“Isto
não está decidido”, diz Sampaio da Nóvoa
PAULO PENA
09/12/2015 - PÚBLICO
Em
entrevista à SIC, o candidato presidencial disse ser o mais bem
colocado para assegurar a “convergência” frente a Marcelo Rebelo
de Sousa.
António Sampaio da
Nóvoa apresentou-se nesta entrevista televisiva pouco preocupado com
as duas contrariedades que, a pouco mais de um mês das eleições,
mais parecem contribuir para o clima de desinteresse que tem rodeado
estas presidenciais. Por um lado, a existência de várias
candidaturas à esquerda. Por outro lado, a confortável margem que
Marcelo Rebelo de Sousa leva de avanço nas sondagens.
Para ambas as
circunstâncias, Nóvoa trazia uma resposta. “Isto não está
decidido”, afirmou. Nem a dispersão de votos à esquerda o
preocupa. A convergência far-se-á, acredita. “Vai haver um
momento, o mais tardar na segunda volta”, afirmou, em que isso se
tornará inevitável.
“A minha passagem
à segunda-volta depende dos portugueses”, enfatizou o antigo
reitor, que se escusou a confrontar as restantes candidaturas na sua
área. Garantiu, até, que não fez nenhum contacto com Marisa Matias
ou Edgar Silva para assegurar uma sua eventual desistência. “Não
houve nenhum contacto. Era o que mais faltava. Todas as candidaturas
são legítimas.”
Já quanto a Marcelo
Rebelo de Sousa, Nóvoa mostrou as diferenças que o separam. O seu
antigo colega na Universidade de Lisboa representa, na sua opinião,
“uma visão das políticas do antigamente”, “da austeridade”.
Nóvoa coloca-se no
campo da “mudança”. “Abrimos agora um novo ciclo político,
que vejo com muita esperança”, referiu, sobre o novo ciclo aberto
com a posse do actual Governo. Mas guardou a sua distância. Será o
candidato do actual primeiro-ministro, perguntaram-lhe. “Nunca
serei”, respondeu.
Quanto ao apoio
oficial do PS, Nóvoa garante que tal nunca foi tema de conversa com
Costa. “Nem eu lhe pedi, nem ele me prometeu.”
Se for eleito
Presidente, Nóvoa garante que há três áreas em que pode intervir,
colocando temas na discussão pública. O primeiro é o da “qualidade
da democracia”. Por isso, o candidato insistiu que vem “de fora
dos partidos” – “não venho em nome de tricas políticas”.
Os outros dois são
temas caros à esquerda: a importância do conhecimento e o papel de
Portugal na Europa. “Há um conjunto de regras no plano europeu que
têm de ser revistas”, garantiu, repetindo a sua convicção sobre
os benefícios de uma reestruturação das dívidas para o
relançamento económico na União Europeia. Para Nóvoa, a
estratégia do “bom aluno” não pode ser a de uma diplomacia
silenciosa. “O bom aluno é o que faz ouvir a sua voz.”
Recordando que foi
determinante para a sua candidatura “o apoio de Ramalho Eanes,
Mário Soares e Jorge Sampaio”, Nóvoa remete para os
ex-Presidentes uma resposta sobre a sua alegada “inexperiência
política”. “Se estamos a falar de um tipo de experiência
política de que os portugueses estão cansados, não tenho...”
“Gosto desta
Constituição e candidato-me em nome desta Constituição.”
Defensor da “estabilidade”, garante não renunciar a “nenhuma
das competências que o Presidente tem”, se for eleito.
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