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EDITORIAL
A União Europeia saiu do ventilador
Depois da forma
como o Banco Central Europeu decidiu uma intervenção musculada no mercado da
dívida soberana sem o habitual queixume alemão e depois do acordo do Eurogrupo,
a União respira um pouco melhor. Mas não curou o mal da desconfiança.
MANUEL CARVALHO
11 de Abril de
2020, 6:38
A União Europeia
está ainda longe de encontrar a resposta suficiente para gerir a terrível crise
económica provocada pela covid-19 e para se reerguer quando o vírus for
vencido. Mas só o pessimismo mais impenitente ou o antieuropeísmo mais feroz
permitem afirmar que as medidas aprovadas esta sexta-feira são um fracasso, uma
prova acabada da falta de solidariedade ou uma vitória inequívoca dos falcões
ricos sobre os pobres do Sul.
Com os planos
mais ambiciosos para a reconstrução remetidos para um Conselho Europeu no
futuro próximo, o que se esperava da reunião do Eurogrupo, aconteceu: os
estados-membros foram capazes de um acordo, reduziram a crispação, afastaram o
espectro de uma derrota colectiva e conseguiram mobilizar 540 mil milhões de
euros para os problemas imediatos. Como disse o Presidente, “é um começo”.
Não foi fácil
chegar lá porque nada é fácil numa União que continua minada pela noção de um
suposto risco moral que faz com que os “responsáveis” do Norte receiem pagar os
desmandos dos “perdulários” do Sul. Mas as clivagens que há duas semanas
implicaram palavras duras e o regresso real do perigo de um desentendimento
fatal extinguiram-se à custa de uma negociação que revelou espírito de
compromisso e a noção de que todos teriam a perder com a falta de um acordo.
Ao contrário do
que aconteceu na crise do euro, os mais fortes não ficaram de um lado e os mais
débeis do outro. A Itália e a Espanha, com Portugal no mesmo lado da barricada,
tiveram como aliados tácitos a Alemanha e a França. Os planos foram aprovados,
a condicionalidade no acesso aos fundos aligeirou-se e a Europa acordou esta
sexta-feira com um novo estado de espírito para os próximos passos.
Como o que falta
fazer a seguir é muito mais exigente em termos de volume financeiro do que os
540 mil milhões de euros do Mecanismo Europeu de Estabilidade, do Banco Europeu
de Investimentos e do programa europeu SURE, preparemo-nos para novos atritos.
A emissão de dívida mutualizada (os eurobonds) está fora da carteira e como
qualquer estratégia alternativa só fará sentido e terá substância se os países
mais ricos assumirem uma parcela dos riscos dos mais pobres, é fácil imaginar o
que se segue – até porque, para a reconstrução da economia europeia, será
necessário muito mais dinheiro.
Mas depois da
forma como o Banco Central Europeu decidiu uma intervenção musculada no mercado
da dívida soberana sem o habitual queixume alemão e depois do acordo do
Eurogrupo, a União respira melhor. Se recuperou o ânimo para a incerta batalha
da reconstrução, essa é uma pergunta sem resposta.
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Portugal’s Costa questions Dutch commitment to EU
‘We need to know whether we can go on with 27 in the
European Union … or if there is anyone who wants to be left out.’
By IVO
OLIVEIRA 4/10/20, 10:42 PM CET Updated 4/11/20, 1:31 PM CET
Portugal’s
Prime Minister António Costa on Friday called into question the Netherlands'
commitment to the European Union because of its tough line on economic support
for countries badly hit by the coronavirus.
"We
need to know whether we can go on with 27 in the European Union, 19 [in the
eurozone], or if there is anyone who wants to be left out. Naturally, I am
referring to the Netherlands,” Costa said in an interview with the Lusa news
agency released in full on Saturday.
Costa also
defended the role of the European Commission during the crisis, saying it has
"acted to the maximum extent of its capabilities." The
responsibility, he said, "rests with the Council ... and there is no
transfer of responsibilities to Brussels."
Calling the
current crisis a "decisive moment" for the EU, Costa warned that
"if there is not enough rational thinking to realize that we need to
respond together, if there is no courage to resist populism and you are afraid
of next year's elections,” then that raises the question of “whether we can have a eurozone with these
19, or if we need to have other forms of organization within Europe."
He added
that he “would like to believe that Europe is possible with 27 and that the
eurozone is possible with 19."
Costa’s
comments came a day after the EU’s finance ministers agreed a €540 billion
package of measures to fight the impact of coronavirus impact on the bloc’s
economies.
Last month,
Costa lashed out at Dutch Finance Minister Wopke Hoekstra after the latter
reportedly called for Brussels to investigate why some countries did not have
enough financial room for maneuver to weather the economic impact of the
crisis, which has claimed thousands of European lives and put the Continent on lockdown.
"That
statement is repugnant in the framework of the European Union. And that's
exactly the right expression for it —repugnant," a visibly irritated Costa
declared at the time. "No one has any more time to hear Dutch finance
ministers as we heard in 2008, 2009, 2010 and so forth.”
Portugal
now has 15,472 confirmed coronavirus cases. So far, there have been 435 deaths
in the country.
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