Stuttgart bans AfD anti-coronavirus lockdown protest
due to violence fears
news@thelocal.de
@thelocalgermany
22 May 2020
10:03
CEST+02:0
A large,
anti-coronavirus lockdown demonstration planned by the far-right Alternative
for Germany (AfD) political party in the south-western German city of Stuttgart
has been banned by the city council due to fears of violence.
The
Stuttgarter Zeitung reports that the protest was planned for Saturday, but will
now no longer be allowed to go ahead.
The
demonstration was set to feature AfD leader Alice Weidel, with organisers
expecting 500 people. The protesters were to demand that all coronavirus
lockdown measures be lifted.
The city
said although freedom of assembly rights must be protected, fears of violence
as well as the need to prioritise hygiene measures meant that the event could
not go ahead.
Mayor
Martin Schairer of the centre-right Christian Democrats (CDU) said the city was
expecting “provocations, disruptions and violent clashes between participants -
as well as counter demonstrations.”
“In this
case, infection protection trumps freedom of assembly”.
German
Foreign Minister Heiko Mass has warned citizens against getting involved in the
protests, which have become a hub for far-right activists and conspiracy
theorists.
“Whoever
shouts into the world without a mask, without keeping minimum distance and
while only considering conspiracy theories, confuses courage with blind anger
and freedom with pure selfishness,” Mass told DPA.
Stuttgart
has been host to some of the largest anti-coronavirus protests in the country,
with numbers reaching more than 10,000.
Depending
on the state, the maximum allowed at protests is either 50 or 80 in Germany,
due to coronavirus lockdown restrictions.
Covid-19: Alemanha preocupada com os poucos mas ruidosos
“cidadãos zangados”
Manifestações semanais juntam movimentos anti-vacinas à
extrema-direita. Responsáveis pedem aos cidadãos alemães que não se deixem
instrumentalizar.
Maria João
Guimarães
Maria João
Guimarães 22 de Maio de 2020, 21:30
Na Alemanha há um
enorme apoio às medidas de contenção do coronavírus que provoca a covid-19 e,
segundo as sondagens, uma parte significativa da população até preferia que o
desconfinamento fosse feito mais devagar. Mas, aos fins-de-semana, uma minoria
muito ruidosa tem marcado presença nas ruas, protestando contra as medidas do
Governo.
As manifestações
estão a acontecer em várias cidades, juntando pessoas que acreditam em todos os
tipos de teorias da conspiração, desde movimentos anti-vacinas a quem ache
mesmo que o vírus é uma invenção.
A Agência para a
Protecção da Constituição (BfV), que vigia potenciais ameaças à democracia,
avisou que os protestos estavam a ser usados pela extrema-direita. “Há um risco
de que a extrema-direita, com a sua narrativa de inimigos e o seu objectivo de
destruir o Estado, lidere as manifestações, que têm sido, na maioria, levadas a
cabo por cidadãos respeitadores da Constituição”, disse Thomas Haldenwang, o
líder da agência, numa entrevista ao jornal Welt am Sonntag.
Uma porta-voz da
polícia disse ao Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung que apesar da presença
de movimentos de extrema-direita nas manifestações, não havia, ainda, indícios
de “infiltração coordenada”.
Vários
responsáveis políticos vieram entretanto apelar a manifestantes que não se
deixem instrumentalizar. O mais recente foi o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Heiko Maas, que culpou “extremistas radicais e anti-semitas que
usam as manifestações para semear ódio e dividir”.
A Alemanha, diz
num comentário no diário Süddeutsche Zeitung a jornalista Antoine Rietzschel,
está de novo perante um movimento tipo Pegida (Europeus Patriotas contra a Islamização
do Ocidente), que surgiu em 2014 e ganhou mais força em 2015 quando o Governo
de Angela Merkel aceitou receber cerca de 800 mil refugiados.
O Pegida foi
tendo uma ligação mais ou menos assumida ao partido de direita radical
(Alternativa para a Alemanha) AfD, e ainda esta sexta-feira o Frankfurter
Allgemeine Zeitung dizia que o seu líder, Lutz Bachmann, queria filiar-se no
partido.
Implantar chips
O problema,
resume Rietzschel, é como lidar com este movimento que junta grupos de
protesto, extremistas e “cidadãos genuinamente preocupados, ou apenas
confusos”.
O que junta os
manifestantes é o medo de uma elite poderosa e corrupta. Nas manifestações há
pessoas a repetir uma alegação extraordinária do movimento anti-vacinas, que
uma vacina contra o coronavírus (a única alternativa, dizem os cientistas, para
pôr fim à pandemia), serviria para os governos implantarem chips nas pessoas
para as controlarem.
Alguns
partidários do movimento anti-vacinas nas manifestações têm estrelas de David
amarelas, o sinal que os nazis obrigaram os judeus a usar para os estigmatizar,
com a palavra “não-vacinado”.
Na Alemanha, foi
aprovada no ano passado a vacinação obrigatória contra o sarampo para as
crianças. Mas responsáveis já disseram que quando houver uma vacina para
protecção do coronavírus esta não será obrigatória.
Paradoxo da
prevenção
O papel que os
virologistas assumiram nesta crise, sendo frequentemente ouvidos nos media e
tendo sido quem primeiro defendeu medidas de isolamento, também é criticado
pelos manifestantes. Um dos mais conceituados especialistas, Christian Drosten,
do Hospital Charité de Berlim, disse que tem recebido ameaças de morte.
O virologista dá
conta do chamado paradoxo da prevenção — como as medidas adoptadas tiveram
sucesso, são agora vistas como excessivas.
A Alemanha tem-se
destacado pela baixa letalidade do vírus SARS-CoV-2, o que se pensa ter a ver
com vários factores, incluindo os primeiros infectados terem sido jovens em boa
forma que o contraíram em estâncias de esqui na Áustria ou Norte de Itália.
Segundo dados
apresentados esta sexta-feira, a mortalidade geral na Alemanha aumentou pouco
em comparação com a média dos três anos anteriores: apenas 7% no período de 23
de Março a 25 de Abril. Isto é algo que era, no entanto, esperado, já que a
época da gripe terminou mais cedo, levando a menos mortes em 2020.
Mas apesar disso,
a pequena diferença da Alemanha na taxa de mortalidade é uma excepção na
Europa, onde a maioria dos países registou aumentos significativos (cerca de
50% em Itália e Espanha, por exemplo — por contraste, Noruega e República Checa
não mostraram variações). Segundo o instituto Robert Koch, morreram 8174
pessoas com covid-19 desde o início da pandemia, entre mais de 177 mil
infectados registados no país.
AfD e coronavírus
É também irónico
que as manifestações estejam a ganhar mais força precisamente quando as
restrições começam a ser levantadas: na semana passada houve protestos em
Berlim, Munique, Estugarda, Colónia, Frankfurt, e ainda noutras cidades, e
espera-se que este fim-de-semana se repitam.
Estugarda chegou,
no entanto, a proibir a manifestação planeada, onde se previa que falasse uma
das dirigentes da AfD, Alice Weidel, justificando-a com o dever de “protecção
contra infecção”.
A Alternativa
para a Alemanha começou por reagir à pandemia como muitos outros partidos
anti-imigração, racistas e xenófobos: propôs o encerramento de fronteiras e
controlo da imigração. Mas rapidamente mudou de curso e começou antes a
criticar as restrições adoptadas e dar o seu apoio a estes protestos.
O partido está
ainda a viver um episódio de divisão interna com a expulsão de Andreas Kalbitz,
o líder do partido no estado federado de Brandeburgo (Leste, à volta de
Berlim), por há anos ter pertencido a um grupo juvenil neonazi, entretanto
proibido.
A decisão de
expulsão de Kalbitz, que conseguiu o segundo lugar para o partido radical nas
eleições do estado federado no ano passado, foi tomada por uma pequena maioria,
dividindo a liderança.
O partido tem
descido recentemente nas sondagens, com cerca de 9% das intenções de voto e em
quarto lugar, segundo a sondagem mais recente, feita pelo instituto Allensbach
(nas eleições de 2017 obteve 12,5% e foi o terceiro partido mais votado).
Enquanto isso, a CDU de Angela Merkel está com 38% (obteve 32,9% em 2017), os
Verdes com 19% e o SPD com 15,5%.
Segundo o
barómetro político da estação de televisão pública ZDF, 85% dos alemães acham
que Merkel está a fazer um bom trabalho.
tp.ocilbup@searamiug.oaoj.airam
Sem comentários:
Enviar um comentário