Marine
Le Pen vai festejar vitória em restaurante português
O
partido da extrema-direita francesa Frente Nacional vai festejar os
resultados da segunda volta das eleições regionais em França no
restaurante português Chez Tonton.
10-11-2015 / JN
online
"No domingo vêm
cá festejar a vitória. Todos os quadros do partido, as grandes
personalidades, como Gilbert Collard, Florian Philippot, Marine [Le
Pen], Marion [Maréchal-Le Pen]", avançou Manuel Domingos, o
proprietário do estabelecimento que, na quarta-feira, recebeu um
telefonema a fazer a reserva.
Na primeira volta, a
06 de dezembro, o FN conquistou a liderança em seis das 13 regiões
francesas. Na região de Nord-Pas de Calais-Picardie, o partido de
Marine Le Pen ultrapassou conservadores e socialistas com 40,6% dos
votos.
As mesas já estão
preparadas para o jantar de domingo, com 15 lugares distribuídos, e
a pequena sala está decorada com fotografias emolduradas e
autografadas pelos líderes do FN em que Manuel Domingos aparece ao
lado de Marine Le Pen e do pai, Jean-Marine Le Pen, fundador do
partido: "Pour mon tonton préféré" ("Para o meu tio
preferido") é o autógrafo deixado por Marine Le Pen.
"[Marine] é
grande, mulher prezada, inteligente e compreensiva, muito simples,
muito abordável", descreve o emigrante português, adiantando
que "é muito amiga dos portugueses".
Há também as
fotografias do álbum de família guardado atrás do balcão em que
Manuel aparece ao lado de Jean-Marie Le Pen disfarçado de pirata,
durante a festa de aniversários dos 83 anos, na sua casa.
O português de
Arcos de Valdevez convive com a liderança do FN há oito anos, desde
que a direção do partido começou a almoçar e a jantar naquela que
já foi chamada a "cantina do FN" pelo jornal Le Monde e a
"cantina de Marine Le Pen" pelo Le Figaro.
A "cantina"
está repleta de símbolos do FN: um cartaz com o rosto de Marine a
apelar à adesão ao partido e vários bonés da campanha "France
Bleu Marine" decoram o restaurante juntamente com um quadro da
Seleção Nacional e três emblemas do Benfica.
O português de 53
anos votou no FN nas eleições regionais porque "é um partido
com grande qualidade para defender o país" e defende que que
"se a Marine chegar ao poder há mais segurança em tudo".
Como Manuel
Domingos, há muitos portugueses a votar no partido ultranacionalista
mas são poucos os que dão a cara no restaurante "Chez Tonton".
Após alguma hesitação, Roberto Sousa afirma que não tem medo de
dizer que vota FN e aceita falar com a Lusa sobre as razões que o
movem.
"Votei pelo FN
porque promessas há muitas e nada feito. Há muito terrorismo, muita
falta de educação. Há muita falta de respeito. Os árabes estão
aqui a vender droga. Para poder passar tenho de pedir licença. Ainda
por cima somos insultados. É isso que me revolta", comenta o
emigrante de Famalicão.
Roberto Sousa
defende que para "aqueles que fazem asneiras" como "roubar,
matar, violar e os vendedores de droga" a solução seria
"tirar-lhes a nacionalidade francesa e mandá-los para o país
deles".
Roberto é militante
da Frente Nacional e orgulha-se de dizer que conhece a "Marine
Le Pen, a Marion, o Jean-Marie Le Pen, o Saint-Just, a família toda"
que caracteriza como "pessoas muito simpáticas e com muito
respeito".
Artur Teixeira só
tem nacionalidade portuguesa e não pode votar nas eleições
regionais, mas "se pudesse votava FN por causa da delinquência
e da insegurança que há", apesar de em Portugal ter sido
membro do Partido Socialista.
"Acho que uma
pessoa tem de se adaptar ao ambiente em que vive e não é por em
Portugal ter sido membro do Partido Socialista que o vou ser toda a
vida. Só os burros é que não mudam de opinião. No meio que
vivemos atualmente e na situação em que estamos - sobretudo ao
nível regional - acho que há que dar oportunidades a outros para
ver se fazem melhor", justificou o português de 45 anos.
Em França há 22
anos, Artur Teixeira já viu a família Le Pen várias vezes no "Chez
Tonton", sobretudo Jean-Marie Le Pen, mas não se identifica com
"as ideias mais extremistas do velho", defendendo que o FN
"não é um partido tão diabólico e extremista".
"Eles têm as
ideias deles de fechar as fronteiras, de conter essa imigração que
está a vir por aí agora. Tanto desemprego e cada vez mais pessoal a
chegar. Estas pessoas que andam por aqui e que dormem nas ruas
ninguém se preocupa e esses que vêm dão-lhes casa, dinheiro e
salário", comentou.
"Eu também sou
emigrante. A maior parte dos meus amigos é muçulmana, mas há uma
islamização e uma radicalização da população. É de pior em
pior. Os atentados são feitos por pessoal que está aqui, é pessoal
que veio com os outros refugiados, infiltrado. Para a minha segurança
e a dos meus filhos, uma pessoa tem que fazer algo e não continuar
de braços cruzados", concluiu, defendendo que é altura de o FN
chegar ao poder.
Marine Le Pen disse
na quinta-feira numa entrevista à cadeia BFM TV que "aconteça
o que acontecer (nas eleições regionais)" será candidata nas
presidenciais.
Para a líder fo FN
a decisão na segunda volta está na mão dos abstencionistas.
Le Pen criticou a
decisão do Partido Socialista (PS) francês de se retirar da corrida
eleitoral nas regiões onde o total de votos da esquerda não permita
a vitória da FN e a forma como "o sistema se defende da FN
quando quer manter as suas posições".
Marine
Le Pen: "Portugueses são os mais duros contra os não
respeitadores"
DANIEL RIBEIRO,
CORRESPONDENTE EM PARIS
EXPRESSO online
Marine
Le Pen, candidata da extrema-direita em 3.º lugar nas sondagens para
a primeira volta das presidenciais francesas, diz ao Expresso:
"Portugueses de França são meus amigos".
Marine Le Pen segue
as pisadas do pai, Jean-Marie, que disse um dia ao Expresso: "Os
portugueses não têm problemas nem connosco nem com os franceses
porque são nossos primos". O pai raramente recusava entrevistas
aos jornalistas portugueses. A filha, que lhe sucedeu na liderança
da Frente Nacional, também as aceita de boa vontade.
"A comunidade
portuguesa de França está bem assimilada na nossa sociedade,
respeita as leis e o nosso modo de vida, os portugueses amam a
França, são trabalhadores, não criam qualquer problema e são meus
amigos", diz a candidata às presidenciais.
Frequentadora
habitual de Chez Tonton, um pequeno restaurante português de
Nanterre (arredores de Paris), chega a espantar o repórter: "Se
for eleita, no dia 6 de maio vou comemorar a vitória nesse pequeno
restaurante operário, que fica perto da nossa sede, onde temos já
os nossos hábitos".
CRENTE NA IDA À
SEGUNDA VOLTA
Marine Le Pen gosta
dos portugueses e exclama com ênfase: "Os portugueses de França
são os mais duros para com os imigrantes que vêm para cá e não
respeitam ninguém!"
Para a primeira
volta, no próximo domingo, Marine Le Pen é cotada com entre 15 e
17% dos votos, mas garante que "haverá surpresas",
pensando ultrapassar, na votação, o candidato da direita, Nicolas
Sarkozy. Martine acredita que vai disputar a segunda volta contra o
socialista François Hollande.
Durante a campanha
eleitoral, a líder da extrema-direita centrou os seus discursos no
combate à "islamização da França" e no fecho das
fronteiras à emigração.
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