TURISMO
Portugal entre os países europeus onde o turismo mais
cai. Recuo anual de 40%
Consultora britânica estima queda de 39% nas viagens de
turismo para toda a Europa em 2020, com restrições de viagens e movimentos
devido à pandemia de covid-19. Previsões podem agravar-se caso “as restrições
de viagens continuem e atinjam o pico da época” turística, entre Julho e Agosto.
Lusa 26 de Abril
de 2020, 12:57
Juntamente com
Itália e Espanha, Portugal é um dos países europeus onde o PIB mais depende do
turismo, num total de 16,5%
Portugal é dos
países europeus onde o turismo internacional mais deverá cair este ano devido à
pandemia, com uma queda prevista de 40% no número de visitantes, apenas
superada por Espanha e Itália, de acordo com um estudo da Oxford Economics.
O estudo desta
consultora britânica sobre os impactos da covid-19 no turismo europeu, datado
do início de Abril e ao qual a agência Lusa teve acesso, refere que em Portugal
deverão registar-se menos sete milhões de entradas internacionais este ano, em
comparação com 2019 — o equivalente a uma queda de 40%.
Em termos
percentuais, Portugal é apenas superado na redução dos visitantes por Itália
(com uma queda de 49%, menos 31 milhões de visitantes) e por Espanha (recuo de
42%, menos 34 milhões de visitantes), que são também os países europeus mais
afectados pela pandemia, seja em número de mortes ou de casos.
Já em termos de
volume, o Estado-membro com maior recuo nas chegadas turísticas internacionais,
segundo a análise da Oxford Economics, é França, com uma queda de 40%,
equivalente a menos 38 milhões de visitantes face a 2019. O país, o terceiro
mais afectado pela covid-19 no continente, é responsável por cerca de 13% das
entradas internacionais em toda a Europa.
Juntamente com
Itália e Espanha, Portugal é um dos países onde o Produto Interno Bruto (PIB)
mais depende do turismo, num total de 16,5%, segundo o Conselho Mundial de
Viagens e Turismo. Outro Estado-membro europeu muito dependente do turismo é a
Grécia, onde, de acordo com a Oxford Economics, a queda no número de chegadas
será de 36%, equivalente a menos 11 milhões. O sul da Europa é, inclusive, a
região mais afectada pelo recuo do turismo internacional, prevendo-se uma queda
conjunta de 40% em 2020, após um crescimento de 5% em 2019.
A consultora
britânica observa nesta análise, a mais recente para o turismo europeu, que,
“mesmo nos casos em que o número de casos [de covid-19] num país é
relativamente baixo, tendem a existir restrições semelhantes em matéria de
viagens e de movimentos”, o que justifica estas quedas acentuadas.
Assumindo que a
covid-19 afectará o turismo europeu durante oito meses (Fevereiro a Setembro),
entre alturas de confinamento e de levantamentos faseados das restrições, esta
entidade estima uma queda de 39% nas viagens de turismo para toda a Europa em
2020, comparando com o período homólogo anterior, o equivalente a menos 287
milhões de chegadas internacionais.
Ainda assim, a
Oxford Economics nota que “a duração potencial das proibições de viagem é ainda
bastante incerta”, pelo que os números poderão alterar-se e até piorar, caso
“as restrições de viagens continuem e atinjam o pico da época” turística, isto
é, Julho e Agosto.
E, “embora se
preveja uma rápida recuperação em 2021, não se espera que os níveis de viagens
internacionais registados em 2019 se restabeleçam antes de 2023, uma vez que os
efeitos prolongados sobre os rendimentos se repercutem” nos movimentos
turísticos, nota a entidade.
No que toca às
viagens domésticas, “também cairão [em 2020], mas não mais do que as viagens
internacionais”, estima a Oxford Economics, justificando que as restrições
aplicadas a este nível deverão “ser levantadas mais cedo”.
Para o conjunto
da Europa, a redução esperada nos movimentos turísticos domésticos na região
este ano é de 23%, sendo mais acentuada no sul da Europa (-24%) e na Europa
ocidental (também -24%) e menos evidente na Europa central ou oriental (-20%),
conclui a consultora na análise. CORONAVÍRUS
“Retoma no turismo vai ser a mais lenta” de todos os
sectores
Ministro da Economia, ouvido esta terça-feira no
Parlamento, afirmou esperar sinais de retoma “no próximo ano”. Empresários vão
esta tarde a São Bento.
Luís Villalobos
Luís Villalobos
21 de Abril de 2020, 16:03
“A retoma no
turismo vai ser a mais lenta” entre os vários sectores de actividade, afirmou
esta terça-feira no Parlamento o ministro de Estado e da Economia, Pedro Siza
Vieira. O turismo, segundo adiantou aos deputados da Comissão de Economia,
Inovação, Obras Públicas e Habitação, “vai ser muito afectado no imediato”,
devido “à retracção das pessoas em viajar e realizar eventos” devido aos
receios provocados pela covid-19.
Durante “um ano,
dois anos” estimou, os níveis de actividade turística “vão ficar abaixo do que
nos habituámos”. Para este ano, diz, há “cenários pesados” em relação ao
sector, perspectivando que “no próximo ano” possa haver sinais de retoma”.
Portugal,
defendeu, pode beneficiar da percepção de ser um “destino seguro”, seja do
ponto de vista
viajantes vão
valorizar muito”.
Os dois primeiros
meses do ano foram de crescimento para o sector, mantendo a tendência que se
vinha prolongando desde há vários anos, e, embora ainda não haja dados de
Março, será um mês bem diferente do que era antecipado.
Empresários em
nome individual com candidaturas aprovadas
O Governo já
colocou no mercado linhas de financiamento específicas para o turismo, uma das
quais dedicada apenas a empresários em nome individual e microempresas e sem
juros. No valor de 60 milhões de euros, a linha, gerida pelo Turismo de
Portugal, está no terreno há um mês, desde o dia 19 de Março.
Até dia 16 de
Abril, de acordo com os dados do Turismo de Portugal, tinham dado entrada 4339
pedidos de financiamento no valor global de 35,6 milhões de euros. No mesmo
período houve 2031 candidaturas aprovadas, no valor de 16 milhões (27% do
montante total), e, destes, foram entregues 7,5 milhões, distribuídos por 968
entidades. De acordo com os dados fornecidos pelo Turismo de Portugal, cerca de
17% das candidaturas que foram aprovadas são de empresários em nome individual.
O Turismo de
Portugal dá também conta de que há 1986 candidaturas em análise, e que até aqui
houve 322 rejeitadas.
Segundo explicou
ao PÚBLICO este organismo público, na esmagadora maioria dos casos, o motivo
para não haver aprovação é o de “as empresas candidatas não revestirem a
dimensão de microempresas, não tendo por isso enquadramento” nesta linha, mas
sim na Linha de Apoio à Economia - Covid 19, gerida pela Sociedade Portuguesa
de Garantia Mútua.
Esta foi
recentemente reforçada de 3000 para 6200 milhões de euros e tornou-se mais
abrangente em termos de tecido empresarial, mas nada mudou em relação ao
turismo.
Assim, há três
linhas orientadas para este sector: uma de 900 milhões para “empresas do turismo”
como alojamento, outra de 600 milhões para a “restauração e similares” e outra
de 200 milhões para “agências de viagens, animação, organização de eventos e
similares; e empreendimentos e alojamentos turísticos. Para as micro e pequenas
empresas ficou dedicado 38% do bolo total (equivalente a 645 milhões de euros).
Além do reforço, esta linha passou também a incluir os empresários em nome
individual.
Esta tarde, o
primeiro-ministro, acompanhado do ministro da Economia e da secretária de
Estado do Turismo, Rita Marques, recebe em São Bento representantes do sector
hoteleiro e restauração (grupos Vila Galé, Porto Bay, Pestana e Sana, além da
Associação da Hotelaria de Portugal e da Ahresp - Associação da Hotelaria,
Restauração e Similares de Portugal). O objectivo é ouvir os empresários sobre
o momento de actuais dificuldades do sector e começar a pensar em medidas de
relançamento da actividade.
Impulsionado pelo
turismo, o sector dos serviços ajudou a manter a balança comercial positiva em
2019, com um saldo de 818 milhões de euros (menos 45% face a 2018). Ao todo, o
turismo representou a entrada de 18.431 milhões de euros em Portugal (mais 8%),
atingindo mais um novo recorde. Já as importações foram de 5300 milhões, o que
dá um saldo de 13.131 milhões de euros.
No final de 2018,
um estudo do Banco de Portugal estimava que o turismo abrandasse, mas mantendo
um crescimento acima da média da economia. De acordo com banco central, as
exportações do turismo iriam chegar aos 9,3% do PIB em 2021, contra os 7,8% de
2017. No início da década, em 2010, ano em que começou o actual ciclo de
crescimento, as exportações valiam metade: 4,2%.
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