MAJESTIC GUARANY
PORTO
“Chegou a um ponto que era só gerar prejuízo”. Café
Majestic encerrou portas
O histórico café Majestic, na baixa do Porto, fechou
portas na segunda-feira sem previsão de reabertura. Gerente do grupo Barrias
diz que facturação diminuiu 85 a 90%. Fecharam também o Guarany, mais cafés e
hotéis e têm 150 trabalhadores em lay-off. “Por mais que tivéssemos vontade de
manter as portas abertas não temos turistas, nem residentes”.
Joana Gorjão
Henriques 1 de Dezembro de 2020, 19:44
Partilhar notícia
Mais prejuízo do
que rentabilidade. Dias inteiros com apenas 15 a 20 clientes a entrar. Com
menos 85 a 90% de facturação no último mês, o Majestic, histórico café na baixa
do Porto, fechou na segunda-feira por causa da crise gerada pela pandemia, sem
previsão de reabertura, revelou o Jornal de Notícias.
O grupo Barrias,
proprietário, já tinha fechado a 15 de Novembro outro café emblemático da
cidade, o Guarany.
“Chegou a um
ponto que era só gerar prejuízo e despesas”, afirma o gerente Fernando Barrias
ao PÚBLICO. “Por mais que tivéssemos vontade de manter as portas abertas não
temos turistas, nem residentes. A opção de o Governo mandar as pessoas para
teletrabalho fez-nos tomar esta decisão.”
Há um ano, o
Majestic estava “completamente cheio”, “com filas à porta”. O grupo contava com
os dois fim-de-semana de ponte para repor alguma dinâmica, mas “com estas
restrições” chegaram “à conclusão que não valia a pena” manterem-se abertos.
“Foi muito difícil tomar esta decisão”, admite.
Proprietários do
Majestic desde 1983 e do Guarany desde 1982, o grupo Barrias garante que no
passado só fecharam para restauro.
“Na nossa
documentação constatámos que em plena II Guerra Mundial, pagando taxa de guerra
às finanças, [o Majestic e o Guarany] estiveram sempre de portas abertas”,
afirma o gerente Fernando Barrias ao PÚBLICO. Oficialmente inaugurado a 1 de
Dezembro de 1922, segundo dados mais recentes recolhidos pelo gerente, o
Majestic esteve fechado entre Outubro de 1992 e Julho de 1994 para ser
restaurado; e o Guarany, que abriu em 1933, fechou apenas entre Outubro de 2001
e Dezembro de 2003 pelo mesmo motivo. “Nunca tivemos necessidade de fechar”.
Houve mais uma outra ocasião em que fecharam para limpezas o Majestic durante
15 dias, em Fevereiro de 2015.
Além dos dois
históricos cafés encerraram ainda outros dois cafés do grupo, o Marbella e a
Confeitaria Eça, e dois hotéis, o Internacional e Vera Cruz. No total, 150 trabalhadores
do grupo Barrias estão em lay-off: 24 trabalhadores do Majestic, 15
trabalhadores do Guarany e os restantes nas confeitarias e hotéis. Apenas
mantêm abertos dois hotéis, Pão de Açúcar e Aliados, que neste momento estão
com cerca de 10% de taxa de ocupação, referiu Fernando Barrias.
Não tem previsões
sobre reabertura: “Vai depender muito das circunstâncias. Não sabemos quando é
que a curva vai baixar e o Governo declarar o fim do estado de emergência.
Estou crente que, da mesma forma que o vírus apareceu, também vai desaparecer.”
Dependentes do turismo internacional, “enquanto não vir os voos levantar não
abrimos tão cedo”, refere. Mas mantém-se optimista: “Temos que acreditar e ter
força, vamos ultrapassar esta situação e dar tempo ao tempo. Isto vai
passar.”
tp.ocilbup@hgj
Sem comentários:
Enviar um comentário