segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Israelita acusado de abuso de menores quer usar nacionalidade portuguesa para evitar extradição / Well-known Israeli modeling agent arrested in Amsterdam

 



COMENTÁRIO LEITOR PÚBLICO (Dezenas de comentários neste teor foram feitos) : M martins

“E lá aparece a Comunidade Israelita do Porto com mais uma certificação de um israelita com um curriculum tão duvidoso, que até enfrenta uma extradição para Israel por acusações de assédio sexual. É a este tipo de gente que queremos oferecer a nacionalidade portuguesa? Parece-me que, qualquer aprovação como descendente de judeus sefarditas portugueses, acreditada pela Comunidade Israelita do Porto deveria ser mais investigada do que a de outras comunidades. Isto já cheira a esturro!”

 

INVESTIGAÇÃO PÚBLICO

Israelita acusado de abuso de menores quer usar nacionalidade portuguesa para evitar extradição

 

“Se eu quisesse fugir, escondia-me em Portugal.” O agente de modelos Shai Avital, acusado de ofensas sexuais em Israel, foi detido nos Países Baixos. Tornou-se português ao abrigo da lei dos sefarditas.

 

Paulo Curado

28 de Agosto de 2022, 6:17

 

Acusado de crimes sexuais por 26 mulheres israelitas, entre as quais algumas menores na altura, o agente de modelos Shai Avital, de 44 anos, foi preso no dia 18 de Agosto em Amesterdão, nos Países Baixos. Uma detenção coordenada pelas autoridades neerlandesas e israelitas, após ter sido considerado um “criminoso fugitivo”. A extradição poderá complicar-se pelo facto de Avital ter obtido a nacionalidade portuguesa ao abrigo da lei dos sefarditas.

 

O agente da Elite Model Israel, certificado como descendente de judeus sefarditas pela Comunidade Israelita do Porto, obteve a naturalização a 15 de Fevereiro deste ano, numa altura em que já se encontrava fora de Israel, depois do processo ter sido despachado a 27 de Agosto de 2021 pela secretaria de Estado da Justiça de Portugal, segundo o PÚBLICO apurou. Uma circunstância que as autoridades israelitas antecipam poder dificultar o seu regresso ao país para enfrentar as acusações. Por outro lado, os advogados de Avital estão a explorar a possibilidade de o seu cliente vir a ser julgado na Europa.

 

De acordo com o mandado internacional de prisão emitido há três meses pela Interpol – o mandado de prisão das autoridades israelitas tem mais de um ano –, o conhecido agente da indústria do entretenimento israelita, é acusado de três crimes de abuso sexual e violação em que terá usado a força, ameaças ou aproveitado o estado de inconsciência das queixosas que impedia o seu livre consentimento. Crimes que, a serem provados, implicam uma pena máxima de sete anos de prisão.

 

A investigação, conduzida pelo Distrito Policial de Telavive, iniciou-se em Julho do ano passado, na sequência de queixas apresentadas contra Avital e após reportagens emitidas pelos canais 12 e 13 da televisão israelita, onde foram apresentadas evidências dos crimes imputados ao agente. No programa foram exibidos vários testemunhos de modelos israelitas que acusavam o agente de as ter assediado sexualmente e violado.

 

Foram ainda reveladas mensagens intimidadoras e de cariz sexual supostamente enviadas por Avital a várias mulheres, incluindo menores, assim como ameaças do empresário em recorrer à polícia se viesse a ser acusado de abuso sexual, parecendo gabar-se dos seus contactos próximos com as autoridades.

 

Já 2005, o agente chegara a ser detido juntamente com o responsável do canal de moda FTV, Michel Adam, depois de uma modelo ter apresentado queixa à polícia de Telavive, acusando os dois de terem abusado sexualmente dela durante uma festa num bar da cidade. O caso acabou por ser arquivado, por falta de provas, em Dezembro de 2009.

 

Neste momento, as provas policiais baseiam-se em apenas duas das 26 denúncias apresentadas contra Avital, segundo revelou o jornal Yedioth Ahronot. As acusações são referentes às últimas duas décadas, mas, em muitas das queixas, as autoridades têm encontrado dificuldades em provar os crimes e em outros casos os mesmos já prescreveram.

 

Depois de verificadas as acusações e as provas, o Tribunal de Amesterdão estendeu segunda-feira por mais 14 dias a “custódia total” do empresário, considerando haver risco de fuga, até por possuir um passaporte português. “Não quero correr o risco de ele fugir”, justificou o juiz

 

“Escondia-me em Portugal”

“Se eu quisesse fugir, escondia-me em Portugal porque tenho nacionalidade portuguesa”, referiu Avital, citado pelos seus advogados, garantindo que não tinha qualquer intenção de fugir à justiça. A defesa do empresário reforça que o seu cliente terá deixado Israel legalmente, tendo comprado posteriormente bilhetes de avião para voltar ao seu país – viagem que acabaria por cancelar, alegando não estarem preenchidas as condições para o seu regresso.

 

“Não me lembro de um caso em que pedissem a extradição de um israelita pelos crimes que lhe foram atribuídos”, apontou um dos seus advogados, ao jornal Israel Hayom. Argumentos a que não foi sensível a justiça neerlandesa que, após analisar as provas apresentadas pela investigação israelita, recusou o pedido de libertação do suspeito sob fiança.

 

O Canal 13 israelita já alertara a 19 de Agosto para eventuais dificuldades que se poderão colocar a uma futura extradição de Avital para Israel, já que possui o passaporte português e, como tal, é cidadão da UE. Portugal não tem acordo de extradição com Israel, ao contrário dos Países Baixos.

 

Juristas portugueses consultados pelo PÚBLICO, acreditam que a nacionalidade portuguesa poderá não impedir que Avital venha a ser entregue à justiça israelita. “Não há nenhuma norma a dizer que os nacionais da UE não podem ser extraditados para fora da UE”, sublinhou a advogada Vânia Costa Ramos, especialista em Direito Penal Internacional, Europeu e da UE. “Existe é uma norma que impede a extradição de cidadãos europeus ou de fora da UE para países onde seja conhecida a prática de tortura, por exemplo”, especificou.

 

Ainda que haja países europeus que não extraditam os seus próprios nacionais, como Portugal – exceptuando-se em casos de terrorismo ou criminalidade internacional organizada e desde que a ordem jurídica do país requerente ofereça garantias de um processo justo e equitativo –, este não é o caso dos Países Baixos. “Se os holandeses extraditarem os seus próprios cidadãos, um cidadão com nacionalidade portuguesa não terá um tratamento mais favorável”, defendeu Vânia Costa Ramos, ressalvando desconhecer os contornos do caso em concreto.

 

Uma ideia partilhada por Constança Urbano de Sousa, especialista em Direito Europeu. “Em tese, sendo um cidadão português só estaria protegido [de uma eventual extradição] se estivesse em Portugal”, explicou a ex-ministra da Administração Interna e antiga deputada.

 

Detenção à saída do restaurante

Depois de ter passado pela Turquia, França, Portugal e Bélgica, segundo informações recolhidas pela estação televisiva pública israelita Kan, Avital permaneceu durante algum tempo na Hungria, onde foi notificado em Outubro do ano passado pela justiça israelita para regressar de imediato ao seu país e responder às acusações de que era alvo. Mas, apesar dos seus advogados terem afirmado que voltaria a Israel se fosse convocado, o empresário permaneceu em território europeu.

 

Numa recente viagem a Amesterdão para visitar amigos, acabou por ser detido após ter sido reconhecido por um adido da polícia israelita destacado nos Países Baixos pouco depois de sair de um restaurante. O polícia à paisana seguiu Avital para confirmar a sua identidade, tendo contactado de imediato as autoridades neerlandesas, com quem estava coordenado, que detiveram o suspeito. Avital não escondeu a sua surpresa, de acordo com testemunhas oculares, mas também não resistiu à detenção.

 

Fontes policiais israelitas revelaram ao jornal Haaretz que estavam no rasto do empresário foragido há alguns meses e sabiam do seu paradeiro, mas decidiram esperar que entrasse num país europeu onde a extradição seria mais fácil, como o caso dos Países Baixos, face ao tratado existente entre os dois países.

 

Para cumprir os requisitos do acordo de extradição, a polícia israelita deve detalhar as acusações contra Avital para que as autoridades neerlandesas entreguem o suspeito. Mas como o empresário ainda não foi sequer interrogado no âmbito da investigação, o processo poderá prolongar-se durante meses.

 

Para já, Avital refutou todas as acusações que sobre si recaem e está convencido que irá provar a sua inocência em tribunal. “[Shai Avital] Foi alvo de um julgamento-espectáculo pelos media, que manchou severamente as informações obtidas pela polícia nas investigações sobre o caso”, defenderam os seus advogados num comunicado citado pela agência de notícias israelita.

 


FRIDAY, 19 AUGUST 2022 - 14:09

Well-known Israeli modeling agent arrested in Amsterdam

https://nltimes.nl/2022/08/19/well-known-israeli-modeling-agent-arrested-amsterdam

 

Police in Amsterdam arrested a 44-year-old Israeli man suspected of sexual offenses in his own country. His arrest was made at the request of Israeli authorities.

 

Israeli media said the man in custody is the nationally known modeling scout Shai Avital. He is reportedly wanted in Israel after 26 women made accusations against him. Haaretz reported that three of them filed complaints with police alleging Avital raped them.

 

The Public Prosecution Service in Amsterdam would neither confirm nor deny that Avital is in custody. The man will be brought before the examining magistrate in Amsterdam on Friday. Israel has requested his extradition. According to the Public Prosecution Service, the Israeli authorities suspect the man of two sex crimes, and the request to arrest him was based solely on that.

 

The investigation into Avital began 13 months ago after two television channels investigated him. An arrest warrant was issued against Avital more than a year ago, when he resided in Hungary, Israeli media reported. The Israeli authorities are said to have ordered him to return to his homeland so that he could be questioned about the allegations, but their demands were made in vain.

 

The extradition process in the Netherlands can take several months. Israeli police agreed to detail the allegations before the extradition takes place, Haaretz reported. Avital "refutes all allegations made against him and is convinced he will eventually be exonerated in court. He has been the subject of a show-trial by the media, which has severely tainted information obtained by police in its investigations in the case," his attorneys said in a statement to the Israeli news outlet.

 

The television report investigating Avital said that in 2009 Avital paid the equivalent of about 35 thousand dollars to Israela Avtau, a model he allegedly assaulted sexually while in his office. The incident and payoff went undisclosed. He also reportedly sent messages of a sexual nature to adult women and underage girls. Several women also accused him of exposing himself to them, the Times of Israel said.

 

"Our client, who left Israel legally, hopes that law enforcement authorities will conduct their investigation professionally, without being influenced by the media-led lynching-campaign he has been the target of," his attorneys, Sasi Gaz and Sharon Nahari, told Haaretz.

 

Avital's modeling agency is said to represent a number of top Israeli models.

 

Reporting by ANP and NL Times

Sem comentários: