sexta-feira, 11 de julho de 2014

Reestruturação da dívida. Costa diz que este não é o momento certo para discutir o assunto

Costa evita, assim, pronunciar-se sobre a reestruturação da dívida - nomeadamente sobre a proposta avançada por um dos seus apoiantes, o presidente da Federação de Aveiro do PS, o economista Pedro Nuno Santos, em conjunto com Francisco Louçã, Ricardo Cabral e Eugénia Pires.

Reestruturação da dívida. Costa diz que este não é o momento certo para discutir o assunto
Por Ana Sá Lopes e Susete Francisco
publicado em 11 Jul 2014 in (jornal) i online

Costa demarca-se de propostas que conduzam Portugal a não cumprir "escrupulosamente as suas obrigações e compromissos"
António Costa considera que este "não é o momento certo" para discutir uma eventual reestruturação da dívida do país. Segundo apurou o i junto de fontes próximas do candidato à sucessão de Seguro, Costa defende, em matéria de reestruturação de dívida, que "todas as propostas devem ser devidamente analisadas", mas "no momento certo, que não é agora". Só depois deverá ser escolhida "a solução que melhor sirva os interesses de Portugal".

Costa evita, assim, pronunciar-se sobre a reestruturação da dívida - nomeadamente sobre a proposta avançada por um dos seus apoiantes, o presidente da Federação de Aveiro do PS, o economista Pedro Nuno Santos, em conjunto com Francisco Louçã, Ricardo Cabral e Eugénia Pires. Para o candidato à sucessão de António José Seguro, o fundamental é "romper com a atitude do governo de ser mais papista do que o papa" e de "estar sempre do lado errado, defendendo a linha da austeridade cega contra os interesses de Portugal". A inspiração de Costa, neste momento, vai para o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi: "António Costa tem acompanhado com muito interesse e satisfação o posicionamento do primeiro-ministro Renzi, recentemente expresso no Parlamento Europeu na apresentação da presidência italiana", afirma ao i a fonte próxima.

Costa quer distanciar-se totalmente de qualquer ideia que possa colar o PS à frase "não pagamos". Qualquer proposta de reestruturação de dívida deve, na opinião do candidato, ter como condição "Portugal cumprir escrupulosamente as suas obrigações e compromissos".

GES PRESSIONA REESTRUTURAÇÃO O programa sustentável para a reestruturação da dívida portuguesa, um estudo assinado pelos economistas foi ontem apresentado publicamente, com Francisco Louçã a defender que a actual crise no Grupo Espírito Santo (GES) é mais um sinal da necessidade de reestruturar a dívida.

"Já temos um problema sistémico, há um castelo de cartas do qual se tirou uma peça e que está a cair. Agora é necessário reestruturar a dívida para travar a continuação da subida da dívida. O problema já cá está, queremos é resolvê-lo em vez de o agravar como o governo faz", defendeu o economista, acrescentando que "estamos a viver uma tempestade no verão" - "Daqui a uma semana o GES entrará em default no Luxemburgo e na Suíça se não pagar 900 milhões de euros à PT, num arranjo muito estranho que tem afundado as acções da PT, prejudicado o GES e o rating da República Portuguesa e toda a confiança no sistema bancário."


Qualificando a situação no Grupo Espírito Santo como "dramática", Louçã defendeu que "depois do que Portugal tem sofrido às mãos de Oliveira e Costa, Dias Loureiro, Jardim Gonçalves e Ricardo Salgado, os bancos são um risco sistémico e ameaçam a economia portuguesa". Por isso, "agora é o momento" para avançar com o saneamento dos passivos bancários - uma das medidas propostas no estudo ontem apresentado. De acordo com a proposta, os depósitos até aos 100 mil euros ficariam salvaguardados. Já os depósitos superiores a este montante teriam uma redução de 34%, recebendo em contrapartida acções dos bancos nesse valor nominal. Os quatro autores justificaram o estudo agora apresentado dizendo-se "fartos de palavras".

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