IMAGEM DE OVOODOCORVO
Opinião
A história do banco mau não tem fim
Paula Ferreira
Hoje às 00:03
O presidente da
República ficou estupefacto com a revelação de o Novo Banco precisar de mais
dinheiro do que o inicialmente previsto. Ficou Marcelo e, com certeza, muitos
outros portugueses. A notícia chegou via rádio, no início da tarde de domingo.
Em entrevista à Antena 1, António Ramalho anunciou com grande naturalidade: ao
banco não bastaria a verba acordada no contrato de venda. Uma declaração feita
no dia anterior à tomada de posse de João Leão, o novo ministro das Finanças,
que substitui Mário Centeno - de saída por razões não tornadas públicas, mas
que a questão do Novo Banco tornou pelo menos desconfortável a sua
continuidade.
O Novo Banco
pediu cerca de 3 mil milhões ao Fundo de Resolução de um total de 3,89 mil
milhões. Este ano fechou o primeiro trimestre com prejuízos de 180 milhões. A
pandemia terá agravado as contas. As más notícias, no entanto, não devem ter
acabado por aqui: todos os sinais apontam para que a verba acordada com o Fundo
de Resolução, mesmo depois de rapado o tacho, fique aquém das necessidades.
Mário Centeno
disse preto no branco o que qualquer português tinha já percebido: "o Novo
Banco foi a mais desastrosa resolução bancária feita alguma vez na
Europa". Uma decisão catastrófica apresentada como solução milagrosa. Uma
mentira, como se veio a provar, pois ao contrário do que nos quiseram fazer
crer, não foi fechado um banco mau (o BES) para ser criado um banco bom (o Novo
Banco). E a mentira, vinda de cidadãos eleitos, é uma ameaça à democracia.
Assim, António Costa devia pensar duas vezes antes de dizer que se as
auditorias provarem má gestão, o dinheiro emprestado terá de ser devolvido. Alguém
acredita?


Sem comentários:
Enviar um comentário