Concurso
de ideias para o jardim da Praça do Império foi aprovado debaixo de
críticas
PSD
e CDS defendem a manutenção dos brasões das ex-colónias e o PCP
mostra-se preocupado com o futuro da mosaicocultura
Inês Boaventura /
10-12-2015 / PÚBLICO
Com um ano de atraso
face ao que tinha sido anunciado, a Câmara de Lisboa aprovou o
lançamento de um concurso de ideias para a “renovação” do
jardim da Praça do Império, em Belém. Os vereadores da oposição
não poupam críticas à iniciativa, que consideram que “não faz
sentido”, que constitui “uma perda de tempo” e que pode levar
ao “desaparecimento da mosaicocultura”.
A polémica em torno
do jardim da Praça do Império estalou no Verão de 2014, quando se
soube que o vereador da Estrutura Verde pretendia acabar com as oito
composições florais que reproduziam os brasões das ex-colónias,
por considerar que estavam “ultrapassadas”. “Há muito que não
existem, nem sequer como arranjos florais”, alegou na altura José
Sá Fernandes, segundo quem “há cerca de 20 anos que estes
elementos não eram intervencionados”. A sua proposta era que os
restantes 24 brasões, das cidades de Portugal Continental, da Cruz
de Cristo e da Cruz de Avis, fossem recuperados.
Face às muitas
vozes de descontentamento que se fizeram ouvir, o vereador acabou por
anunciar que ia ser lançado, “até ao final do ano” de 2014, “um
concurso de ideias para a renovação deste espaço verde”. A
concretização dessa iniciativa foi sendo sucessivamente adiada até
que ontem foi finalmente submetida à apreciação da câmara uma
proposta nesse sentido, assinada por Sá Fernandes e por Catarina Vaz
Pinto, vereadora com o pelouro da Cultura.
A proposta, que fixa
em 60 dias o prazo para a apresentação de propostas e que indica
Simonetta Luz Afonso como presidente do júri, foi aprovada apenas
com os votos favoráveis da maioria. Os eleitos do PSD e do PCP
votaram contra e o do CDS absteve-se.
“Este concurso é
uma perda de tempo e um desperdício de recursos”, afirma o
vereador António Prôa. Para este autarca social-democrata, “a
câmara devia respeitar a imagem e a identidade do espaço e
simplesmente recuperar aquilo que
O júri do concurso
para a “renovação” do jardim em Belém vai ser presidido por
Simonetta Luz Afonso lá estava”, em vez de fazer “o disparate”
de introduzir modificações no jardim da Praça do Império.
“Não faz sentido
absolutamente nenhum o concurso”, diz, por sua vez, João Gonçalves
Pereira, do CDS. “Se a câmara tivesse reabilitado o que lá
estava, tínhamos ganho um ano”, diz o vereador, que vê este caso
como ilustrativo da necessidade de o município apostar na formação
de jardineiros, e já agora de calceteiros.
Já Carlos Moura, do
PCP, não assume uma posição taxativa quanto à manutenção dos
brasões das excolónias, embora vá dizendo que “a História é
algo que existe e que não podemos mudar”. A maior preocupação do
vereador é que este caso contribua para “o desaparecimento da
mosaicocultura”, a arte de modelação de espécies vegetais em
canteiro.
Na reunião de
ontem, que decorreu à porta fechada, foram aprovadas duas propostas
referentes ao Parque Florestal de Monsanto. Uma tem a ver com o
lançamento de um concurso para a exploração de um restaurante no
monte das Perdizes, onde, no passado, funcionou um campo de tiro a
chumbo, e outra com a instalação de um hostel na Quinta da
Pimenteira.
Se a aprovação da
primeira foi pacífica, o mesmo não se pode dizer da segunda,
relativamente à qual foram muitas as dúvidas levantadas. António
Prôa entende que “não ficou absolutamente claro” que o espaço
não se irá tornar num “condomínio turístico privado”,
enquanto Carlos Moura está preocupado com o futuro do viveiro
municipal que ainda hoje funciona na Quinta da Pimenteira. Por fim,
João Gonçalves Pereira considera que faltam respostas para a
questão do estacionamento, atendendo a que vai nascer no local um
hostel com 88 camas e um restaurante com uma área de 1000 m2, entre
outras valências.
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