domingo, 7 de abril de 2013

Empresa do Porto está a restaurar 45 obras de arte do Parlamento Europeu


Até Maio, a equipa do 20
21 está a trabalhar no atelier. Depois vai restaurar esculturas no Parlamento Europeu

Empresa do Porto está a restaurar 45 obras de arte do Parlamento Europeu

Por Alice Barcellos in Público
07/04/2013

Trabalho da 20/21 vai repartir-se entre Porto, Bruxelas e Luxemburgo. Entre as peças que a jovem equipa vai intervencionar está uma obra de Julião Sarmento, que não veio para Portugal por ser muito grande Entre quadros, pincéis, tintas e outros utensílios, as profissionais da empresa de conservação e restauro de arte contemporânea 20/21, no Porto, têm por estes dias o atelier cheio: estão a restaurar as obras de arte do Parlamento Europeu.
A encomenda não surgiu por acaso. "Há dois anos, a 20/21 concorreu a um concurso internacional para avaliar o estado de conservação da colecção do Parlamento", explica uma das sócias-gerentes, Marta Palmeira. Depois de ter ganho o concurso, a 20/21 andou um mês entre Estrasburgo, Luxemburgo e Bruxelas a examinar 601 obras de arte. No relatório final, "propusemos uma série de alterações para que as obras pudessem estar o melhor possível no Parlamento", conta Marta Palmeira.
No final de 2012, a empresa participou num novo concurso, desta vez direccionado para o restauro de 45 obras prioritárias. Sem "grandes expectativas", mas sabendo que eram a empresa "que melhor conhece as obras de arte do Parlamento", Marta Palmeira e Joana Correia, a outra sócia-gerente da 20/21, voltaram a concorrer e, mais uma vez, ganharam.
"Da primeira vez foi mais emocionante, porque foi o nosso primeiro grande trabalho internacional e para um cliente bastante importante. Desta vez, estamos a restaurar obras e vai ser na mesma um grande desafio para nós", conta Marta Palmeira.
O desafio passa pelo Porto, Bruxelas e Luxemburgo. A primeira etapa decorre no atelier até Maio, num trabalho minucioso de restauro dos quadros. A segunda etapa vai estar mais centrada em esculturas, algumas de grandes dimensões, que ficaram no Parlamento. "A nossa ida para Bruxelas e Luxemburgo vai durar entre mês e meio e dois meses", calcula Marta Palmeira.
A equipa de especialistas da empresa já está familiarizada com as instalações do Parlamento Europeu, devido ao trabalho realizado há dois anos. "Estivemos um mês entre Estrasburgo, Luxemburgo e Bruxelas [as três sedes da instituição europeia] O trabalho consistia em ver as obras uma a uma, em avaliar o estado de conservação, ver quais eram os danos e também quais eram os factores de risco do local" de exposição, descreve a restauradora. As obras que estão agora a restaurar no Porto apresentam "danos similares", como "sujidade, algumas deformações - resultantes das condições de exposição, que não são óptimas, porque não estão num museu [grande parte das obras encontra-se em gabinetes e espaços comuns] -, alguns rasgões e pequenas lacunas".
"O atelier está cheio neste momento. O que estamos a fazer é desembalar, à medida que restauramos, e depois voltamos a embalar, porque não temos muito espaço", refere Marta Palmeira, sublinhando que o trabalho foi facilitado pelo "levantamento do estado de conservação" das obras feito pela empresa há dois anos. "Estamos a seguir a proposta e a fazer os tratamentos necessários para cada obra", assegura.
Com uma colecção centrada na segunda metade do século XX e nos artistas europeus, o PE remeteu à 20/
21 um conjunto de obras entre as quais Joana Correia destaca as do alemão Jörg Immendorff e do escocês Peter Doig. A única obra de um artista português a intervencionar é de Julião Sarmento e "não veio para Portugal porque tem umas dimensões que não o permitiam", explica Joana Correia, destacando também na colecção do Parlamento uma escultura de José de Guimarães, que não vai ser restaurada.
No fim do Verão, a equipa da 20/21 regressa a Portugal com um trabalho de peso no portefólio. "Esperamos que, se uma instituição como o Parlamento Europeu nos deu trabalho e reconheceu, muitas outras considerem trabalhar connosco", comenta Marta Palmeira.

Empresa criada na incubadora da fundação


A 20/21 surgiu em 2008 na incubadora de empresas do sector criativo da Fundação de Serralves. Mesmo depois de ter saído da INSerralves, no fim de 2012, a empresa manteve "laços" com Serralves, através do trabalho contínuo na montagem das exposições, na conservação da colecção e na preservação das esculturas do parque", refere a sócia-gerente Joana Correia. Esta parceria deu bases à 20/21 para encontrar novos clientes, como a Plataforma das Artes, em Guimarães, a ANA ou o Hotel Yeatman. Museus, fundações, universidades, bancos e coleccionadores compõem a carteira de clientes da empresa, que se assume como a única especializada em conservação e restauro de arte contemporânea no Norte do país.






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