Pais de Madeleine McCann alegam
que livro de Gonçalo Amaral “é chocante”
Casal McCann prestou declarações durante o julgamento que decorreu no
Palácio da Justiça, em Lisboa
9 jul 2014 / PÚBLICO
Os pais de
Madeleine McCann afirmaram ontem em tribunal que o livro do ex-inspector da PJ
Gonçalo Amaral “é chocante” e foi “uma afronta” para a família da criança
desaparecida no Algarve. “Antes e durante a leitura do livro, senti angústia,
desespero e raiva”, declarou Gerry McCann, pai de Madeleine McCann, que
desapareceu na noite de 3 de Maio de 2007.
NELSON GARRIDO
Já Kate McCann
disse que sentiu “desespero por causa das injustiças” publicadas no livro do
ex-inspector da PJ, tendo sido “muito doloroso”, uma vez que a publicação
insinua a participação dos pais no desaparecimento da criança.
O casal McCann
prestou declarações durante o julgamento que decorre no Palácio da Justiça, em
Lisboa, do processo em que pedem uma indemnização de 1,2 milhões de euros por
difamação ao ex-inspector da PJ. Os pais de Madeleine McCann consideraram que o
livro, lido por centenas de milhares de pessoas, pôs em causa a continuação da
investigação sobre o desaparecimento da filha e levou a que a maioria da
população portuguesa acreditasse que a criança estava morta e que tivessem
encenado um rapto.
“Quando o
processo foi arquivado, ficou claro que não havia prova de que Maddie estava
morta e de que os pais não eram os responsáveis pela ocultação do cadáver. Depois
da publicação do livro, a maioria da população portuguesa não acreditou nisso”,
disse Gerry McCann, acrescentando que “espera obter justiça para a Maddie e
para o resto da família muito em breve”.
Em tribunal, o
novo advogado do ex-inspector da PJ, Miguel Rodrigues, tentou mostrar que o
casal inglês não está destruído socialmente, tendo em conta a participação em
eventos e o apoio de várias personalidade públicas.
No final da
sessão, Miguel Rodrigues disse, citado pela Lusa, que “não se justifica esta
alegada destruição social”, adiantando que vai analisar o indeferimento do
tribunal para que o ex-inspector da PJ preste declarações. Miguel Rodrigues
sustentou ainda que Gonçalo Amaral está a ser perseguido. “Parece-me óbvio que
há uma perseguição, tudo o que está no livro também está no inquérito, por que
é que o Estado português não foi processado?”, questionou.
Quanto à
investigação realizada no Algarve pela polícia britânica, os pais de Madeleine
McCann afirmaram que estão satisfeitos por estar a decorrer uma “averiguação
activa”, sublinhando que querem que o trabalho continue até que se descubra a
verdade. “Há ainda muito para fazer. É uma investigação muito complexa”, disse
o pai.
Neste processo,
que já motivou o pedido de arresto de bens a Gonçalo Amaral como medida
cautelar, o casal McCann, que considera que foram violados direitos, liberdades
e garantias da família, pede uma indemnização de 1,2 milhões de euros ao
inspector da PJ que investigou o desaparecimento de Madeleine, ocorrido a 3 de
Maio de 2007.
No livro Maddie:
A Verdade da Mentira, o ex-coordenador do Departamento de Investigação Criminal
da Polícia Judiciária de Portimão defende o suposto envolvimento de Kate e
Gerry McCann no desaparecimento da criança e na ocultação de cadáver. As
alegações finais, previstas para amanhã, foram adiadas porque os pais da
Madeleine McCann pediram à Autoridade Tributária e Aduaneira informações
fiscais sobre os lucros obtidos com o livro, tendo o tribunal aceite.
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