Misericórdia de Lisboa vai investir
cinco milhões de euros na antiga Mitra
JOSÉ ANTÓNIO
CEREJO e INÊS BOAVENTURA 09/07/2014 - PÚBLICO
Programa Mitra prevê a criação de respostas sociais para 500 pessoas
vulneráveis numa propriedade que a Câmara vai entregar à Misericórdia
O executivo da
Câmara de Lisboa aprovou nesta quarta-feira, por unanimidade, a transmissão à
Santa Casa da Misericórdia dos terrenos e construções do antigo asilo da Mitra,
na zona do Beato.
A entrega da propriedade, onde a Misericórdia
pretende desenvolver um projecto social que qualifica como “inovador e único”, será
efectuada no âmbito de um plano de permutas de terrenos negociado em 1964 entre
as duas entidades, mas que nunca tinha sido concluído.
A gestão do
antigo Albergue da Mendicidade tinha já sido sido entregue à Misericórdia de
Lisboa pela Segurança Social, em 2011, embora a propriedade continuasse a
pertencer ao município. As instalações do agora chamado Centro de Apoio Social
de Lisboa ocupam uma área de quase dois hectares (18.150 m2 ), nas traseiras
do Palácio da Mitra, também propriedade da autarquia, na Rua do Açucar. A
quinta do antigo palácio episcopal acolheu uma fábrica metalúrgica no início do
século passado, vindo os pavilhões em que funcionava a ser transformados em
asilo em 1933.
O projecto da
Misericórdia de Lisboa consiste na criação de um “pólo de inovação social”
destinado a pessoas sem abrigo e “outros públicos vulneráveis” que custará
cerca de cinco milhões de euros. Segundo a instituição, o programa Mitra, que
agora será lançado, “apoiará mais de 500 pessoas de forma directa e indirecta”.
Na proposta
aprovada pela câmara lê-se que será ali instalado “um conjunto de valências”,
que inclui a “oferta habitacional protegida/assistida, o emprego protegido, as
respostas à demência, a ocupação de pessoas vulneráveis” e “o desenvolvimento de respostas comerciais e
produtivas assentes em métodos integradores (restaurante social, lavandaria
comunitária, agricultura e oficinas protegidas)”.
Uma outra
proposta agendada para a reunião camarária de ontem e que visava a alteração
dos termos dos contratos de arrendamento celebrados com as entidades gestoras
das creches criadas ao abrigo do programa B.á.Bá foi retirada pela maioria.
Carlos Moura,
vereador do PCP, considera que isso “era expectável”, depois de a Assembleia
Municipal ter aprovado por unanimidade, na terça-feira, uma recomendação
pedindo ao município que assumisse os seus compromissos nesta matéria
(http://www.publico.pt/local/noticia/deputados-do-ps-pedem-a-camara-de-lisboa-que-assuma-compromissos-com-gestoras-de-creches-1662138).
Tanto João
Gonçalves Pereira, do CDS, como António Prôa, do PSD, dizem-se preocupados com
este assunto e manifestam a expectativa de que ele possa ser clarificado
rapidamente, por forma a tranquilizar as famílias das crianças que frequentam
estas creches.
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