Governo catalão quer bloquear
Airbnb
O Governo regional da Catalunha anunciou hoje que está a estudar impedir o
acesso na região à plataforma de partilha de quartos Airbnb, um êxito da
"economia colaborativa", por considerar ilegal a oferta desta
empresa.
08/07/2014 in SOL
online
A decisão surge
num momento de crescente debate europeu sobre este mercado alternativo, que
afecta empresas como a Airbnb, a Uber - de uso de carros privados em cidades
europeias - e outras.
Em Espanha, a
entrada no mercado da Uber levou a uma greve de táxis em várias cidades e a
Airbnb suscitou já protestos do sector hoteleiro convencional, com a Comissão
Europeia a remeter para a legislação nacional para determinar o que fazer no
caso deste tipo de iniciativas.
O responsável do
Governo regional catalão para a área de Empresa e Emprego, Felip Puig, explica
em comunicado que para conseguir o objectivo de bloquear o acesso à Airbnb se
vai pedir a colaboração das operadoras que fornecem serviços de
telecomunicações.
"Sob o nome
de economia colaborativa não se podem alterar as regras do jogo, que devem ser
as mesmas para toda a gente", explica.
No comunicado, a
Generalitat (Governo regional catalão) explica ter decidido sancionar a Airbnb
por "comercializar quatros individuais em casas particulares", por
considerar que é uma oferta ilegal à margem da lei e que podem não ter garantia
nem qualidade.
Em causa está uma
plataforma que começou em 2008 com uma ideia de dois amigos para montar dois
colchões de ar numa sala em São Francisco, alugados a quem quisesse férias
diferentes, e que desde aí cresceu para uma rede com mais de 600 mil anúncios
em 35 mil cidades.
A Airbnb
(airbnb.pt) é uma das histórias de êxito de 'share economy', o conceito do
"mercado comunitário de confiança", uma rede que une vendedores e
consumidores privados, neste caso, para alojamentos em todo o mundo.
O responsável da
Airbnb Espanha e Portugal, Jeroen Merchiers, explicou recentemente em Barcelona
que a plataforma ajuda dezenas de milhares de famílias a pagar as contas e, ao
mesmo tempo, a fornecer experiências únicas a um grupo que já atingiu os 14
milhões de hóspedes.
Só no último ano
o impacto financeiro em Barcelona atingiu os 128 milhões de euros, com as mais
de 10 mil famílias que alugam quartos a terem receitas mensais médias de 221
euros - a maioria aluga apenas um quarto - que normalmente (60%) destinam para
gastos domésticos básicos.
"Tem um
enorme impacto na sociedade, na vida de milhares de famílias. E os hóspedes
também saem satisfeitos com uma experiência única. Note-se que 92% dos hóspedes
recomendariam o serviço a um amigo", comentou.
Ao mesmo tempo
amplia-se o impacto no comércio local com os hóspedes a gastarem em média 263
euros nos estabelecimentos mais próximos ao sítio onde ficam a dormir.
O Governo
regional rejeita os argumentos da Airbnb explicando que no âmbito de uma
investigação sobre a comercialização online de casas e apartamentos de uso
turístico se verificaram 2.000 páginas de internet que resultaram na abertura
de 55 processos.
Oito desses
processos levaram à aplicação de sanções, uma das quais, de 30 mil euros, à
Airbnb.
Puig insistiu que
o Governo catalão "não está contra a economia colaborativa", mas que
em qualquer modelo se devem respeitar as leis e regras em vigor, já que
"colaborativa não significa submergida, contratação ilegal, fraude fiscal
ou riscos para os consumidores".
O responsável
catalão explica que a decisão se insere nos esforços "importantes" de
apostar na qualidade dos serviços prestados aos consumidores e aos turistas que
visitam a região.
Lusa/SOL
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