EUROPA
Von der Leyen admite processo de infracção contra a
Alemanha
Presidente da Comissão Europeia garante a eurodeputado
alemão que está a “levar muito a sério” a resposta à decisão do Tribunal
Constitucional alemão que contesta o programa de compra de dívida do BCE.
Ana Brito 10 de
Maio de 2020, 17:06
Presidente da
comissão diz que Tribunal de Justiça Europeu "tem a última palavra"
sobre a lei europeia POOL NEW
Depois de ter
assinalado no Dia da Europa que a solidariedade entre Estados é a única
resposta possível aos efeitos do novo coronavírus, mas que esta “não é um dado
adquirido e exige esforço e compromisso de todos”, a presidente da Comissão
Europeia, Ursula von der Leyen, parece querer demonstrar que não aceita
excepções nem desvios neste caminho.
Numa resposta
enviada ao eurodeputado alemão do grupo “Os Verdes”, Sven Giegold, a líder do
executivo comunitário assegurou que está a “levar muito a sério” o incidente
criado pelo Tribunal Constitucional alemão, que contestou o programa de compra
de activos do Banco Central Europeu (BCE), onde se inclui um pacote de 750 mil
milhões de euros de combate à crise provocada pela pandemia.
“É uma decisão
que levanta questões que tocam no âmago da soberania europeia”, sublinhou a
presidente da Comissão, numa resposta que, segundo Sven Giegold, lhe chegou
“num tempo recorde de apenas duas horas, no Dia da Europa”.
A Comissão está
neste momento “a analisar em detalhe a decisão de mais de 100 páginas do
Tribunal Constitucional alemão” e a considerar, com base nas conclusões que
retirar, “os próximos passos” a seguir, “incluindo procedimentos por
infracção”, afirmou Von der Leyen, em resposta ao eurodeputado alemão, que
pedia precisamente a abertura de um expediente por infracção contra a Alemanha.
A decisão dos
juízes alemães “suscita questões que são importantes não apenas para a política
monetária da União, mas também para o Estado de direito na Europa”, salientou
Ursula von der Leyen. “Posso garantir-lhe: a política monetária da União é uma
questão de competência exclusiva [do BCE]”, respondeu a presidente da comissão
a Giegold.
Lembrando que “a
lei comunitária tem precedência sobre a lei nacional e as decisões do Tribunal
de Justiça Europeu são vinculativas para os tribunais nacionais”, Ursula von
der Leyen frisou que é à entidade sediada no Luxemburgo que cabe sempre “a
última palavra” no que toca à lei europeia.
Na sexta-feira, o
Tribunal de Justiça Europeu já tinha vindo a público manifestar o seu
descontentamento com a sentença adoptada pelo Tribunal Constitucional alemão,
lembrando que é ele o único órgão que pode avaliar se as decisões do BCE estão
ou não conformes com as leis europeias e que as suas decisões se sobrepõem às
dos tribunais nacionais.
“Em geral, para
garantir que a lei da União Europeia é aplicada de forma uniforme, apenas o
Tribunal de Justiça Europeu tem a jurisdição para julgar se um acto de uma
instituição da UE é contrário à legislação da UE”, escreveu o tribunal em comunicado.
BCE “irredutível”
Von der Leyen
reforçou esta ideia e sublinhou ainda que “a União Europeia é uma comunidade de
valores e de direito”. Essa comunidade deve ser “apoiada e defendida” em
quaisquer circunstâncias, “é isso que nos mantém unidos”.
No início da
semana passada, os juízes do Tribunal Constitucional alemão emitiram uma
decisão sobre os programas de recompra de activos iniciados pelo anterior
presidente do BCE, Mario Draghi, em que defendem que a autoridade monetária
excedeu as suas competências e desrespeitou o princípio da proporcionalidade.
O Tribunal alemão
dá um prazo de três meses ao BCE para demonstrar que as suas decisões não foram
além do previsto nos tratados europeus, caso contrário o banco central alemão
(Bundesbank) deixará de participar no programa de recompra de activos que foi
aprovado para combater os efeitos da pandemia.
Questionada sobre
a decisão do Constitucional alemão, a actual líder do BCE, Christine Lagarde,
garantiu num seminário online organizado pela Bloomberg que a instituição está
mais determinada do que nunca em cumprir o seu mandato.
“Somos uma
instituição independente, que responde ao Parlamento Europeu e que age de
acordo com o seu mandato. Vamos continuar a fazer tudo o que for preciso para
cumprir esse mandato. Irredutíveis, vamos continuar a fazer isso”,
afirmou Lagarde.
Von der Leyen considers infringement proceedings
after German court ruling
Germany’s Constitutional Court last week challenged
the authority of the EU’s top court.
By SAIM
SAEED 5/10/20, 3:19 PM CET Updated 5/10/20, 9:50 PM CET
The
European Commission is considering possible infringement proceedings against
Germany after a ruling from the country's Constitutional Court challenged the
authority of the EU's top court, Ursula von der Leyen said Sunday.
“We are now
analysing the ruling of the German Constitutional Court in detail. And we will
look into possible next steps, which may include the option of infringement
proceedings,” Commission President von der Leyen, a former German minister,
said in a statement.
On Tuesday,
a ruling from Germany's Constitutional Court challenged the authority of the
Court of Justice of the EU, whose upper court is informally known as the
European Court of Justice (ECJ), and the EU in general.
The German
court ruled that the European Central Bank's 2015 policy — approved by the
Luxembourg court in 2018 — to buy bonds as part of its quantitative easing
stimulus package “was obviously not covered” by the ECB’s mandate.
Von der
Leyen said that “the Union’s monetary policy is a matter of exclusive
competence; that EU law has primacy over national law and that rulings of the
European Court of Justice are binding on all national courts.”
“The final word on EU law is always spoken in
Luxembourg. Nowhere else,” she added.
Commission
Vice President Věra Jourová also said Sunday in an interview published in the
Frankfurter Allgemeine Sonntagszeitung that Brussels is deciding on
"possible steps" it can take to respond to the German ruling.
She added
that "our lawyers are also looking at it very closely at the moment before
we decide on possible steps to take. But it should be clear to everyone: there
is the primacy of EU law legally in our union. Judgements of the ECJ are
binding on all national courts."
Jourová
also criticized Hungarian Prime Minister Viktor Orbán's emergency measures to
counter the coronavirus crisis, saying the leader is readying himself for
"unlimited power." In March, Hungary's parliament voted to allow
Orbán to rule by decree indefinitely.
Responding
to Jourová's comments on Hungary, government spokesperson Zoltan Kovacs said
they were "unbecoming of a commissioner," and said she should settle
any complaint via infringement proceedings.
This
article has been updated with a statement from Ursula von der Leyen.
Authors:
Saim Saeed
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