As próprias
palavras escritas a vermelho (”Descoloniza”) mostram que é a ignorância o motor
que, no fundo, aliado à fúria (que é legítima), tudo brutaliza.
“Avaliar este
acto perpetrado sobre uma estátua de alguém a quem os índios chamavam Payassu
("Padre Grande”, ou “Grande Pai") deveria merecer por parte dos
poderes não um apressado revisionismo histórico (em que Vieira e Salazar valem
o mesmo), mas uma aposta decidida nas Humanidades”
“O célebre Sermão
de Santo António aos Peixes é prova provada do amor à humanidade em todas as
suas formas. As próprias palavras escritas a vermelho ("Descoloniza")
mostram que é a ignorância – e a ausência dum saber sólido que a escola não
deu, que a educação, falha de Literatura e de Humanidades, não pode dar aos que
nasceram já nos anos 2000 – o motor que, no fundo, aliado à fúria (que é
legítima), tudo brutaliza. Avaliar este acto perpetrado sobre uma estátua de
alguém a quem os índios chamavam Payassu ("Padre Grande”, ou “Grande
Pai") deveria merecer por parte dos poderes não um apressado revisionismo
histórico (em que Vieira e Salazar valem o mesmo), mas uma aposta decidida nas
Humanidades. Só através duma educação centrada na compreensão da alteridade
poderemos vencer esta nova guerra em que os humilhados da História se viram
para as elites e lhes apontam – com toda a razão – os seus olhos de fome e de
miséria. Guerra, diga-se, que implica gestos simbólicos que não falhem o alvo.
Carmona fora do Panteão Nacional, eis o que seria um sinal dum Estado culto.”
António Carlos
Cortez

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