Jerónimo
de Sousa prevê aumento da abstenção devido à emigração de meio
milhão de portugueses
LUSA 07/09/2015 -
PÚBLICO
Líder
do PCP na Festa das Vindimas, em Palmela.
O secretário-geral
do PCP apelou nesta segunda-feira ao voto dos portugueses que
emigraram nos últimos quatro anos, para penalizarem aqueles que os
obrigaram sair do país, mas manifestou preocupação com a
possibilidade de um aumento da abstenção.
"Nestes quatro
anos, emigraram cerca de meio milhão de portugueses, que,
naturalmente, à procura de resolver os problemas da sua vida, acabam
por não votar; abstêm-se. Perderam vínculo, perderam afectividade,
perderam referências do seu país, que os maltratou e que os obrigou
a emigrar. Este elemento é preocupante porque vai haver mais
abstenção, designadamente, daqueles que emigraram, forçosamente,
para o estrangeiro", disse Jerónimo de Sousa.
"O que podemos
dizer a esses emigrantes é que votem, que participem e condenem
aqueles que os obrigaram a uma emigração forçada",
acrescentou o líder comunista, durante uma vista à Festa das
Vindimas, em Palmela.
Questionado pelos
jornalistas, Jerónimo de Sousa reafirmou a ideia de que um eventual
entendimento entre socialistas e comunistas, depois das eleições
legislativas de 4 de Outubro, depende de uma mudança de políticas
por parte do PS.
"O PS não
responde a uma pergunta fundamental que nós colocamos: governar para
quê e governar para quem? Que política é que deve ser realizada,
que rupturas é que devem ser feitas, que respostas aos problemas da
renegociação da dívida", questionou, adiantando que o PS quer
apenas ser protagonista das políticas dos últimos anos.
"O PS não está
disposto a assumir nenhuma ruptura, mas a dar continuidade a esse
caminho que comprometeu o País, que o leva a estar hoje mais
dependente do estrangeiro, mais endividado mais injusto. E, nesse
sentido, a pergunta deve ser devolvida ao Partido Socialista: quer
continuar a fazer o mesmo, ou está disponível para uma ruptura com
esta política e afirmar em Portugal uma política patriótica e de
esquerda", questionou.
Assegurando que o
PCP está disponível para participar no debate das grandes questões
nacionais, Jerónimo de Sousa escusou-se, no entanto, a responder a
perguntas sobre o impacte que a alteração da medida de coacção do
ex-primeiro José Sócrates, de prisão preventiva para obrigação
de permanência na residência, poderá vir a ter na campanha
eleitoral.
"Eu já assumi
um compromisso perante os portugueses: nós vamos dedicar-nos
totalmente à batalha o esclarecimento, da mobilização, de discutir
as grandes questões nacionais e não misturar aqui processos
judiciais. Não falaremos sobre isso", disse.
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