando a alteração dos termos dos
contratos de arrendamento celebrados com as entidades gestoras das creches. Entre
outros aspectos, propõe-se que baixe de 25% para 20% a percentagem de vagas que
tem de ser reservada para crianças de famílias com menores rendimentos.
“É uma situação
que não podemos aceitar”, declarou a deputada municipal Ana Páscoa,
classificando a proposta do executivo municipal como “extremamente gravosa”. Para
a eleita do PCP, a alteração sugerida “contraria o assumido pela câmara e
desvirtua o próprio espírito do projecto” e, em seu entender, “pode significar
mesmo o fim do B.á.Bá”.
Também o deputado
independente Fernando Nunes da Silva, que no anterior mandato era vereador da
maioria, disse não entender como é que a câmara admite reduzir o número de
vagas destinadas a crianças carenciadas. Para evitar ter de o fazer, defendeu,
“bastaria ter mais cuidado com os projectos de arquitectura e com a escolha dos
materiais” usados na construção das creches, instaladas em estruturas
modulares.
O vice-presidente
da câmara lá foi dizendo que esta “assumiu responsabilidades financeiras que
não têm paralelo com aquilo que a generalidade dos municípios fez” na área da
infância e que não lhe competia financiar o funcionamento dos equipamentos,
substituindo-se ao Governo.
“Assumo a total
responsabilização do município para com esta matéria, mas não se pode pedir o
que não está nas suas atribuições”, acrescentou Fernando Medina. O autarca
disse que espera ter “nas próximas semanas” notícias sobre o desfecho do
“diálogo” em curso com a Segurança Social relativamente a este assunto.
Aquilo que o
autarca socialista não esclareceu é se, como vêm dizendo as IPSS que assumiram
a gestão das creches, o anterior vereador da Educação, Manuel Brito, se
comprometeu ou não a apoiar financeiramente estes equipamentos até que o
Governo o fizesse, durante um período previsível de dois anos.
Na recomendação
que foi aprovada ontem pela assembleia municipal diz-se que esse “acordo verbal
não terá sido cumprido”, deixando as instituições que gerem as creches “numa
situação financeira muito complicada”, pelo que se pede à câmara que “assuma os
compromissos com as IPSS”. Os deputados do PS votaram a favor, como, aliás,
fizeram todas as outras forças políticas, o que não deixou de causar alguma
estranheza entre os eleitos da oposição.
Também por
unanimidade, a assembleia aprovou duas propostas, relativas à contratação de 50
bombeiros e de 150 cantoneiros. Vários deputados da oposição consideraram estes
números insuficientes e criticaram o facto de a câmara só agora avançar com
estas contratações.
Fernando Medina
afirmou que, por lei, o município está obrigado a diminuir anualmente o seu
efectivo, enquanto o vereador da Protecção Civil, Carlos Castro, anunciou que a
intenção do executivo é reforçar o Regimento de Sapadores Bombeiros com meia
centena de trabalhadores a cada ano.
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