Bares e discotecas podem não reabrir no Verão. Aviso de
Costa assusta sector
O primeiro-ministro admite que animação nocturna faz
parte das actividades que estão “no último lugar daquelas que poderão reabrir”.
Empresários confessam-se preocupados e pedem que o Governo e a DGS os ouçam.
José Volta e
Pinto
José Volta e
Pinto 18 de Maio de 2020, 12:22
O
primeiro-ministro reconhece que ainda não é o momento para abrir bares e
discotecas, e que pode até pode até dar-se o caso de não reabram durante todo o
Verão, “se for necessário”. Em entrevista à TSF, esta segunda-feira, António
Costa admitiu que ainda não há datas pensadas para a reabertura deste tipo de
estabelecimentos. Um aviso que veio agravar a preocupação do sector.
“Ainda não está
no nosso calendário. Nós temos que ir fazendo de uma forma gradual e começando
pelos sectores de actividade em que é mais fácil regular e estabelecer normas
de afastamento. Ora, actividades que pela sua própria natureza vivem não do
afastamento, mas, pelo contrário, da proximidade e da interacção, é evidente
que estarão no último lugar daquelas que poderão reabrir”, começou por dizer o
primeiro-ministro.
Questionado se os
bares e discotecas podem não abrir este Verão, Costa respondeu: “Se for
necessário. Se não for, melhor. Se for, terá que ser. Não podemos pôr agora em
causa aquilo que conseguimos com enorme dificuldade das pessoas. Há pessoas que
estão há dois meses sem sair de casa. Só hoje as famílias vão poder voltar a
visitar os seus familiares em lares. Só hoje os pais vão poder colocar as suas
crianças nas creches. E fazem-no com o coração divididíssimo, sem saber se tal
é um risco para criança”, disse. E insistiu: “Não podemos pôr em causa aquilo
que conquistámos.” E lembrou um critério: “O máximo de contenção, o mínimo de
perturbação.”
A Associação de
Bares da Zona Histórica o Porto (ABZHP) já reagiu às declarações. António
Fonseca, presidente da ABZHP, confessou ao PÚBLICO que as declarações do
primeiro-ministro vêm “agravar a preocupação” do sector. “Se [os
estabelecimentos] não abrirem este ano, o que se vai fazer às pessoas?”
Ciente de que as
posições do Governo podem ir “evoluindo de um dia para o outro”, António
Fonseca voltou a reforçar que os proprietários de estabelecimentos de animação
nocturna querem “saber que são ouvidos”, tanto pelo executivo como pela
Direcção-Geral de Saúde (DGS), ainda mais quando está em cima da mesa a possibilidade
de não haver reabertura ainda durante o Verão.
A ABZHP está
ciente das circunstâncias e garante que a prioridade é abertura dos espaços
“com segurança” e, por isso, quer conversar para “procurar soluções” com o
Governo e a DGS para possíveis apoios e sobre a preparação do sector para
medidas de higiene e segurança que poderão ser tomadas. Mais do que pelas
declarações desta segunda-feira, António Fonseca admite que os empresários
estão preocupados por não haver diálogo”, apesar das várias tentativas já
feitas.
O sector enviou
na quinta-feira uma carta ao Governo com um pacote de medidas que poderiam
salvar bares e discotecas. Os empresários pedem a isenção de todos os
pagamentos à Segurança Social e Finanças (com excepção do IVA), a isenção da
Taxa Social Única para os anos de 2020 e 2021 e um apoio a “fundo perdido da
verba correspondente aos salários dos postos efectivos durante o período mínimo
de nove meses, desde que os postos de trabalho à data do encerramento se
mantenham”, entre outras medidas.
A Associação de
Discotecas do Sul e Algarve (ADSA) não vê que o cenário de bares e discotecas
encerrados durante o Verão “possa ter alguma viabilidade”, admitindo-o apenas
no caso de o Governo assumir “as despesas e prejuízos” associadas a uma decisão
dessas.
“Se toda a
actividade económica está gradualmente a abrir, nós não somos filhos pródigos,
acho que os bares e discotecas terão de funcionar também”, disse ao PÚBLICO o
presidente da ADSA. Liberto Mealha espera que, pelo menos durante o mês de Junho,
haja “luz verde” para o sector, de forma a que os estabelecimentos possam
tentar “tirar algum proveito do Verão”, sempre com total respeito pelas medidas
que eventualmente sejam exigidas.
A ADSA reconhece
que as discotecas estavam “preparadas para abrir mais tarde”, mas não para
ficarem encerradas durante aqueles que acabam por ser “os meses mais fortes”. “É
um sector que não pode ficar marginalizado.”
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