sábado, 30 de dezembro de 2023

23 DE DEZEMBRO DE 2015: Lisboa diz adeus a mais um histórico. Palmeira fecha hoje / Restaurante Palmeira fecha portas


Afinal qual é a posição da C.M.L. e das suas “Lojas com História “ nisto tudo ?
Ok . Depois de muita insistência:



O Círculo das Lojas de Carácter e Tradição de Lxª resolveu “confrontar” a C.M.L. “indirectamente” através de uma petição dirigida à Assembleia da República afim de alterar a Lei do Arrendamento …

OVOODOCORVO



Lisboa diz adeus a mais um histórico. Palmeira fecha hoje

Venda do prédio leva ao encerramento da casa aberta há 61 anos. É o adeus aos pastéis de bacalhau sempre prontos na hora

23 DE DEZEMBRO DE 2015
Ana Bela Ferreira / DN online

Ao balcão ou nas mesas do restaurante A Palmeira, por estes dias, os clientes não se limitam a comer ou beber. Tiram fotografias, fazem comentários aos azulejos na parede e à decoração. É assim que os clientes habituais e os curiosos se despedem da casa típica de Lisboa que fecha hoje portas depois de 61 anos a servir pastéis de bacalhau sempre quentes ou um prato do "fiel amigo" diferente todos os dias.

O fim de mais esta tasca típica lisboeta foi decretado com a venda do edifício. "A câmara vendeu o prédio em hasta pública e os novos donos vão fazer obras, o que nos leva a fechar", conta uma das sócias, Maria do Rosário Carapinha. Hoje fecha portas para não voltar a abrir - "não fazia sentido mudarmos para outro espaço e aqui não sabemos quando terminam as obras e qual a ideia do novo dono". "Tínhamos de entregar o espaço na primeira semana de janeiro e, como vamos fechar para o Natal, não fazia sentido voltar a abrir", acrescenta Rosarinho, como é carinhosamente tratada a sócia e filha do fundador do restaurante.

A notícia do fim d" A Palmeira foi sendo dada aos clientes nos últimos dias e depressa se espalhou. Daí que a azáfama tenha sido mais do que muita. "As pessoas querem despedir-se do espaço, tiram fotografias e pedem peças da decoração para levar", conta Nuno Silva, empregado de mesa, na casa há oito anos.

Na segunda-feira, ao final da tarde, o espaço na Rua do Crucifixo estava a abarrotar. Muitos dos frequentadores, além de clientes, são amigos da casa. Dão ânimo aos funcionários e a Maria do Rosário. As lágrimas caem com facilidade no rosto de alguns. "É o fim de mais uma das casas típicas de Lisboa. Estão a acabar com todas", lamentam.


Restaurante Palmeira fecha portas
POR O CORVO • 23 DEZEMBRO, 2015 •

Um percurso iniciado em 1954 termina nesta quarta-feira (23 de Dezembro), antevéspera de Natal de 2015. Mas com a casa cheia. O restaurante Palmeira, a funcionar na Rua do Crucifixo há quase 62 anos, deixa de servir refeições a partir de hoje. Não porque tenha falta de clientes, mas pelo facto de os novos donos deste antigo prédio municipal terem decidido que estava na hora de fazer obras. E de nos planos destes senhorios do velho imóvel, situado junto à saída da estação de metropolitano da Baixa, não haver lugar para aquela que é uma das mais icónicas casas comerciais daquela zona da cidade. Depois do jantar, fecham-se as portas de um restaurante onde trabalham nove pessoas.
“O prédio estava, de facto, a precisar de umas grandes obras desde a altura do incêndio do Chiado (25 de Agosto de 1988)”, reconhece Maria do Rosário Carapinha, 57 anos, num breve intervalo da costumeira azáfama da casa, feito de propósito para conversar com O Corvo. A filha do proprietário está a tomar conta da gestão do Palmeira desde que o seu pai, José de Almeida, faleceu, há nove anos. “Abrir noutro local está fora de questão, não faz sentido”, diz.
A partir do momento em que, em 1954, José de Almeida abriu a agora típica casa de pasto, sem outra pretensão que a de servir boa comida portuguesa a preços aceitáveis, o nome do estabelecimento foi-se afirmando. Sem alarido, imune a modas. E, com isso, foi ganhando clientes. Não só entre os habituais da Baixa, mas também entre os turistas. O passa-palavra fê-lo entrar nos guias especializados.
A ida ao Palmeira fazia parte das rotinas de muita gente, mas a sua aparente perenidade, por si só, revela-se insuficiente para o salvar. “Tenho muita pena, mas não vai ser possível continuar”, diz, tentando esconder a emoção, Maria do Rosário, encostada a uma mesa do pequeno escritório, situado paredes-meias com o balcão metálico – onde, ontem ao princípio da tarde, havia quem tomasse uma imperial enquanto lia o jornal.
A sala do fundo estava cheia com gente que almoçava, e as reservas para o último dia são já muitas. Essa sala, por estranho que pareça, pertence a outro senhorio. Mas o facto de a parte da frente do restaurante estar integrada no prédio que a Câmara Municipal de Lisboa vendeu ao actual senhorio, no princípio deste ano, impede a continuação da actividade. Não há nada a fazer. Mesmo tendo clientes japoneses que, de tão apaixonados pelo sítio, enviam recordações.
Texto: Samuel Alemão

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