Nem os contorcionismos manipuladores e maquiavélicos de Costa e Marcelo , nem a "Névoa" de Nóvoa.
OVOODOCORVO
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Uma vergonha
Uma vergonha
VASCO PULIDO VALENTE
11/12/2015 - PÚBLICO
Se
o dr. Nóvoa tiver mais do que um voto (o dele) os portugueses que se
envergonhem e que não se queixem.
Dizem que, no fim da
vida, Lenine lamentava a falta de “cultura” dos russos. E, se foi
esse o caso, tinha razão: o comunismo não foi mais do que uma
máscara do império dos czares. É evidente que a Frente Nacional de
Le Pen tem uma longa história, que vai da Restauração ao “caso”
Dreyfus e do “caso” Dreyfus a Vichy e ao general de Gaulle. As
raízes da maioria de Costa também já estavam no arcaísmo do
Partido Comunista, no espectáculo político e na insubstancialidade
do Bloco e na amálgama da Maçonaria e da classe média
bem-pensante, donde nasceu o PS. Não admira que dessa confusão
sentimental, treinada na intriga e sem ideias, tivesse saído um
candidato à Presidência da República, chamado António Sampaio da
Nóvoa. Ontem esse misterioso indivíduo apareceu na televisão.
Num português
impreciso e vago, tentou apresentar a sua indistinta pessoa aos
portugueses. Infelizmente para ele, continuou a ser um cabide velho
em que a esquerda pendurou alguns lugares-comuns, que começam por
não fazer sentido e acabam por não convencer ninguém. O dr. Nóvoa
apresenta como a sua maior credencial o facto de Ramalho Eanes, Mário
Soares e Jorge Sampaio lhe darem a sua bênção e o seu apoio. Mas
nenhum dos três se explicou ainda a esse respeito e o país continua
sem saber o que eles, com a sua suposta clarividência, viram naquela
tristíssima personagem. Além disto, que não é nada, o dr. Nóvoa
tentou tomar um arzinho de Estado, coisa que lhe saiu postiça e
aprendida de cor: ele nunca tomou uma única decisão de Estado, nem
nunca decidiu sobre nada de verdadeiramente importante.
A título de
recomendação pessoal, o dr. Nóvoa garantiu que a sua
“imparcialidade” resistiria a tudo, que amava a liberdade
extremadamente e que não se candidatava “em nome de tricas
políticas”. Há milhões de portugueses que podiam com a mesma
cara garantir o mesmo. Só que o dr. Nóvoa quer “abrir agora um
novo ciclo”, embora não explicasse exactamente do que se tratava,
e acha que Marcelo representa a “austeridade” e o “antigamente”.
Melhor: se o elegerem Presidente, ele abrirá uma “discussão
pública” sobre “três pontos de interesse nacional”: a
“qualidade da democracia”, a importância do conhecimento e da
cultura e, calculem, sobre a “Europa”. A Pátria agradece, porque
sem ele não lhe ocorreria falar sobre assuntos tão originais. Com
estas e com outras, o dr. Nóvoa tem 13,2 por cento nas sondagens.
Mas se tiver mais do que um voto (o dele) os portugueses que se
envergonhem e que não se queixem.
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