Cais do Sodré |
Campo das Cebolas |
Cais
do Sodré e Campo das Cebolas ligam Lisboa ao Tejo em 2017
09 DE DEZEMBRO DE
2015
Inês Banha
Fernando Medina diz
que, em ano e meio, a cidade vai ganhar uma nova frente ribeirinha.
Serão gastos 18 milhões de euros e está previsto o regresso do
elétrico 24
Um jardim no Cais do
Sodré que permitirá avistar o Tejo logo ao descer o Chiado, uma
praça com parque de estacionamento semissubterrâneo e ligação ao
rio no Campo das Cebolas, uma área pedonal no Corpo Santo. No prazo
de "um ano e meio", Lisboa vai ganhar "uma nova frente
ribeirinha", que dará continuidade, a nascente e a poente, às
obras no Terreiro do Paço e na Ribeira das Naus. O investimento
total, adiantou ontem o presidente da câmara municipal, Fernando
Medina, é de cerca de 18 milhões de euros e os projetos começaram
já a sair do papel. Em comum, os desenhos têm o facto de
privilegiarem os peões e os transportes públicos em detrimento do
carro.
"Sessenta por
cento desta área é destinada à circulação [automóvel] e ao
estacionamento", sublinhou ontem de manhã o arquiteto
responsável pelos projetos de requalificação do Cais do Sodré e
do Corpo Santo, acrescentando que a intenção é que essa proporção
seja invertida a favor dos transportes públicos e do peão. Para
isso, explicou Bruno Soares, será desde logo prolongando o corredor
de transportes públicos da Avenida 24 de Julho, que se estenderá
até ao Corpo Santo. Aqui, o atual parque de estacionamento informal
dará lugar a uma praça que permitirá o acesso à Rua do Arsenal.
Cais Sodré
Paralelamente,
deixará de ser possível circular no Jardim Roque Gameiro, junto à
estação ferroviária do Cais do Sodré. Este local - cuja placa
central será alargada e arborizada - poderá ser utilizado para
acesso a áreas de estacionamento das entidades e empresas ali
instaladas. A alternativa para quem quiser subir a Rua do Alecrim
passará a ser, então, virar diretamente para a Praça Duque de
Terceira, cujo centro assumirá um formato triangular. A sua calçada
à portuguesa será reabilitada, estando ainda previsto que parte do
seu mobiliário será reutilizado, nomeadamente candeeiros.
Intervenção muito
complexa
A intervenção -
que Bruno Soares ressalvou ser "muito complexa em termos
técnicos" apesar de ser "aparentemente simples" -
tornará ainda possível o regresso do elétrico 24 dali até às
Amoreiras, um desejo antigo quer da autarquia quer de diversos
movimentos cívicos lisboetas que, ao longo dos anos, tem tido a
oposição da Carris, detida pela Transportes de Lisboa. "É uma
velha ambição da cidade e esta obra está feita a pensar nisso
mesmo, para que possamos ter a médio prazo esse elétrico de novo a
funcionar", frisou Fernando Medina, no final de um percurso
entre o Campo das Cebolas e o Cais do Sodré acompanhado pela
comunicação social. O custo da obra, que se iniciou no final de
novembro, é de 6,2 milhões de euros e a previsão é que esteja
concluída em janeiro de 2017.
Campo das Cebolas
"É o dia em
que a obra arranca"
Quando estiver
pronta, será possível passear à beira-rio entre a estação
ferroviária do Cais do Sodré e a estação fluvial Sul-Sueste. Dois
meses depois, a cumprir-se o prazo avançado ontem pelo município, o
percurso estender-se-á até ao Campo das Cebolas. "Este não é
um dia de apresentação do projeto. É o dia em que a obra vai
arrancar", ressalvou o autarca socialista. Para trás ficaram já
as duas primeiras fases da intervenção, orçada em 12 milhões de
euros, destinadas a demolir alguns armazéns e a "identificar,
avaliar e decidir relativamente aos achados arqueológicos" que
ali pudessem existir.
Entre os vestígios
que serão preservados está, adiantou o arquiteto responsável pelo
projeto, Carrilho da Graça, um muro do antigo Cais da Ribeira Velha.
O achado será integrado no parque de estacionamento semissubterrâneo
com cerca de 200 lugares que ali irá nascer e que permitirá
compensar a perda de lugares à superfície. O equipamento ficará
sob uma nova praça arborizada, "despretensiosa e acolhedora"
que incluirá, graças a um protocolo entre o município e a Marinha,
a devolução a lisboetas e visitantes de parte do espaço da Doca da
Marinha.
Trânsito vai estar
condicionado
"É um projeto
de excelência", avaliou Fernando Medina, antes de sublinhar que
a intervenção se insere no reperfilamento da Avenida Infante D.
Henrique e que decorrerá ao mesmo tempo da construção do novo
terminal de cruzeiros de Santa Apolónia, projetado também por
Carrilho da Graça. Esta obra, que estará concluída em 2017,
representa um investimento de 23 milhões de euros e está a cargo da
LCT - Lisbon Cruise Terminals.
Serão, assim, três
as obras a decorrer durante o próximo ano entre Santa Apolónia e o
Cais do Sodré. A autarquia irá, por isso, ter em curso um "plano
excecional de desvio de tráfego", que deverá ter início, a
poente, na Avenida de Ceuta e, a nascente, em Xabregas. A iniciativa
será acompanhada de um "plano de comunicação intensivo e
claro". Medina ressalvou, contudo, que "em nenhum momento o
trânsito ficará vedado". Tudo para continuar a devolver o Tejo
à cidade e aos lisboetas.
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