LIVROS
Livraria Barata acorda parceria com a Fnac
Por iniciativa da Câmara de Lisboa, a histórica livraria
da Avenida de Roma, que corria o risco de fechar, irá sobreviver com o apoio da
cadeia de lojas francesa.
Luís Miguel
Queirós
17 de Dezembro de
2020, 14:14
Criada em 1957
por António Barata, que seria várias vezes detido por vender livros proibidos
pelo regime, a Livraria Barata começa agora uma nova vida aliada à Fnac, numa
parceria promovida pela Câmara Municipal de Lisboa (CML) no âmbito do programa
Lojas com História.
“Numa altura em
que as livrarias tradicionais enfrentam um grave período de crise, a Fnac,
desafiada pela Câmara Municipal de Lisboa, juntou-se a uma iniciativa
tripartida com o objectivo de preservar o património cultural e de cidadania da
Livraria Barata”, diz um comunicado enviado ao PÚBLICO.
Há já algum tempo
que a livraria da Avenida de Roma vinha procedendo a obras de remodelação no
seu piso térreo, com nova estantaria e a criação de um espaço onde a Fnac
venderá, segundo o mesmo comunicado, “vinis, produtos de papelaria, jogos e
brinquedos, instrumentos musicais, merchandising, e equipamentos de som e de
telecomunicações”. Caberá ainda à Fnac “a gestão do catálogo” e a
“disponibilização do stock de livros”.
Um modelo de
negócio que “posiciona a Fnac no mercado tradicional, sem concorrência directa
nas novas categorias a explorar, e numa localização na qual a marca ainda não
está presente, área essa com uma população residente cada vez mais jovem”, diz
o documento enviado à imprensa, acrescentando que, para a Livraria Barata, se
trata de “uma sinergia importante no quadro de um plano mais amplo de
reposicionamento da marca e do espaço da livraria, numa aposta de futuro que
pretende reestruturar o negócio, aproximando-o de novos públicos e oferecendo
novos produtos e actividades”.
O comunicado
assegura ainda que esta “oportunidade de renovar a sua atitude” não implicará,
para a histórica livraria lisboeta, “perder ou condicionar os seus valores
humanistas e de cidadania, de defesa da cultura, da arte, do livro e da
educação.
No início do
próximo ano, o piso inferior da livraria, onde António Barata guardava os
livros proibidos, deverá sofrer obras de remodelação para se transformar num
local para exposições e outras iniciativas.
A Câmara de
Lisboa começou a acompanhar mais de perto a situação da livraria no final de
Abril deste ano, quando surgiram as primeiras notícias de que o encerramento
imposto pela pandemia deixara a Barata em risco de ter de fechar
definitivamente as portas. E esta parceria com a Fnac é apenas “o primeiro
pilar” de um plano de apoio à livraria que está ainda a ser desenvolvido e que
irá ser apresentado em 2021, esclarece a nota enviada à imprensa.
A livraria
manterá a sua designação comercial, e o apoio da cadeira francesa à loja
portuguesa será apenas publicitado num acrescento ao logótipo tradicional da
Barata, no qual se lerá “powered by Fnac”.
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