“Mas se o partido é rápido a dizer o que não quer – o euro – não é assim tão claro quanto ao que quer. Lucke diz que o regresso ao marco é “uma opção”. Ainda não é claro quais seriam outras.
A CDU reagiu tentando mostrar a dificuldade desta proposta: “Não se pode fazer de novo ovos de uma omelete”, disse Steffan Kampeter, "vice" do ministro das Finanças, ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.”
Novo partido antieuro alemão diz que moeda única divide a Europa
Por Maria João Guimarães in Público
15/04/2013
Responsável do partido Alternativa para a Alemanha defende que é necessário o fim do euro para que o espaço europeu volte a ser unido.
O novo partido na cena política alemã foi lançado oficialmente no domingo. Chama-se Alternativa para a Alemanha e quer contrariar a frase repetida pela chanceler, de que não há alternativa à austeridade.
Com uma lista que, segundo a descrição da revista alemã Der Spiegel, “mais parece uma directoria de uma faculdade” devido ao número de académicos nas suas listas, o novo partido Alternativa para a Alemanha teve no domingo o primeiro congresso. O novo partido quer a “dissolução ordeira” da zona euro.
A reunião para o lançamento oficial desta formação política segue-se a vários encontros por toda a Alemanha. O partido está ainda no processo de obter assinaturas para estar, a tempo das próximas legislativas de Setembro, no boletim de voto em todos os estados-federados. E tudo indica que o irá conseguir.
A face do partido antieuro não é um incendiário político extremista. É sim Bernd Lucke, 50 anos, um professor de Economia de Hamburgo que pertenceu à CDU, partido de Angela Merkel, durante 33 anos, e que no domingo foi eleito como um dos três líderes do Alternativa para a Alemanha.
O partido assenta em duas linhas: a de que os empréstimos aprovados pelo Parlamento alemão aos países em dificuldades são ilegais (visão também de um grupo de economistas que tem desafiado as medidas no Tribunal Constitucional alemão e que apoia o novo partido); e a de que o euro, em vez de unir a Europa, está a dividi-la.
“Queremos pôr fim à flagrante violação dos princípios democráticos, legais e económicos que temos visto nos últimos três anos, porque o Governo da chanceler Merkel diz que não há alternativa”, disse Lucke aos apoiantes. “Aqui está a alternativa.”
“O euro está dividir a Europa”, defende Lucke. “É preciso não haver uma moeda única para assegurar a unidade pacífica da Europa.”
“Se o euro falhar, não é a Europa que falha”, argumenta ainda. “São as políticas de Angela Merkel e Wolfgang Schäuble que falham.”
"Não se pode fazer de novo ovos de uma omelete"
Os alemães começam a estar fartos de ver a chanceler vestida de nazi em protestos em vários países europeus. “Cada suástica na rua de Atenas ajuda este partido”, comentou Wolfgang Nowak, da Universidade de Duisburg, ao diário norte-americano The Nw York Times
Mas se o partido é rápido a dizer o que não quer – o euro – não é assim tão claro quanto ao que quer. Lucke diz que o regresso ao marco é “uma opção”. Ainda não é claro quais seriam outras.
A CDU reagiu tentando mostrar a dificuldade desta proposta: “Não se pode fazer de novo ovos de uma omelete”, disse Steffan Kampeter, "vice" do ministro das Finanças, ao Frankfurter Allgemeine Zeitung.
O que conseguirá o partido nas legislativas de 22 de Setembro está longe de ser claro. A maioria dos analistas não acredita que ultrapasse os 5% necessários para ter representação parlamentar.
Analistas lembram ainda que o sucesso de partidos de protesto é muitas vezes curto, apontando para a recente ascensão e queda do Partido Pirata.
Mas ao entrar no território da CDU e dos liberais (parceiros de coligação no Governo de Merkel), o novo partido poderá tirar-lhes votos, e acabar por beneficiar, assim, os sociais-democratas do SPD, que defendem precisamente mais medidas de solidariedade para com os países em crise.
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