COMENTÁRIO LEITOR PÚBLICO (Dezenas de comentários neste
teor foram feitos) : M martins
“E lá aparece a Comunidade Israelita do Porto com mais
uma certificação de um israelita com um curriculum tão duvidoso, que até
enfrenta uma extradição para Israel por acusações de assédio sexual. É a este
tipo de gente que queremos oferecer a nacionalidade portuguesa? Parece-me que,
qualquer aprovação como descendente de judeus sefarditas portugueses,
acreditada pela Comunidade Israelita do Porto deveria ser mais investigada do
que a de outras comunidades. Isto já cheira a esturro!”
INVESTIGAÇÃO
PÚBLICO
Israelita acusado de abuso de menores quer usar
nacionalidade portuguesa para evitar extradição
“Se eu quisesse fugir, escondia-me em Portugal.” O agente
de modelos Shai Avital, acusado de ofensas sexuais em Israel, foi detido nos
Países Baixos. Tornou-se português ao abrigo da lei dos sefarditas.
Paulo Curado
28 de Agosto de
2022, 6:17
Acusado de crimes
sexuais por 26 mulheres israelitas, entre as quais algumas menores na altura, o
agente de modelos Shai Avital, de 44 anos, foi preso no dia 18 de Agosto em
Amesterdão, nos Países Baixos. Uma detenção coordenada pelas autoridades
neerlandesas e israelitas, após ter sido considerado um “criminoso fugitivo”. A
extradição poderá complicar-se pelo facto de Avital ter obtido a nacionalidade
portuguesa ao abrigo da lei dos sefarditas.
O agente da Elite
Model Israel, certificado como descendente de judeus sefarditas pela Comunidade
Israelita do Porto, obteve a naturalização a 15 de Fevereiro deste ano, numa
altura em que já se encontrava fora de Israel, depois do processo ter sido
despachado a 27 de Agosto de 2021 pela secretaria de Estado da Justiça de
Portugal, segundo o PÚBLICO apurou. Uma circunstância que as autoridades
israelitas antecipam poder dificultar o seu regresso ao país para enfrentar as
acusações. Por outro lado, os advogados de Avital estão a explorar a
possibilidade de o seu cliente vir a ser julgado na Europa.
De acordo com o
mandado internacional de prisão emitido há três meses pela Interpol – o mandado
de prisão das autoridades israelitas tem mais de um ano –, o conhecido agente
da indústria do entretenimento israelita, é acusado de três crimes de abuso
sexual e violação em que terá usado a força, ameaças ou aproveitado o estado de
inconsciência das queixosas que impedia o seu livre consentimento. Crimes que,
a serem provados, implicam uma pena máxima de sete anos de prisão.
A investigação,
conduzida pelo Distrito Policial de Telavive, iniciou-se em Julho do ano
passado, na sequência de queixas apresentadas contra Avital e após reportagens
emitidas pelos canais 12 e 13 da televisão israelita, onde foram apresentadas
evidências dos crimes imputados ao agente. No programa foram exibidos vários
testemunhos de modelos israelitas que acusavam o agente de as ter assediado
sexualmente e violado.
Foram ainda
reveladas mensagens intimidadoras e de cariz sexual supostamente enviadas por
Avital a várias mulheres, incluindo menores, assim como ameaças do empresário
em recorrer à polícia se viesse a ser acusado de abuso sexual, parecendo
gabar-se dos seus contactos próximos com as autoridades.
Já 2005, o agente
chegara a ser detido juntamente com o responsável do canal de moda FTV, Michel
Adam, depois de uma modelo ter apresentado queixa à polícia de Telavive,
acusando os dois de terem abusado sexualmente dela durante uma festa num bar da
cidade. O caso acabou por ser arquivado, por falta de provas, em Dezembro de
2009.
Neste momento, as
provas policiais baseiam-se em apenas duas das 26 denúncias apresentadas contra
Avital, segundo revelou o jornal Yedioth Ahronot. As acusações são referentes
às últimas duas décadas, mas, em muitas das queixas, as autoridades têm encontrado
dificuldades em provar os crimes e em outros casos os mesmos já prescreveram.
Depois de
verificadas as acusações e as provas, o Tribunal de Amesterdão estendeu
segunda-feira por mais 14 dias a “custódia total” do empresário, considerando
haver risco de fuga, até por possuir um passaporte português. “Não quero correr
o risco de ele fugir”, justificou o juiz
“Escondia-me em
Portugal”
“Se eu quisesse
fugir, escondia-me em Portugal porque tenho nacionalidade portuguesa”, referiu
Avital, citado pelos seus advogados, garantindo que não tinha qualquer intenção
de fugir à justiça. A defesa do empresário reforça que o seu cliente terá
deixado Israel legalmente, tendo comprado posteriormente bilhetes de avião para
voltar ao seu país – viagem que acabaria por cancelar, alegando não estarem
preenchidas as condições para o seu regresso.
“Não me lembro de
um caso em que pedissem a extradição de um israelita pelos crimes que lhe foram
atribuídos”, apontou um dos seus advogados, ao jornal Israel Hayom. Argumentos
a que não foi sensível a justiça neerlandesa que, após analisar as provas
apresentadas pela investigação israelita, recusou o pedido de libertação do
suspeito sob fiança.
O Canal 13
israelita já alertara a 19 de Agosto para eventuais dificuldades que se poderão
colocar a uma futura extradição de Avital para Israel, já que possui o
passaporte português e, como tal, é cidadão da UE. Portugal não tem acordo de
extradição com Israel, ao contrário dos Países Baixos.
Juristas
portugueses consultados pelo PÚBLICO, acreditam que a nacionalidade portuguesa
poderá não impedir que Avital venha a ser entregue à justiça israelita. “Não há
nenhuma norma a dizer que os nacionais da UE não podem ser extraditados para
fora da UE”, sublinhou a advogada Vânia Costa Ramos, especialista em Direito
Penal Internacional, Europeu e da UE. “Existe é uma norma que impede a
extradição de cidadãos europeus ou de fora da UE para países onde seja
conhecida a prática de tortura, por exemplo”, especificou.
Ainda que haja
países europeus que não extraditam os seus próprios nacionais, como Portugal –
exceptuando-se em casos de terrorismo ou criminalidade internacional organizada
e desde que a ordem jurídica do país requerente ofereça garantias de um
processo justo e equitativo –, este não é o caso dos Países Baixos. “Se os
holandeses extraditarem os seus próprios cidadãos, um cidadão com nacionalidade
portuguesa não terá um tratamento mais favorável”, defendeu Vânia Costa Ramos,
ressalvando desconhecer os contornos do caso em concreto.
Uma ideia
partilhada por Constança Urbano de Sousa, especialista em Direito Europeu. “Em
tese, sendo um cidadão português só estaria protegido [de uma eventual
extradição] se estivesse em Portugal”, explicou a ex-ministra da Administração
Interna e antiga deputada.
Detenção à saída
do restaurante
Depois de ter
passado pela Turquia, França, Portugal e Bélgica, segundo informações
recolhidas pela estação televisiva pública israelita Kan, Avital permaneceu
durante algum tempo na Hungria, onde foi notificado em Outubro do ano passado
pela justiça israelita para regressar de imediato ao seu país e responder às
acusações de que era alvo. Mas, apesar dos seus advogados terem afirmado que
voltaria a Israel se fosse convocado, o empresário permaneceu em território europeu.
Numa recente
viagem a Amesterdão para visitar amigos, acabou por ser detido após ter sido
reconhecido por um adido da polícia israelita destacado nos Países Baixos pouco
depois de sair de um restaurante. O polícia à paisana seguiu Avital para confirmar
a sua identidade, tendo contactado de imediato as autoridades neerlandesas, com
quem estava coordenado, que detiveram o suspeito. Avital não escondeu a sua
surpresa, de acordo com testemunhas oculares, mas também não resistiu à
detenção.
Fontes policiais
israelitas revelaram ao jornal Haaretz que estavam no rasto do empresário
foragido há alguns meses e sabiam do seu paradeiro, mas decidiram esperar que
entrasse num país europeu onde a extradição seria mais fácil, como o caso dos
Países Baixos, face ao tratado existente entre os dois países.
Para cumprir os
requisitos do acordo de extradição, a polícia israelita deve detalhar as
acusações contra Avital para que as autoridades neerlandesas entreguem o
suspeito. Mas como o empresário ainda não foi sequer interrogado no âmbito da
investigação, o processo poderá prolongar-se durante meses.
Para já, Avital
refutou todas as acusações que sobre si recaem e está convencido que irá provar
a sua inocência em tribunal. “[Shai Avital] Foi alvo de um julgamento-espectáculo
pelos media, que manchou severamente as informações obtidas pela polícia nas
investigações sobre o caso”, defenderam os seus advogados num comunicado citado
pela agência de notícias israelita.
FRIDAY, 19
AUGUST 2022 - 14:09
Well-known Israeli modeling agent arrested in
Amsterdam
https://nltimes.nl/2022/08/19/well-known-israeli-modeling-agent-arrested-amsterdam
Police in Amsterdam arrested a 44-year-old Israeli man
suspected of sexual offenses in his own country. His arrest was made at the
request of Israeli authorities.
Israeli
media said the man in custody is the nationally known modeling scout Shai
Avital. He is reportedly wanted in Israel after 26 women made accusations
against him. Haaretz reported that three of them filed complaints with police
alleging Avital raped them.
The Public
Prosecution Service in Amsterdam would neither confirm nor deny that Avital is
in custody. The man will be brought before the examining magistrate in
Amsterdam on Friday. Israel has requested his extradition. According to the
Public Prosecution Service, the Israeli authorities suspect the man of two sex
crimes, and the request to arrest him was based solely on that.
The
investigation into Avital began 13 months ago after two television channels
investigated him. An arrest warrant was issued against Avital more than a year
ago, when he resided in Hungary, Israeli media reported. The Israeli
authorities are said to have ordered him to return to his homeland so that he
could be questioned about the allegations, but their demands were made in vain.
The
extradition process in the Netherlands can take several months. Israeli police
agreed to detail the allegations before the extradition takes place, Haaretz
reported. Avital "refutes all allegations made against him and is
convinced he will eventually be exonerated in court. He has been the subject of
a show-trial by the media, which has severely tainted information obtained by
police in its investigations in the case," his attorneys said in a
statement to the Israeli news outlet.
The
television report investigating Avital said that in 2009 Avital paid the
equivalent of about 35 thousand dollars to Israela Avtau, a model he allegedly
assaulted sexually while in his office. The incident and payoff went
undisclosed. He also reportedly sent messages of a sexual nature to adult women
and underage girls. Several women also accused him of exposing himself to them,
the Times of Israel said.
"Our
client, who left Israel legally, hopes that law enforcement authorities will
conduct their investigation professionally, without being influenced by the
media-led lynching-campaign he has been the target of," his attorneys,
Sasi Gaz and Sharon Nahari, told Haaretz.
Avital's
modeling agency is said to represent a number of top Israeli models.
Reporting
by ANP and NL Times
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