EU cool on corona bonds as economic plan takes
shape
Finance ministries lean toward credit lines, jobless
reinsurance to fight pandemic crisis.
By BJARKE
SMITH-MEYER 4/3/20, 6:30 AM CET Updated 4/3/20, 2:55 PM CET
As Europe
sorts through its choices of economic weapons against the threat of a
coronavirus depression, corona bonds are languishing near the bottom of the
stockpile.
EU
treasuries are instead leaning toward credit lines for governments, jobless
reinsurance and a European Investment Bank loan program to help pump money into
economies crippled by the pandemic.
While there's no consensus, most of the bloc converged
around the three-pronged plan during a teleconference of deputy finance
ministers Wednesday evening, four diplomats on the call told POLITICO.
The
ministries are preparing a roster of possible EU measures intended to support
national efforts to keep companies and consumers afloat after virus containment
efforts have shuttered trade and storefronts around the bloc.
Topping the
list is a plan — a draft of which POLITICO has obtained — to offer credit lines
that eurozone governments could draw from the currency club’s bailout fund, the
European Stability Mechanism.
While that
compromise remains uncertain, the ESM credit lines have garnered the broadest
support in the behind-the-scenes talks because they already exist.
Invoking
the ESM has generated resistance from Italy and other countries, partly out of
concern that tapping the rescue fund would set off another sovereign-debt
crisis in markets. The opponents also won't accept the usual conditions attached
to its aid programs, including budget cuts and economic restructuring.
The plan
under consideration would lighten those conditions, merely insisting that the
governments' finances look to be in healthy long-term shape. The funds also
would be limited to spending on coronavirus health care and economic costs.
While that
compromise remains uncertain, the ESM credit lines have garnered the broadest
support in the behind-the-scenes talks because they already exist — as opposed
to the other options.
At the
bottom, according to the diplomats in the talks, is the call from nine
countries including Italy and Spain for a novel form of pooled EU debt in the
form of corona bonds.
Ranking in
the middle are the European Commission's jobless reinsurance proposal and the
European Investment Bank's plan to generate €200 billion in guaranteed loans
for companies in need.
EU finance
ministers will discuss the options next Tuesday before handing the final
decision to their leaders.
No
guarantees
The
Commission made a splash with its €100 billion reinsurance proposal on
Thursday, but the plan faces doubts.
Germany
expressed support for Commission President Ursula von der Leyen's initiative —
with a caveat.
A German
official said it was “an interesting proposal” that Berlin would consider with
“goodwill.”
But
Eckhardt Rehberg, budget spokesperson for Chancellor Angela Merkel’s
conservative parliamentary group, cautioned that it must remain “a temporary
crisis instrument that can only be used now in the acute corona crisis,”
limited to the end of the year.
Rehberg
also sought to preempt a further move by demanding that the instrument should
not “create a precedent for the establishment of permanent unemployment
reinsurance.”
Some
European treasuries are meanwhile quietly raising concerns about the €50
billion of guarantees that the EU's executive arm and the EIB are seeking in
their proposals.
Guarantees
are an easier ask than cash from governments already overburdened with
health-care costs and efforts to spur their economies, as von der Leyen
emphasized in presenting her plan, dubbed SURE. Still, the promises remain a
potential liability for the state.
Both the
Commission's unemployment aid and the EIB's €200 billion loan-guarantee fund
come with requests for €25 billion in guarantees from national capitals — and
the EIB wants its half by April 10, according to a document the
Luxembourg-based lender sent to finance ministry officials in the discussions.
“Politically,
you can’t be against [SURE], but the guarantees are adding up — even if the
Commission doesn’t think they’ll ever be needed,” said one of the doubtful
diplomats in the talks. “We’ll have to see what happens.”
Bonds
broken
The EU
efforts come on top of national stimulus packages amounting to hundreds of
billions of euros, amid fears of a €1 trillion economic hit from an outbreak
that worldwide has left 50,000 dead, including more than 13,000 in Italy and
10,000 in Spain.
Whatever
their eventual choice of instrument, the EU governments have signaled urgency
by giving their finance ministers just two weeks to present options, after a
previous summit meeting yielded only acrimony.
“Insisting on eurobonds or corona bonds, whatever you
want to call them, will not lead to a quick agreement.” — Michael Hager, chief
of staff to Executive Vice President Valdis Dombrovskis
Those talks
broke up with Southern European governments repeatedly calling for corona bonds
to show solidarity.
The appeal
has fallen on deaf ears in Berlin and The Hague, despite France’s efforts to
revamp the controversial initiative as a fund, in a document circulated among
finance ministries around Europe.
Dutch Prime
Minister Mark Rutte has countered with his own proposal, for one-off transfers
worth €10 billion to €20 billion to countries hit worst by the coronavirus
epidemic. The idea failed to get much traction Wednesday, the diplomats in the
talks said.
The Commission
is pushing its SURE jobless program along with extra budgetary firepower
because the novel debt instruments are so unlikely to find a consensus, a
senior official said Thursday.
“The debate
has already become very entrenched,” said Michael Hager, chief of staff to
Executive Vice President Valdis Dombrovskis and also the most senior German
among aides at the Commission's headquarters. “Insisting on eurobonds or corona
bonds, whatever you want to call them, will not lead to a quick agreement.”
Hans von
der Burchard and Paola Tamma contributed reporting.
ANÁLISE
CORONAVÍRUS
“Whatever it takes”?
Até agora, tudo o que a presidente da Comissão prometeu
é, no essencial, dinheiro que já existe. E que é manifestamente pouco: tirar
daqui para dar ali.
TERESA DE SOUSA
5 de Abril de
2020, 6:10
1. Temos pela
frente “a maior contracção da economia mundial desde a Grande Depressão”,
escrevia ontem o Financial Times, analisando os últimos dados disponíveis. Não
é nada de que não estivéssemos à espera. Nenhuma crise anterior teve, como
esta, a capacidade para paralisar a economia, anulando as receitas conhecidas
para travar a sua queda abissal. Na sexta-feira, o FMI avisou que esta recessão
seria “muito pior” que a de 2008, que apenas não se transformou numa “Grande
Depressão” porque as grandes economias tiveram a capacidade para pôr de pé
gigantescos “pacotes” financeiros de ajuda à economia e porque o Estado Social
próprio das sociedades modernas conteve os seus efeitos mais devastadores. É
esta a situação. É a ela que os governos nacionais e as instituições europeias
e internacionais têm de responder. O diagnóstico é fácil e não haverá hoje
político europeu que não a descreva assim. Falta dar o passo seguinte. Não será
com remédios e soluções do passado, mesmo aquelas que serviram para enfrentar a
crise financeira e a crise do euro, que vai ser possível enfrentá-la. O
problema é que, quando chegamos à fase das respostas, o discurso volta
rapidamente ao modelo antigo. Na Europa, incluindo na Comissão Europeia, é isso
que, persistentemente, estamos a ver acontecer.
2. É verdade que
a Comissão tem perdido alguns dos seus poderes – reais e simbólicos – para os
governos nacionais e, sobretudo, para aqueles que viram os seus poderes
aumentar exponencialmente durante a última crise europeia – em primeiro lugar,
a Alemanha. É verdade que hoje o poder de decisão está cada vez mais nas mãos
do Conselho Europeu. Mas também é verdade que Ursula von der Leyen prometeu uma
Comissão capaz de exercer liderança politica – definindo-a, porventura num
excesso de ambição, como “geopolítica”. Não é isso que, infelizmente, está a
acontecer.
3. Até agora,
tudo o que a presidente da Comissão prometeu é, no essencial, dinheiro que já
existe. E que é manifestamente pouco: tirar daqui para dar ali. É o caso, por
exemplo, dos 37 mil milhões que começou por anunciar para ajudar as economias
mais afectadas pela crise. Ainda não se percebeu exactamente onde vai buscar os
100 mil milhões de euros (dos quais os Estados-membros devem contribuir com 25)
que, nas suas palavras, seriam “empréstimos aos Estados-membros que precisem
deles para reforçar os seus esquemas de trabalho de curto prazo”.
Nos últimos dias,
Von der Leyen deu alguns sinais contraditórios que não ajudam ninguém e que
apenas servem para revelar a desorientação da Comissão. Primeiro, classificou
os “coronabonds” – apesar de tudo, já defendidos por 15 dos países do euro –
como um mero “slogan propagandístico”. Tomou posição. A favor dos quatro países
que não querem sequer debater o assunto. Pergunta-se porquê. Porque a Alemanha
não quer? Porque mandam os mais ricos? Porque se trata de um instrumento que
não ajuda a enfrentar a “maior recessão” de sempre? Porque não é uma resposta
imediata? Ainda que fosse, talvez, um fortíssimo sinal para o futuro? No dia
seguinte, dirigiu uma carta aberta aos italianos a pedir desculpa por não terem
podido contar mais cedo com a solidariedade de Bruxelas. Já é alguma coisa,
mesmo que se arrisque a não ter grande efeito. O que os italianos sabem é que,
quando mais precisaram de apoio, a Europa ficou em silêncio e tratou de fechar
fronteiras, incluindo aos equipamentos médicos de que a Itália precisava
desesperadamente. Finalmente, Ursula von der Leyen disse uma outra coisa,
porventura ainda mais extraordinária: que o Plano Marshall para as economias
europeias (subentende-se que mais afectadas pela crise) seria o próprio
Orçamento Plurianual da União Europeia (2021-2027). Ou seja, 1% do Rendimento
Bruto Europeu que, por sua vez, tem vários destinos, incluindo as políticas de
coesão que representam cerca de um terço do total. Também disse que as regras
de utilização podem vir a ser alteradas, permitindo antecipar verbas. A lógica
parece a mesma: tirar daqui para pôr ali.
A presidente da
Comissão tinha uma escolha: liderar politicamente, mesmo que contra ventos e
marés e independentemente de desagradar a este ou àquele país; ou tentar
singrar entre os pingos da chuva – neste caso, do dilúvio – sem tomar partido
ou afrontar ninguém. É o que tem feito. Na sexta-feira, a comissária Elisa
Ferreira disse que a Comissão não pode fazer milagres e que a sua missão é
procurar os consensos possíveis, não deixando de criticar a ideia de voltar a
discutir os coronabonds, quando isso já tinha sido feito no passado sem
qualquer resultado. Percebe-se que o tenha dito, até porque não haverá
unanimidade no colégio de comissários em torno das soluções mais ousadas. Mas
seria aqui, justamente, que a presidente da Comissão poderia fazer a diferença,
recorrendo aos seus vastos poderes para transmitir aos cidadãos europeus uma
mensagem simples: se esta crise não tem comparação com nenhuma outra que a
União sofreu no passado, os instrumentos europeus para enfrentá-la também têm
de ser outros, incluindo alguns que, noutras circunstâncias, foram postos de
lado.
Mutualizar a
dívida fez sempre parte do debate sobre a União Monetária europeia (a par de um
orçamento próprio), e passou a estar em cima da mesa a partir do momento em que
a crise do euro se transformou numa crise existencial. Não é um “pecado”
inscrito como tal na letra dos tratados europeus. Há muita gente na Alemanha
que a defende. O debate atravessa todas e cada uma das sociedades europeias.
Voltou à ribalta porque esta é uma crise de proporções inimagináveis que se
abateu sobre todos os países da União sem excepção – para não dizer do mundo –
e que não resulta do laxismo de ninguém. A Comissão não faz milagres? Pois não.
Mas pode assumir integralmente o seu papel de defesa do “interesse comum” e
fazer as propostas mais difíceis.
Estamos já em
countdown para uma reunião do Eurogrupo que pode vir a ser a mais decisiva da
sua existência. A ideia de emissão de dívida conjunta para fazer face à
destruição das economias europeias já parece ter sido abandonada. Espera-se que
decida alguma coisa capaz de fazer a diferença.
4. Em Portugal e
noutros países europeus, as correntes de pensamento mais à direita, que se
declaram pró-europeias ainda que não desta Europa tal como ainda existe, gostam
de classificar os países do Sul de “pelintras” e louvam os países do Norte por
saberem gerir as suas vidas com rigor e com poupança. Compreende-se. A ideia de
partilha de destino – colocando em conjunto partes substanciais da soberania
nacional – não lhes diz grande coisa. Talvez até tenham razão. Talvez a União
Europeia não tenha sido mais do que um breve momento na História que se
fechará, voltando à velha balança de poder entre as nações. Essas mesmas
correntes argumentam que são aqueles que dizem que a União atravessa a sua prova
de vida que estão a pô-la em causa. O problema é que a Comunidade foi criada
para vencer a lógica da relação de forças entre nações, que prevaleceu antes da
II Guerra, em nome de um destino comum. Sem isso, deixará de existir como tal.
Chamemos-lhe então outra coisa qualquer. A única coisa que sabemos é que, se se
instalar uma “nova ordem” na Europa na qual são sempre os mesmos que perdem e
sempre os mesmos que ganham, ela não sobreviverá. A Alemanha deixou que Mario
Draghi salvasse o euro e “esqueceu-se” da cláusula de “no bail-out”, não porque
teve um súbito ataque de generosidade, mas porque é o país que mais beneficia
da moeda única e do Mercado Interno. A Holanda não lhe fica muito atrás. É essa
a questão: todos os Estados-membros da União têm de beneficiar com ela.
Entretanto, “o
momento para uma demonstração comum de vontade passou”, escreveu Adam Tooze no
Financial Times, sob o titulo sugestivo: “The eurozone’s ‘whatever it takes’
mantra has a problem.” “As guerras no seio da União Europeia estão a
transformar esta famosa frase desafiadora numa banalidade.”
tp.ocilbup@asuos.ed.aseret
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