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Kim Jong-un reappears in North Korea after weeks
of speculation - reports
North Korean state media has released pictures
purportedly showing the leader attending the opening of a fertiliser factory
Justin
McCurry in Tokyo and agencies
Published
onSat 2 May 2020 03.40 BST
The North
Korean leader, Kim Jong-un, has appeared in public for the first time in almost
three weeks, according to state media, following speculation that he had been
seriously ill following heart surgery.
The state
news agency KCNA released photographs purportedly showing Kim opening a
fertilizer plant in Sunchon, north of the capital Pyongyang.
KCNA said
Kim, accompanied by other senior officials, including his influential younger
sister, Kim Yo-jong, cut a ribbon at a ceremony on Friday.
What
appeared to be thousands of people attending the event, many of them wearing
face masks, released balloons and “broke into thunderous cheers of ‘hurrah!’ for
the Supreme Leader,” the agency said.
The images
showed Kim smiling and talking to aides, as well as touring the plant. The
authenticity of the photos, published on the website of the official Rodong
Sinmun newspaper, could not be immediately verified.
Donald
Trump, who last week suggested the mystery surrounding Kim’s absence would be
solved “soon”, declined to comment on the KCNA report. “We’ll have something to
say about it at the appropriate time,” he told reporters at the White House.
The North
Korean leader was last seen in public on 11 April when he presided over a
Workers’ party politburo meeting. State media did published a single photograph
of Kim for well over two weeks after that date, but carried reports of his
daily routine, including diplomatic messages sent to other world leaders.
Speculation
over his whereabouts gathered pace after he missed the 15 April commemoration
of the birthday of his grandfather – and North Korea’s founder, Kim Il-sung –
which is the most important event in the country’s political calendar. It was
the first time the younger Kim had missed the event since becoming leader.
A day
earlier, he was not present at the launch of several short-range missiles,
despite having personally overseen similar launches in the past.
Rumours
that Kim, who succeeded his father Kim Jong-il in late 2011, was seriously
unwell began with a South Korean report claiming he had undergone a
“cardiovascular procedure” at Hyangsan hospital near Pyongyang on 12 April and
was recuperating at a villa in nearby Mount Myohyang.
Daily NK, a
Seoul-based website with secret contacts in the North, claimed Kim’s health had
deteriorated since last August due to heavy smoking, obesity and overwork. That
report was followed by claims by an unnamed US official, quoted by CNN, that
Kim was “in grave danger”.
Days later,
38 North, a Washington-based North Korea monitoring project, said it had
analysed satellite images it believed showed Kim’s train parked at Wonsan, a
resort on the east coast where the leader has a heavily guarded holiday home.
But the
office of the South Korean president, Moon Jae-in, said it detected no unusual
signs in North Korea or any emergency reaction by its ruling party, military
and cabinet. Seoul said it believed Kim was still managing state affairs but
staying at an unspecified location outside Pyongyang.
Defence
officials in the US said there was no evidence that Kim had lost control of the
country’s military.
North
Korean media did not offer an explanation for Kim’s absence in Saturday’s
report.
Last week,
the South Korean unification minister Kim Yeon-chul, who oversees engagement
with Pyongyang, said it was possible that Kim was taking precautions against
the coronavirus outbreak.
North Korea
continues to claim it has not recorded a single case of Covid-19, despite
sharing a border with China, where the outbreak is believed to have started.
Harry
Kazianis, senior director of Korean studies at the Center for the National
Interest think tank in Washington, said the coronavirus theory was plausible.
“The most likely explanation for
Kim’s absence is with North Korea declaring the coronavirus pandemic an
existential threat ... he most likely was taking steps to ensure his health or
may have been impacted in some way personally by the virus,” Kazianis said
after KCNA released the report.
It is not
the first time that Kim’s failure to appear in public has triggered speculation
about his health.
In 2014, he
dropped out of sight for nearly six weeks before reappearing with a walking
stick. Days later, South Korea’s spy agency said he had undergone surgery to
remove a cyst from his ankle.
ANÁLISE
Muitos rezam para que Kim esteja vivo
Em coma ou em quarentena? O temor de uma crise de
sucessão em Pyongyang reabriu subitamente a “questão norte-coreana” e o pânico
de um colapso do regime. Pequim poderá estar a espreitar uma grande
oportunidade.
JORGE ALMEIDA
FERNANDES
2 de Maio de
2020, 6:16
Quando o mundo
está dominado pelo “monotema” da covid-19, surge uma diversão: que é feito do
Presidente Kim Jong-un, “desaparecido” da cena pública há 20 dias? Subitamente,
um mero rumor faz temer que à peste global do coronavírus se some uma crise
geopolítica na Ásia. O mais interessante é que o rumor encobre, ou descobre, um
enigma subjacente, aquilo que preocupa todos os estrategas independentemente de
Kim estar às portas da morte ou de perfeita saúde. O enigma é a “questão
norte-coreana”.
Há notícias que
dão Kim como “gravemente doente”, talvez “em coma”, depois de uma “cirurgia ao
coração”. O primeiro a levantar o rumor foi um site sul-coreano especializado
na Coreia do Norte, o Daily NK, que apenas falava em “gravemente doente”, mas
desencadeou uma escalada de especulações: “Às portas da morte”, “em morte
cerebral”, em “estado vegetativo”, ou até “já morto”. Para outros, como o
jornal sul-coreano Joang Ang Daily, Kim estaria “em quarentena”, prosaicamente
refugiado numa estância balnear para fugir ao contágio da covid-19.
A imprensa
aprendeu a ser prudente sobre a Coreia do Norte. Em Novembro de 1986, o New
York Times noticiou, na primeira página, a morte de Kim Il-sung (1912-94), o
fundador do regime. O maior diário sul-coreano, Chosun Ilbo, inspirado em
fontes japonesas, dedicara na véspera sete páginas à morte do líder,
“assassinado a tiro”. Dias depois, Kim Il-sung aparecia na recepção a um líder
estrangeiro. Também o seu neto, Kim Jong-un, desapareceu seis semanas em 2014,
ressurgindo sorridente e apoiado numa bengala.
Que se passa com
Kim? “Acreditem em mim, ninguém sabe o que se passa”, garante a analista Sue Mi
Terry, antiga analista da CIA para a Coreia do Norte, depois assessora de
George W. Bush e Barack Obama. “Não só os americanos como o resto do mundo.” O
regime norte-coreano é opaco e talvez a saúde de Kim seja o seu maior segredo
de Estado. A própria Coreia do Sul, “ao fim de décadas de trabalho ainda não
conseguiu criar uma rede fiável de informação no Norte”, diz à AP o politólogo
Du Hyeogn Cha. “Quem diga que sabe alguma coisa está apenas a romancear.”
O governo
sul-coreano tem desvalorizado a questão. Mas Yoon Sang-hyun, presidente da
comissão das relações inter-coreanas, diz à Bloomberg: “Kim não está
aparentemente a dirigir o país como normalmente fazia. E, se o não está a
fazer, é um grande problema.”
“Anomalia histórica”
Saber se o rumor
encerra verdade ou é mera invenção não a maior curiosidade: mais cedo ou mais
tarde, conheceremos a resposta. O rumor trouxe de volta a “questão
norte-coreana”, suscitando imediatas preocupações no Japão, na Coreia do Sul ou
nos Estados Unidos. Porquê? Revela que ninguém está preparado para uma
“sucessão” na Coreia do Norte.
Imediatamente
surgiram especulações sobre os eventuais sucessores. A irmã, Kim Yo Jong, é a
mais directa colaboradora do “querido líder”. Teria a seu favor um pesado
argumento: apesar de mulher numa sociedade patriarcal, é uma Kim, e a legitimidade
do regime assenta no “sangue” da dinastia. Outros dizem o contrário. O analista
Scott Seaman, do Eurasia Group, aponta duas alternativas: uma transição
ordenada ou uma perfeita “Guerra de Tronos” dinástica. Está sempre presente o
fantasma do colapso do regime, vagas de refugiados a correr para a China ou a
Coreia do Sul e o pavor da perda de controlo do arsenal nuclear.
O cenário do
colapso sempre faz parte do pensamento dos especialistas americanos. Escreve o
analista de Defesa Bruce Bennet num estudo para a Rand Corp.: “Há uma razoável
possibilidade de que o totalitarismo norte-coreano acabe num futuro próximo,
com uma elevada probabilidade desse fim ser acompanhado por elevada violência e
motins.”
Oriana Skylar
Mastro, outra especialista na Ásia, estudou as dinastias políticas e sublinha
um traço fundamental: “Uma característica comum das ‘ditaduras familiares’ é o
seu rápido e inesperado colapso. (…) A duração do regime de Kim é uma anomalia
histórica. (…) Desde a II Guerra Mundial nenhuma ditadura familiar conseguiu a
manutenção no poder por uma terceira geração. A situação é grave na Coreia do
Norte onde nem sequer há um sucessor claro. A instabilidade teria imediatas
implicações na região e na competição EUA-China.”
E se Kim estiver
mesmo a morrer? “Será um terrível momento de instabilidade na potência nuclear
mais opaca do mundo”, escreve o analista William Pesek, na revista japonesa
Nikkei. Não é a vida de Kim que preocupa analistas e chancelarias. É a
possibilidade de um colapso que poderia virtualmente abrir na Ásia uma crise
nuclear sem precedentes.
China-América
Na hipótese da
morte de Kim, o equilíbrio geopolítico na Ásia Oriental mudará em benefício da
China, afirma na Foreign Policy Michael Auslin, historiador e autor de Asia’s
New Geopolitics. “Este é o mais perigoso momento em décadas para as três
gerações do regime Kim.” E oferece a Pequim a oportunidade de reforçar a sua
influência na Coreia do Norte, alterando a relação de forças na região, em
detrimento dos Estados Unidos e do Japão.
Não se trata
apenas de especulações mas de cálculos sobre o futuro. Auslin faz uma pergunta:
“Poderá uma eventual fraqueza do regime de Kim levar a China a tentar
estabelecer o seu controlo sobre Pyongyang?” Até agora, os Kim defenderam
energicamente a sua independência perante Pequim. Mas uma crise em Pyongyang
“poderia tentar o presidente Xi Jinping a uma forte jogada para alterar a
balança de poder regional”.
Auslin traça uma
hipótese extrema. “A oportunidade de ligar mais estreitamente a Coreia do Norte
e a China e fazer dela um Estado-tampão perante os aliados dos EUA, a Coreia do
Sul e o Japão, seria uma prenda geopolítica para Xi.”
No caso de uma
crise de sucessão em Pyongyang, e “num mundo distraído pela pandemia do
coronavírus”, Pequim poderia arriscar “uma intervenção na Coreia do Norte, em
nome da paz e da ordem, para alegadamente prevenir um colapso do Governo e uma
crise humanitária.” Deixaria, de resto, o Japão isolado na Ásia do Nordeste.
Ignora-se se estas coisas fazem actualmente parte das preocupações de Donald
Trump. Ou será as utilizará como “diversão” com actual confronto com Pequim.
O cenário
“pró-chinês” tem como pressuposto a “morte virtual” de Kim Jong-un. Não
surpreenderia que muitos inimigos estejam a rezar pela sua vida e a esperar que
deus os ouça.
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