Cai primeira proposta do executivo de Moedas para a
habitação na cidade de Lisboa
Foi largamente rejeitada uma das propostas que integrava
o programa eleitoral de Moedas para Lisboa. PS acusou executivo de
"alimentar agenda da extrema-direita" e Livre de "regresso ao
feudalismo".
Rita Penela
Texto
26 nov 2021,
18:22 14
▲Proposta previa
limitar concurso de renda acessível a lisboetas
que vivem na cidade ou dela saíram há menos de 10 anos.
TIAGO
PETINGA/LUSA
Com acusações de
“falta de articulação”, “surpresa” e “regresso ao feudalismo” e, mais longe, de
conseguir ver na proposta apresentada por Filipa Roseta “uma lógica de
extrema-direita à moda de Trump” caiu na primeira reunião pública de câmara a
primeira proposta para resolver os problemas da habitação em Lisboa, com os
votos contra do PS, Livre, BE, PCP e Paula Marques.
A proposta
apresentada pela vereadora que tutela o pelouro propunha que o programa de
renda acessível da autarquia fosse afunilado de modo a ser acessível apenas a
quem vive ou viveu nos últimos 10 anos em Lisboa. De fora ficariam as milhares
de pessoas que já saíram da cidade há mais de 10 anos ou quem, vivendo fora da
cidade, tem residência por exemplo na Área Metropolitana de Lisboa.
Com críticas, a
anterior responsável pelo pelouro da habitação no executivo de Medina Paula
Marques — agora independente — apontou que “o caminho não pode ser pela
restrição”. “Esta proposta é já uma assunção de derrota. Vêm dizer-nos que
aquilo que tanto pugnaram no mandato anterior na ação política do vosso
executivo é a assunção da derrota que não vão corresponder àquilo que tanto
identificaram”, apontou.
Mais duro foi o
ex-vice-presidente da autarquia João Paulo Saraiva que acusou o executivo de
Moedas de estar abrir uma caixa de pandora. “O PSD é um partido que combateu em
vários momentos pela democracia deu alguns bons exemplos e, neste momento, por
um certo pânico da extrema direta, encosta-se à lógica de primeiro os lisboetas
que faz lembrar Trump com o slogan ‘Primeiro América’“, atirou João Paulo
Saraiva frisando que a proposta foi apresentada pelo executivo sem “discussão
com nenhum dos vereadores do Partido Socialista”.
“[Pode estar a]
Alimentar a agenda da extrema-direita neste país que a todos nos envergonha.
Tem uma oportunidade de voltar atrás, contem connosco para vos ajudar nesse
caminho porque me parece que estão numa certa deriva“, disse João Paulo Saraiva
levando Carlos Moedas a reagir de imediato: “Percebo que a reunião é pública e
que a agenda é política, mas estar a usar uma pequena mudança de critério com
uma lógica de extrema-direita, do Chega, de Trump ou Bolsonaro, acho
extraordinário”.
Ainda à esquerda,
a vereadora do BE Beatriz Gomes Dias revelou “total discordância com a
proposta” e questionou a validade daquela que foi a primeira proposta
apresentada pelo executivo na área da habitação.
“Estas propostas
não aumentam a equidade, antes pelo contrário. Ampliam o fosso das
desigualdades, é antiprogressista e nem sequer garante manter a cidade com as
características que ela tem”, apontou Gomes Dias.
Pelo PCP, Ana
Jara lamentou que a proposta tenha introduzido “restrições” e não “soluções”
para o problema da carência habitacional na cidade. “Há pessoas que nascem,
estudam e trabalham em Lisboa e nunca moraram em Lisboa. Estas pessoas não são
lisboetas? Não têm o direito de morar cá? Lisboa é uma cidade de pessoas de
fora. O problema da habitação tem que ter uma visão estratégica e não uma visão
redutora. É necessário aumentar a oferta e não restringir administrativamente a
procura“, apontou a vereadora.
Já Rui Tavares,
pelo Livre, acusou o executivo de ter uma política para a habitação que é um
“regresso ao feudalismo”. “Esta proposta, não sei se vai atrás dos novos tempos
para a cidade de Lisboa, mas arrisca-se a ir atrás dos velhos tempos do
feudalismo. É possível fazer muito mais”, considerou o vereador afirmando que
“esperava mais da primeira proposta” da nova liderança na autarquia no domínio
da habitação.
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