MINISTÉRIO DA
SAÚDE
Marta Temido apresentou demissão e Costa já aceitou
Comunicado do Ministério da Saúde foi divulgado esta
madrugada. António Costa aceitou o pedido de renúncia da ministra da Saúde.
David Santiago
30 de Agosto de
2022, 1:27 actualizada às 2:45
https://www.publico.pt/2022/08/30/politica/noticia/marta-temido-apresentou-demissao-2018741
Pedido de Marta Temido foi prontamente aceite por António
Costa
A ministra da
Saúde, Marta Temido, apresentou esta terça-feira a demissão ao
primeiro-ministro, “por entender que deixou de ter condições para se manter no
cargo”. António Costa já aceitou o pedido de Temido, confirmou ao PÚBLICO fonte
oficial do gabinete do primeiro-ministro.
O comunicado do
Ministério da Saúde, enviado às redacções ao início da madrugada desta
terça-feira, não acrescenta mais informações.
Já o comunicado
entretanto enviado pelo gabinete de António Costa à 01h29 confirma que o
primeiro-ministro aceitou o pedido de Marta Temido, acrescenta que o líder do
Governo “respeita a sua decisão” e adianta que a saída da ministra já foi
comunicada ao Presidente da República.
“O
primeiro-ministro agradece todo o trabalho desenvolvido pela Dra. Marta Temido,
muito em especial no período excepcional do combate à pandemia da covid-19”,
pode ainda ler-se na nota enviada às redacções. Que conclui referindo que “o
Governo prosseguirá as reformas em curso tendo em vista fortalecer o SNS
(Serviço Nacional de Saúde) e a melhoria dos cuidados de saúde prestados aos
portugueses”.
Com a saída de
Marta Temido e até que seja nomeado o sucessor da até aqui ministra, o
Ministério da Saúde passa a contar apenas com o secretário de Estado Adjunto e
da Saúde, António Lacerda Sales, e com a secretária de Estado da Saúde, Maria
de Fátima Fonseca.
Temido assumiu
funções como ministra da Saúde em Outubro de 2018, sucedendo a Adalberto Campos
Fernandes, isto depois de em Dezembro de 2017 ter abandonado a liderança do
Conselho Directivo da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS),
culminando uma presidência de dois anos marcada por uma relação tensa
precisamente com Campos Fernandes.
Após ter assumido
a chefia do Ministério da Saúde ainda no primeiro Governo de António Costa, foi
já no segundo executivo que Marta Temido enfrentou a maior prova de fogo: a
pandemia da covid-19, acabando por ser reconduzida em finais de Março deste ano
aquando da formação do XXIII Governo Constitucional e numa altura em que se
mantinha como a governante mais popular do executivo, avaliação conquistada
durante o combate à crise pandémica.
Aliás, foi já com
o predicado de ministra mais popular do então XXII Governo que Marta Temido
brilhou no congresso do PS, realizado em Agosto do ano passado, ocasião que
António Costa aproveitou para mediatizar a entrega do cartão de militante à
governante, até então independente.
Esse momento
colocou Marta Temido entre os potenciais sucessores de António Costa na
liderança socialista, ideia que a própria alimentou ao afirmar sobre tal
possibilidade que “nunca se sabe”. “O futuro é uma coisa que é sempre ampla e
nunca se sabe o que nos pode trazer”, disse à chegada ao 23.º congresso do PS,
que decorreu em Portimão.
Início do fim
Foi já neste
Governo que começaram a fazer-se sentir os primeiros sinais que levariam ao
desfecho agora conhecido. Em especial com a chegada do Verão e dos problemas
relacionados com os encerramentos de urgências hospitalares em diversos pontos
do país, em particular nos serviços de ginecologia-obstetrícia .
À pressão feita
pelos partidos da oposição somaram-se, por exemplo, o pedido de demissão da
ministra feito pelo deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, ou as críticas
feitas por Pedro Siza Vieira, ministro no anterior Governo de Costa, à
incapacidade de planeamento do SNS.
Já com a
popularidade da ministra em queda, o comentador Marques Mendes afirmava na SIC
que começara uma campanha tendo em vista a saída da governante. E antecipava:
“Ou [Costa] remodela ou [Temido] é remodelada.”
A 19 de Julho, a
sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade
Católica para a RTP, Antena 1 e PÚBLICO indicava que a maioria dos inquiridos
apontava Marta Temido e Pedro Nuno Santos, ministro das Infra-estruturas e da
Habitação, como os governantes mais “remodeláveis”. No mesmo mês, sondagens
realizadas pela Intercampus e pela Aximage confirmavam a tendência de descida
da popularidade da ministra.
O polémico
Estatuto do SNS, que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa,
promulgou salientando dúvidas quanto à criação da figura de director executivo
do SNS, foi outro momento negativo para Temido. Esta segunda-feira aconteceu o
mais recente caso a envolver o SNS, com a morte de uma grávida após ser
transferida do Hospital de Santa Maria para o Hospital São Francisco Xavier,
ambos em Lisboa, por falta de vagas no serviço de neonatologia. com Miguel
Dantas
tp.ocilbup@ogaitnas.divad
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