Área desflorestada na Amazónia brasileira cresce 171% em
abril
Jornal Económico
com Lusa 19 Maio 2020, 08:49
O Pará foi o
estado mais afetado em abril, concentrando 32% de toda a área desflorestada,
sendo seguido pelo Mato Grosso (26%), Rondônia (19%), Amazonas (18%), Roraima
(4%) e Acre (1%).
A área
desflorestada na Amazónia brasileira em abril foi de 529 quilómetros quadrados,
representando um aumento de 171% em relação ao mesmo período do ano passado,
segundo dados do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
A informação foi
recolhida pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, instituto que
não tem ligação ao Governo brasileiro, que acrescentou que, entre o período de
janeiro a abril de 2020, a desflorestação acumulada foi de 1.073 quilómetros
quadrados, num aumento de 133% face ao mesmo período de 2019, quando a
desflorestação totalizou 460 quilómetros quadrados.
Os números
apresentados pelo Imazon contrastam com os dados divulgados no início do mês
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE, ligado ao Governo
Federal), que relatou um aumento de 63,75% em abril, face ao mesmo mês do ano
passado.
Segundo o INPE,
foram emitidos sinais de alerta de desflorestação em 405,6 quilómetros
quadrados nos estados da chamada Amazónia Legal, que inclui o Acre, Amapá,
Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão,
um número bastante inferior em relação aos 529 quilómetros quadrados relatados
pelo Imazon.
Tendo em conta os
números do Imazon, a desflorestação na Amazónia em abril foi mesmo a maior em
dez anos, segundo o portal de notícias G1.
O Pará foi o
estado mais afetado em abril, concentrando 32% de toda a área desflorestada,
sendo seguido pelo Mato Grosso (26%), Rondônia (19%), Amazonas (18%), Roraima
(4%) e Acre (1%).
“Em abril de
2020, a maioria (60%) da desflorestação ocorreu em áreas privadas ou sob
diversos estágios de posse. O restante da desflorestação foi registado em
unidades de conservação (22%), assentamentos (15%) e terras indígenas (3%)”,
acrescentou o Imazon em comunicado.
Para recolher
esses dados, o Imazon usou o SAD, que recolhe imagens de diferentes satélites,
observando as mesmas áreas geográficas em intervalos de cinco a oito dias.
Já o INPE, ligado
ao Governo, usou o sistema Deter-B, que também usa “imagens obtidas em tempo
real” por satélites. A cobertura de nuvens, intensa na região da Amazónia, pode
impedir que uma área de desflorestação seja identificada no mês em que ela
ocorre, e só apareça quando a visibilidade melhorar.
Além da
desflorestação, a Amazónia brasileira foi fortemente ameaçada no ano passado
pelos incêndios que fustigaram a região entre junho e agosto e obrigou o
Governo a enviar as Forças Armadas para ajudar a controlar os fogos.
As imagens dos
incêndios a destruir enormes extensões de vegetação circularam em todo o mundo
e causaram uma onda de indignação entre a comunidade internacional e
organizações não-governamentais, que acusaram o Presidente do Brasil, Jair
Bolsonaro, de ter uma retórica anti-ambiental.
A Amazónia, a
maior floresta tropical do mundo que possui a maior biodiversidade registada
numa área do planeta, tem cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados e
inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia,
Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).
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