Número de
estrangeiros em Portugal duplicou em 10 anos, revelam dados da Pordata
Este artigo tem mais de 1 ano
O número de
estrangeiros em 2022 em Portugal era de 800 mil, o dobro de há 10 anos, um em
cada três vive em risco de pobreza e já foi atribuída nacionalidade a meio
milhão nos últimos 15 anos.
Agência Lusa
Texto
Cátia Rocha
Texto
18 dez.
2023, 00:09 25
No ano
passado, viviam em Portugal 798.480 cidadãos estrangeiros em situação legal ou
em regularização pelos serviços, representando 7,6% do total da população
▲No
ano passado, viviam em Portugal 798.480 cidadãos estrangeiros em situação legal ou em
regularização pelos serviços, representando 7,6% do total da
população
JOÃO
PORFÍRIO/OBSERVADOR
Num retrato
da “população estrangeira e dos fluxos migratórios em Portugal”, por ocasião do
Dia Internacional das Migrações que se assinala esta segunda-feira, a base de
dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, procurou avaliar o
número e as condições de vida dos imigrantes ou a evolução das concessões de
nacionalidade e de títulos de residência.
O estudo
concluiu que 76% dos estrangeiros são originários de países extracomunitários,
com uma taxa de desemprego mais do dobro da média nacional, ganhando, em 2021,
uma estimativa de “menos 94 euros mensais do que a média nacional”.
Só em 2022,
“entraram em Portugal 118 mil imigrantes, o valor mais alto desde que há
registo”, tendo saído 31 mil para fora, “menos 23 mil (- 43%) do que o
registado no ano marcado pelo maior número de saídas, em 2013”.
No ano
passado, viviam em Portugal 798.480 cidadãos estrangeiros em situação legal ou
em regularização pelos serviços, representando 7,6% do total da população.
“Nos últimos
15 anos, a nacionalidade portuguesa foi atribuída a cerca de meio milhão de
estrangeiros (468.665), residentes e não residentes em Portugal”, refere o
Pordata, salientando que essa concessão foi dada maioritariamente a cidadãos
não residentes no país nos últimos dois anos e, em 2022, um terço das
atribuições de nacionalidade destinaram-se a descendentes de judeus sefarditas
portugueses.
O número de
imigrantes diminuiu entre 2010 e 2015 mas, desde então tem havido um aumento
muito grande e, como exemplo, entre 2018 e 2019, o crescimento foi de mais de
110 mil estrangeiros.
“Em
comparação com a população portuguesa, a população estrangeira em Portugal tem
uma proporção superior de homens e é mais jovem”, com uma idade mediana de 37
anos, menos sete que os valores dos portugueses.
“As
nacionalidades mais representativas em Portugal são a brasileira (29,3%),
britânica (6%), cabo-verdiana (4,9%), italiana (4,4%), indiana (4,3%) e romena
(4,1%)”, pode ler-se no relatório do Pordata.
Este aumento
da população estrangeira reflete-se no sistema de ensino, com o número de
imigrantes inscritos a duplicar em cinco anos, passando para 105.955 no ano
letivo de 2021/22.
No 1.º
ciclo, uma em cada 10 crianças é estrangeira e um terço dos doutorandos é
imigrante.
No plano
laboral, segundo o Eurostat, citado pelo Pordata mais de um terço têm contrato
de trabalho temporário (a média é de 16% entre os trabalhadores portugueses) e
Portugal é o quarto país da União Europeia com maior precariedade laboral entre
os estrangeiros.
No que
respeita à pobreza ou exclusão social, 31% dos estrangeiros residentes em
Portugal estão nesse patamar, 11 pontos acima da média da população portuguesa,
com esse problema a ser particularmente sentido entre quem vem de fora da
Europa (34%).
O jornal
Público nota que, com os imigrantes a
pesarem 7,5% no total da população, em 2022 foram responsáveis por contributos
de 1.861 milhões de euros para a Segurança Social, resultando num saldo
positivo de 1.604,2 milhões no ano passado. Porém, apesar do contributo
expressivo, os imigrantes usufruem menos das prestações sociais, beneficiando
de cerca de 257 mil euros.
“Desde 2019
que o número de imigrantes é três vezes maior do que o de emigrantes,
contribuindo para os saldos migratórios positivos”, mas o número de emigrantes
continua a ser relevante, refere o Pordata, que faz também uma análise do tema.
“Em 2022,
saíram de Portugal 31 mil emigrantes, menos 23 mil do que o registado no ano
marcado pelo maior número de saídas, 2013” e, entre o perfil, destaca-se o
facto de dois terços serem homens, com quase metade (47,6%) com o ensino
superior.
Entre os que
saíram no ano passado, 51% foram para outro Estado-membro e, numa análise aos
anos anteriores, o Pordata concluiu que “em 2016, 2018, 2019 e 2021, saíram
mais emigrantes com ensino superior do que com o ensino básico”.
(Atualizada
às 9h19)
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