Líder do Chega/Porto e um dos generais de Ventura
demite-se
O poderoso líder da distrital do Porto do Chega, José
Lourenço, apresentou a demissão do cargo alegando "motivos
profissionais". Na despedida, avisou que os "abutres" não terão
paz no partido.
Miguel Santos
Carrapatoso
Texto
27 jan 2021,
23:21 19
José Lourenço,
líder da distrital do Chega/Porto e um dos mais influentes da máquina do
partido, apresentou esta quarta-feira a demissão do cargo alegando “motivos de
ordem pessoal”.
Numa mensagem
publicada no Facebook, José Lourenço negou que a demissão esteja relacionada
com o mau resultado de André Ventura no distrito do Porto, garantindo que a
decisão já estava tomada “desde dezembro do ano passado”.
“Desenganem-se os
abutres que pensam que o resultado do Porto foi mau. Não o foi. Um distrito
hostil para André Ventura e para o Chega, onde a dificuldade de penetração é
maior que em qualquer outro ponto do país”, garantiu.
Apesar de alegar
motivos de ordem pessoal, e garantindo que a decisão estava tomada desde
dezembro, numa publicação feita há dois dias José Lourenço dizia que estava “na
altura de virarmos as nossas atenções para as eleições autárquicas”, e
assegurava: “Já temos as equipas prontas a trabalhar e ainda esta semana vamos
dar o pontapé de saída.”
Nesta útlima
publicação, José Lourenço explica os maus resultados no Porto com uma série de
fatores. “Os RSI’s estão em maior número no país no Distrito do Porto, Rui
Pinto tem ligações próximas de Ana Gomes, Pinto da Costa apoiou publicamente
Ana Gomes. Não sendo André Ventura um homem do Porto, tudo fica mais difícil.”
No texto, José
Lourenço lança um aviso para o interior do partido: “Os abutres que se podem
perfilar no horizonte, não são mais que meros instrumentos de uma
extrema-direita, já obsoleta e descontinuada. Inclusive muitos deles já não
fazem parte do partido e outros suspensos e em vias de serem expulsos.”
Ex-simpatizante
do CDS, amigo de Fernando Madureira, líder da claque dos Super Dragões, e
conhecido pelas suas ligações a Caesar De Paço, milionário, ex-consul de
Portugal e depois de Cabo Verde em Palm Cost, nos Estados Unidos, e
protagonista de várias reportagens assinadas pela revista Visão e depois pela
SIC, foi responsável pela maior mobilização de apoiantes do Chega durante a
campanha, num drive-in em Leça da Palmeira.
Subiu no aparelho
do partido a pulso, acusado de ameaçar e coagir os seus adversários internos.
Despede-se do Chega de forma “definitiva”, assegura fonte do partido.
Na última
publicação que tem no Facebook, ao lado da mulher num avião, José Lourenço diz
que o “trabalho falou mais alto” e revela que o destino é o Brasil, onde tem
negócios.
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