Pandemia encerra 75% do alojamento e restauração.
"Maioria equaciona não voltar a abrir"
Estudo da Associação da Hotelaria, Restauração e
Similares de Portugal (AHRESP) revela que metade das empresas inquiridas vai
avançar para lay-off.
Ana Sanlez
anasanlez@negocios.pt
03 de abril de
2020 às 13:58
Foram quase duas
mil as empresas questionadas pela Associação da Hotelaria, Restauração e
Similares de Portugal (AHRESP) nos últimos dois dias. A organização quis saber
qual o impacto da covid-19 no setor, e os resultados "não são
animadores", começou por dizer Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, na
conferência de apresentação do inquérito que decorreu esta sexta-feira.
Entre os
inquiridos, 75% estão neste momento de portas fechadas, enquanto 80% esperam
uma ausência total de faturação em abril e maio. "A maioria das empresas
não sabe o que lhe vai acontecer e já equaciona não voltar a abrir. Vai
depender da evolução da pandemia e de como se vai apoiar a economia",
sublinhou Ana Jacinto. Perto de 70% das empresas que responderam ao inquérito
pertencem ao setor do alojamento. As restantes 30% são da área da restauração.
No total, 50% dos
empresários inquiridos admite que vai avançar para o regime de lay-off. Entre
estes, 75% vão pedir a suspensão dos contratos de todos os trabalhadores. Os
efeitos da pandemia no setor começaram a sentir-se já em março, com 30% das
empresas a não conseguir pagar salários. Em abril, serão 63% as empresas
impedidas de pagar ordenados se não tiverem apoios. Até esta semana, 94% dos
inquiridos ainda não tinham efetuado quaisquer despedimentos.
Mais de metade
das empresas contactadas considera que as linhas de apoio disponibilizadas pelo
Governo para o setor "não são adequadas às suas necessidades". Quase
80% revela não ter recorrido até agora a nenhum apoio, um número que, segundo
Ana Jacinto, deve ser lido com cuidado, porque os apoios só ficaram disponíveis
esta semana.
Ainda assim, a
secretária-geral da AHRESP reforçou as críticas que a associação tem vindo a
fazer às ajudas anunciadas, que considera "inadequadas". A
responsável sublinha que, mesmo recorrendo ao lay-off, as empresas terão
"dificuldades em suportar" o pagamento de 30% do salário dos
trabalhadores.
A AHRESP também
não poupa críticas às linhas de crédito, por serem "de difícil
acesso", já que "a aprovação pode demorar até 40 dias úteis". A
Associação defende que "não há alternativa à injeção de dinheiro a fundo
perdido para apoiar a tesouraria das empresas". As ajudas apresentadas são
"alívios temporários que vão ter custos enormíssimos e vão fazer com que
as empresas morram da cura", considerou Ana Jacinto.
A AHRESP
apresentou em março um plano de 40 propostas de apoio para o setor, e garante
continuar "em permanente articulação e diálogo com o governo para colocar
todas as medidas em prática".
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