quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Cristina Albuquerque, a mulher que terá autorizado a caçada na Torre Bela




Cristina Albuquerque, a mulher que terá autorizado a caçada na Torre Bela

23.12.2020 19:54 por Marco Alves

https://www.sabado.pt/vida/detalhe/cristina-albuquerque-a-mulher-que-tera-autorizado-a-cacada-na-torre-bela?previewMode=1&fbclid=IwAR1vCAKfsgCL8QfiTKcRfgPzon5MEImWxUulpInO32e_QhyoZXPQzI-5DkA

 

Registos prediais consultados pela SÁBADO dizem que cedeu 775 hectares para central fotovoltaica "livres de quaisquer pessoas, bens, ónus ou encargos e sem quaisquer condições ou restrições".

 

Prazo: 29 anos, 11 meses e 9 dias. No dia 24 de março de 2020, a Sociedade Agrícola da Quinta do Convento da Visitação SAG, Lda cedeu os direitos de superfície de duas parcelas da Quinta da Torre Bela (freguesia de Manique do Intendente, Azambuja) a duas empresas internacionais para "construir e explorar uma central solar fotovoltaica".

 

Associações Associações "repudiam abate massivo" de animais na Torre Bela e pedem investigação às autoridadesA CSRTB, Unipessoal ficou com uma área de 160 hectares "livre de quaisquer pessoas, bens, ónus ou encargos e sem quaisquer condições ou restrições que possam limitar ou impedir a construção, instalação e exploração da infraestrutura [central solar fotovoltaica]". A Aura Power Rio Maior, SA ficou com 615 hectares.

 

A morte de 540 animais por um grupo de 16 caçadores em dois dias deste mês terá sido essa "limpeza" do terreno para a construção do projeto, segundo acusam associações ambientalistas e políticas. As duas empresas promotoras da central solar já emitiram entretanto um comunicado onde dizem que "não estão de nenhuma forma relacionadas com o ocorrido, nem com a atual gestão, propriedade ou exploração da Herdade da Torre Bela".

 

A Sociedade Agrícola da Quinta do Convento da Visitação SAG foi criada em setembro de 1997. Tem hoje um capital social de €5.000, sendo que Ana Cristina Nunes de Albuquerque (que usa como nome profissional Cristina Albuquerque) tem 80%. A empresa faturou em 2019 cerca de €875 mil, com resultados líquidos de apenas €397. O outro sócio é o sogro, Josué de Assunção Carvalho.

 

Não há aparentemente qualquer ligação da Sociedade Agrícola da Quinta do Convento da Visitação SAG, Lda com acionistas angolanos, nomeadamente Isabel dos Santos (como é falado na zona). A empresa comprou a Torre Bela (ou grande parte dela) ainda no século passado, em maio de 1998, segundo os registos prediais. Os vendedores pertenciam à família do duque de Lafões (incluindo o próprio): Lopo de Bragança, Diogo de Bragança e Miguel de Bragança.

 

No âmbito desta empresa, nora e sogro gerem ainda a Quinta do Convento, em Vila Verde dos Francos (a 30 km da Quinta da Torre Bela) que acolhe festas e casamentos e tem produção de vinho. O site diz que "a gestão da Quinta é da responsabilidade de Cristina [Albuquerque] que se orgulha de ter progressivamente e completamente reestruturado as vinhas, adquirindo algumas, renovando equipamentos técnicos e edifícios de exploração vínica."

 

É nesse site da Quinta do Convento que se pode ver uma cerimónia em 2011, onde Cristina Albuquerque recebeu uma medalha de ouro do município de Alenquer "referente ao vinho Merlot-Touriga Nacional de 2005, um vinho que apesar da sua idade continua a dar cartas a nível internacional".

 

A Sociedade Agrícola da Quinta do Convento da Visitação SAG tem ainda como atividades abertas "viticultura, olivicultura, silvicultura, turismo no espaço rural, cultura de citrinos e caça e repovoamento cinegético."

 

Cristina Albuquerque está ligada a mais oito empresas, ligadas ao imobiliário, turismo e explorações agrícolas. Partilha o capital social quase sempre com familiares, sendo a sede num escritório do edifício das Amoreiras, em Lisboa. A principal empresa da família Nunes de Albuquerque aparenta ser a Trustworthy, que faz a gestão de participações sociais em 10 empresas. Tem um capital social de €5 milhões, divididos em cinco partes iguais por membros dos Nunes de Albuquerque.

 

A SÁBADO contactou a sede da Sociedade Agrícola da Quinta do Convento da Visitação SAG por via telefónica, bem como o escritório das Amoreiras, não obtendo resposta.


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